Cervejaria carioca investe em estilos históricos
Revisitar a história pode ser tão inovador quanto arquitetar algo novo. Seguidamente comentamos aqui, que com a constante saturação do mercado, as cervejarias precisam inovar e se diferenciar das demais para atrair a atenção do público bebedor. Já existem algumas marcas inspiradas em elementos nórdicos, mas a carioca Sundog vestiu por completo a camisa, refletindo seu conceito até nos estilos produzidos.
“A vontade de contar histórias e lendas cervejeiras está no sangue da Sundog”.
A Sundog nasce baseada nos lobos gigantes que marcam o início dos tempos e a escatologia da mitologia nórdica. Eles representam a origem do mundo, onde perseguem o sol e a lua, criando o dia e a noite. Inspirada na história, a cervejaria busca explorar estilos alternativos, fugindo das tendências atuais de mercado. Os sócios comentam que “a Sundog não produz estilos “populares”, o nosso foco é o resgate de cervejas históricas com um grau de complexidade e hermenêutica, muitas vezes difícil de ser compreendido”. Dessa forma, o sucesso com o grande público não é uma preocupação central do negócio. Apesar disso, a cervejaria cresceu consideravelmente, com menos de um ano de operação.
“Começamos fabricando 1000 litros em setembro e demorou quase 3 meses para vender tudo. Hoje, sete meses depois, já vendemos esse volume mensalmente”.
A cervejaria se lançou no Mondial de la bière do Rio de Janeiro, em setembro do ano passado, com o rótulo EDDA, do estilo California Common. “Olhar para o mercado e ver basicamente sempre os mesmos estilos de cerveja foi o que gerou a vontade de conhecer e beber outros estilos que não estavam disponíveis”. Eles contam que o primeiro critério para escolher os estilos que serão produzidos é se aquele tipo de cerveja possui uma boa história para contar. “A California Common tem uma história espetacular, de imigração e adaptação a um novo clima, criando da dificuldade algo completamente novo”. Por outro lado temos o segundo rótulo, a Hella, uma Dampfbier. “Essa cerveja nasce de um período de escassez e da solução encontrada por fortes mulheres camponesas que se recusaram a ficar sem produzir sua cerveja apenas porque faltava trigo para fazer as clássicas Weizen típicas das florestas bávaras. Foram revolucionárias porque romperam com a tradição e criaram um estilo novo que transpirava superação”.
Dessa maneira, as receitas são sempre fruto de muita pesquisa. Além disso, asseguram que tem muito cuidado em produzi-los com insumos que traduzam e respeitem a geografia de origem do estilo. Até a água é modificada para ficar o mais parecida possível com a da região original da cerveja. “Não existem parâmetros no mercado, essa transgressão é a marca da Sundog”. “Quando a EDDA (a California Common) foi lançada, não existiam outras, e hoje já é possível encontrar algumas Californias, até mesmo no mercado carioca. Há Dampfbiers maravilhosas sendo produzidas na Alemanha e nos EUA”. O fato da Sundog ter sido pioneira e lançado a primeira Dampfbier da América Latina, afirmam “é um fato histórico importante para uma cervejaria que tem como lema contar boas histórias”.
Recentemente a Sundog aderiu, com muitas expectativas, a um evento na cidade do Rio de Janeiro, chamado feira medieval, apostando que o público interessado em lendas e mitologia se identificariam com a proposta da cervejaria. Na ocasião, apresentaram seu terceiro rótulo, produzido em parceria com o Lamas Rio, uma Sahti. Os próximos passos planejados para um futuro próximo é chegar ao Mondial de la Bière 2018 do Rio de Janeiro com um total de cinco rótulos produzidos, transgredindo ainda mais os limites e o status quo cervejeiro. “Queremos continuar trazendo transgressão e rebeldia ao mercado, contando as lendas das cervejas esquecidas”.