Valentes: histórias de pessoas refugiadas no Brasil que você precisa conhecer

Thaislane Xavier
Lado M
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3 min readOct 19, 2020

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re·fu·gi·a·do [adj sm] [etim part de refugiar, como fr réfugié] | pessoa que se encontra fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa. ¹

Aryane Cararo e Duda Porto de Souza se juntaram mais uma vez. E, depois de Extraordinárias, sabemos que o resultado só pode ser mais um livrão. Daqueles que vão te deixar com lágrimas nos olhos e vontade de abraçar cada uma das personalidades ali presentes.

Em Valentes: Histórias de Pessoas Refugiadas no Brasil, as escritoras brasileiras contam relatos daqueles que são obrigados, pelos mais diversos motivos, a sair de seus países e recomeçar a vida. Autoras essas que, apesar de terem um status diferente, o de imigrante, sabem bem a importância de se acolher estrangeiros.

E nesse recomeço elas passam por muitos percalços.

Falta de emprego e condições análogas a escravidão.

Não reconhecimento de diplomas.

Barreiras culturais e linguísticas.

Os brasileiros não ajudam e essas pessoas passam ainda por muita hostilidade. Esse solo, que é conhecido pela sua hospitalidade, não recebe tão bem assim quem precisa. São inúmeros preconceitos: pelo status refugiado, tom de pele e pela condição socioeconômica.

E são essas diversas situações enfrentadas por pessoas do mundo inteiro quando chegam ao Brasil que Aryane e Duda representam no livro Valentes. Mas elas não param por aí: contam a história de vida dessas pessoas, amores, sonhos e vivências, antes de se tornarem uma estatística, sem perder a sensibilidade e a delicadeza ao lidar com o humano.

Para conseguir essa obra sensível e diversa foram dois anos e meio de pesquisa e depoimentos de 20 pessoas. Indivíduos de todos os continentes e diversos países: Angola, Palestina, Vietnã, Ex-Iugoslávia, Marrocos, Angola, Haiti, Colômbia e Venezuela.

Prudence Kalambay, Drágica Stefanovic e Abdulbaset Jarour são três dos refugiados presentes no livro. Ilustração: Rafaela Villela

Valentes: Histórias de Pessoas Refugiadas no Brasil

Começamos Valentes entendo mais sobre de onde surgiu a ideia para a obra e quais são as formas de acolher (migrante; apátrida; refugiado; residência provisória).

Nos capítulos seguintes, vemos pontuados quais foram os marcos mundiais ligados a políticas de refúgio e todo o histórico nacional de acolhida. São adicionados aos retratos humans dados e fatos históricos que nos contextualizam das crises humanitárias, naturais e sócio políticas que os fizeram procurar abrigo. Logo, não é necessário conhecimento prévio de todo o cenário de guerras e disputas mundiais: um leigo no assunto consegue entender o livro e se emocionar com ele.

Também são abordados o papel de entidades como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Lei de Refúgio brasileira, criada em 1997.

Além disso, vemos mitos e estereótipos relacionados aos refugiados que precisam ser combatidos, como eles serem criminosos ou “roubarem” empregos brasileiros. Para finalizar, temos gráficos que mostram quantos refugiados o Brasil reconhece, de onde eles vêm e onde estão vivendo

Gráficos e ilustrações são marcantes na obra publicada pela Seguinte. Isso juntamente com os textos visuais e dinâmicos, aproximam ainda mais o leitor das histórias e atinge com facilidade o público-alvo do selo da Companhia das Letras: adolescentes e jovens.

Com diversidade, beleza, delicadeza, respeito e informações completas e profundas é impossível não se envolver com as histórias retratadas em valentes.

“Olhar para o outro é a única forma de sobrevivermos.” — Apresentação de Valentes: Histórias de Pessoas Refugiadas no Brasil

¹ Etimologia do Michaelis Online e definição dada pela ONU na Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados

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Thaislane Xavier
Lado M
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Pseudojornalista pela eca|usp e típica mineira contadora de causo.