Augustiner Bräu: a cervejaria mais antiga e clássica de Munique

Victor Kling
Ladobier
Published in
4 min readJun 14, 2019

Internacionalmente, a Hofbräu talvez seja a cervejaria-símbolo de Munique. É definitivamente um ponto turístico da cidade, sendo quase obrigação para todos os visitantes, passar lá para tomar um chope e comer um joelho de porco. Mas o que muitos não sabem é que a mais antiga e tradicional cervejaria local, a preferida dos muniquenses, se chama Augustiner Bräu. Não é de se estranhar que o grande público não a conheça, afinal eles nunca fizeram propaganda, e tampouco exportam a cerveja. A sua Helles, estilo clássico de Munique, é tida pelos locais como a melhor cerveja da região, fato este corroborado por experts e profissionais da cerveja.

Chopeira na Augustiner Klosterwirt.

A Augustiner é dona de inúmeros bares e restaurantes, espalhados por todos os cantos de Munique. Apesar disso, duas localidades se destacam dentre as demais, e por isso valem uma visita. A Augustiner Keller, criada em 1862 como parte do projeto de expansão da cervejaria, constitui um dos maiores biergartens da cidade. A Augustiner Klosterwirt, aberta em 2013, funciona no local onde ficava o mosteiro original da ordem dos Agostinianos, junto à famosa Frauenkirche, igreja-símbolo da cidade.

História

A cervejaria data de 1328, e foi criada pelos monges agostinianos, que eram extremamente respeitados pela alta sociedade à época. Dessa forma, a Augustiner foi a provedora oficial de cerveja da família real da Bavária durante muito tempo, até o ano de 1589, quando foi fundada a Hofbräu, como a cervejaria da antiga residência real.

Rua da Klosterwirt leva o nome da própria cervejaria.

No século XIX, o mosteiro foi fechado e a cervejaria passou a ser controlada pelo Estado, para mais tarde ser vendida à iniciativa privada. Anton e Therese Wagner, um casal de Freising, foram os primeiros donos. A marca atual da cervejaria, que data de 1887, estampa as iniciais do filho (JW), Joseph Wagner, que assumiu o comando do negócio após a morte dos pais.

A ordem dos monges Agostinianos seguia a linha de pensamento de Santo Agostinho, que em linhas gerais prega o bem estar comunitário, o espírito evangelizador e a constante busca pelo crescimento pessoal. Seguindo esta filosofia até os dias atuais, a marca é controlada por um fundo de caridade, que detém 51% da cervejaria, e pela família Wagner, com os restantes 49% de participação.

A trajetória de sucesso foi interrompida temporariamente durante a Segunda Guerra Mundial, quando a fábrica foi destruída parcialmente pelos bombardeios. Aproveitando a oportunidade que as Olimpíadas de Munique (1972) geraram no pós guerra para a transformação e regeneração da cidade, a cervejaria investiu numa reforma completa, sendo reinaugurada em 1971 e passando a adotar o moderno maquinário de aço inoxidável.

Oktoberfest

A Augustiner estreou no evento em 1926. A cervejaria se orgulha bastante de ser a única, dentre as 6 presentes atualmente na maior celebração boêmia do mundo, a vender a Festbier, estilo de cerveja especial produzido pelas cervejarias para o evento, direto de barris de madeira.

Teorias do sucesso

Apesar de não exportar (mais um motivo para tomar Augustiner quando estiver em Munique!), não fazer propaganda e de não ter seguido a tendência de modernização da marca, como fizeram outras cervejarias da região, a Augustiner segue sendo muito popular no Estado da Bavária, em especial na sua cidade-sede, Munique. O consumo vem crescendo também no norte do país. Já existem bares da marca por lá, e a cerveja vai aos poucos ganhando novos adeptos.

Cerveja sazonal, a Heller Bock, ou a Bock clara, produzida apenas nos meses de maio e junho.

Várias teorias surgiram para tentar explicar o sucesso da cervejaria na Alemanha. Uma delas é que a marca é uma das poucas que não são controladas pelos grandes conglomerados internacionais, como Ab-Inbev e Heineken. Afinal, os alemães podem ser fiéis e tradicionais quando o assunto é cerveja. Outra, é a marca “vintage” e a garrafa de 600ml chamada pela população de a “garrafa do trabalhador”. Claro que não poderia faltar também o fator qualidade nessa equação. A sua Helles é tida como a referência mundial do estilo.

O amor dos locais pela Augustiner se reflete até no sabor inusitado de sorvete de Helles, na Der Verrückte Eismacher.

Cervejas

  • Helles
  • Edelstoff (Export)
  • Dunkles (Munich Dunkel)
  • Pils
  • Weissbier
  • Maximator (Doppelbock). Produzida no período da quaresma.
  • Oktoberfestbier (Märzen). Produzida para a Oktoberfest.
  • Heller Bock. Produzida nos meses de maio e junho.

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