Startup é um termo, que normalmente diz respeito a uma empresa emergente, de pequeno porte, em geral associada ao mercado de tecnologia. Recém-criadas, começam a funcionar ainda em fase de desenvolvimento e de pesquisa de mercados. São tocadas por pessoas com espírito empreendedor, e buscam constantemente um modelo de negócios inovador. Mas afinal, o que seria então uma cervejaria-startup? Existe um movimento de autodenominação, por parte de algumas novas cervejarias, sobretudo ciganas, e a gente buscou entender melhor esse conceito.
“Queremos revolucionar esse mercado com muita tecnologia, Big Data, Machine Learning, aplicativos, formas de comercialização diferenciadas para cada tipo de canal e cliente, e uma interação com o consumidor humanizada”.
Tem cervejaria usando startup até no nome. É o caso da StartUp Brewing Co.. O plano inicial era montar uma fábrica própria, mas desde junho deste ano, resolveram testar o mercado, produzindo de forma cigana. Futuramente, a sede será em São Paulo, mas por enquanto estão instalados na fábrica da SUD, em Bento Gonçalves. “Estamos propondo um recomeço na indústria cervejeira, fazer tudo do zero, de forma diferente, eficiente e sem perder a qualidade”, é o que dizem os sócios, André Franken e André Kunrath. Para eles, a indústria cervejeira ainda funciona de maneira muito arcaica, e acreditam poder mudar isso, lançando mão de muita tecnologia. “As cervejarias que não têm indústria e terceirizam sua produção: imagina se elas tivessem como acompanhar toda a cadeia produtiva através de uma plataforma digital, pelo celular, seria sensacional”. A intenção é conjugar métodos modernos de produção e uma abordagem comercial diferenciada, gerando maior aproximação com o público consumidor. Eles dizem que a relação da grande indústria com o público é fria, e que os consumidores sequer sabem o que estão bebendo. “Queremos desafiar o status quo”.
Neste próximo sábado, 11 de novembro, A StartUp estará se lançando oficialmente no Empório Alto dos Pinheiros (EAP), em São Paulo. Os rótulos serão a Unicorn (Witbier), e a West (Westcoast IPA). Eles prometem brindes e surpresas para quem for ao local.
“Esse ano, passei um período em San Diego, para estudar um pouco e conhecer o mercado cervejeiro, tão falado da Califórnia. A partir daí, em abril, comecei a planejar o modelo de negócios da cervejaria em um modelo de startup”.
Dalmo Marcolino, fundador da BierTeria, diz ter se inspirado na história de Rony Meisler, da Reserva (grife de roupas). Segundo ele, porque o empresário conseguiu inovar, em um mercado onde até então não aparentava ser possível. Ele comenta ainda, que em San Diego, as cervejarias são ciganas por opção, e no Brasil por necessidade, devido ao “Custo Brasil”. Dessa forma, sua cervejaria busca um crescimento exponencial “ciganando” pelo país, produzindo com parceiros, que são uma espécie de sócios locais. A tecnologia entra como o elemento que proporciona a gerência da inteligência do negócio, baseada numa gestão totalmente lean, com foco no resultado, baseada na economia de recursos, buscando uma redução de desperdícios. Ele diz que esses fatores, que são os pilares de sustentação da BierTeria, a aproximam de um modelo de negócios de uma empresa startup.
“Quando voltei do Vale do Silício, aprendi que errar em seu negócio não é ruim, e muito menos ter que ser o pioneiro em alguma coisa. O Google foi a sétima empresa de busca do planeta, o Uber a terceira de transporte alternativo”.
A origem do nome da cervejaria é de fácil dedução: Bier (cerveja) e Teria (onde tem, ou onde se faz cerveja). Dalmo diz que foi concebido para ser simplista e popular mesmo. A primeira linha de rótulos é inspirada nos relacionamentos, pois segundo ele, muitos dos seus amigos estavam tendo problemas em casa, originados pela bagunça que é produzir cerveja caseira. Ele quer que o público saia do mainstream, mas com uma abordagem amigável, “dificilmente você verá na BierTeria algum estilo que esteja muito em evidência, e discursos onde você não se sente à vontade para provar a cerveja”. Não é à toa que o slogan deles é “Mais cerveja, Menos frescura”.
Fica evidente que essas novas cervejarias “startup” desejam fazer uma abordagem mais humanizada e amigável junto ao cliente. As mudanças mais substanciais se dão mesmo no plano da cadeia produtiva e da administração das contas, uma vez que pretendem lançar mão de muita tecnologia para afinar os processos. Futuramente, veremos se este será um modelo de sucesso.
