Empreendendo Brewpubs: Narreal Brewhouse
O modelo de negócios de Brewpub vem ganhando destaque no país ultimamente. Apresentando uma série de benefícios em relação à uma fábrica tradicional, ele vem se tornando bastante atraente para o empreendedor.
Por outro lado, a burocracia segue sendo o verdadeiro calcanhar de aquiles para a maioria dos empreendimentos cervejeiros no Brasil. Por isso, é fundamental que o planejamento do negócio busque o pleno entendimento das leis envolvidas à natureza daquilo que se pretende empreender, para que não apareçam surpresas pelo caminho. Jorge comenta que “devido ao planejamento detalhado e bem fundamentado que tiveram, felizmente não encontraram tais surpresas”.
Poucos talvez tenham tido a paciência de preparar-se a longo prazo como um dos sócios do novíssimo Narreal Brewpub, do Rio de Janeiro. Jorge Heraldo tem formação de Sommelier, em tecnologia cervejeira, além de ser cervejeiro caseiro há muito anos. Ele é membro ativo da Acerva Carioca, instituição da qual faz parte da diretoria atualmente. Jorge se uniu a outros amigos cervejeiros para planejar o bar, e explica um pouco sobre como foi esse processo.
BUROCRACIAS E MAPA
Pouco a pouco, a má fama do processo de registro do estabelecimento no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) vai ficando para trás. Não que ele tenha deixado de ser trabalhoso e demorado, mas porque seu conhecimento agora já está bem disseminado no meio cervejeiro, mais do que há alguns anos atrás, quando o entendimento era restrito a poucos. Muitos empreendedores optam por contratar especialistas, mas também há quem estude a fundo por conta própria todos os procedimentos para garantir que ele ocorra da melhor maneira possível.
Como buscamos a orientação do MAPA desde o início, mostrando as plantas e seguindo todas as normas — foi um processo bem tranquilo e só temos elogios ao MAPA com relação ao registro de Estabelecimentos.
Leia também: Registro no MAPA e burocracia na experiência da Cervejaria Odin
Jorge comenta ainda que em relação ao registro de receitas, devido à baixa quantidade de servidores no Rio de Janeiro, havia uma certa demora no processo, mas que atualmente está sendo feito pela própria fábrica através de um aplicativo, que gera de imediato o registro delas.
BREWPUB X FÁBRICA
A natureza do Brewpub é bastante diferente de uma fábrica, sobretudo no que diz respeito ao tamanho e ao volume de produção. É normalmente um estabelecimento de pequeno porte, quase sempre incluindo um restaurante, que vende cerveja fresca, fabricada no local.
Leia também: A Experiência de um Brewpub pela novata cearense Donkey Head.
Jorge explica como essa diferença impactou positivamente o negócio durante a fase das burocracias:
No processo de aprovação do MAPA, existem alguns itens que não se aplicam ao avaliar um Brewpub. Por exemplo: a quantidade de efluentes é bem menor em um Brewpub do que em uma planta convencional — então as exigências são compatíveis à complexidade e ao impacto de cada um destes.
Por ser menor, é mais enxuto financeiramente. Isso significa que controlar o fluxo de caixa e lidar com fornecedores e clientes, em teoria, tende a ser mais fácil. Além disso, não é necessário lidar com a logística, pois a cerveja é servida no próprio local. Com o volume de produção reduzido, é possível também arriscar mais nas receitas, sem medo de ficar com a cerveja encalhada. Se um lote não agradar muito o paladar dos clientes, o prejuízo não será tão grande.
O primeiro passo para quem deseja abrir um brewpub é a definição de onde se pretende estabelecer o negócio. Para isso é necessário buscar um local que atenda não somente às pretensões mercadológicas, mas também ao disposto no Plano Diretor da cidade. Na grande maioria das cidades a instalação de brewpubs não está regulamentada pela lei orgânica do município, o que restringe a possibilidade de implementação desse tipo de empreendimento fora da zona industrial da cidade. — E-book Como Abrir um Brewpub, Advogado Cervejeiro.
Um fato importante é o de buscar saber em quais zonas da cidade é permitida a instalação de um Brewpub. Antigamente, os municípios eram mais restritivos e conservadores, mas atualmente nos grandes centros já percebe-se uma mudança de comportamento no sentido de estimular a abertura desses empreendimentos em zonas urbanas e em bairros tradicionalmente residenciais.
O NARREAL
Nossos valores principais são: hospitalidade, vanguarda, comunidade e confraternização, e nosso objetivo é fornecer produtos de qualidade, com inovação, preço acessível e com ótimo atendimento.
A origem do nome Narreal, remete à localização do Brewpub: no bairro de Botafogo, que já virou definitivamente um polo cervejeiro da cidade, em um casarão antigo e totalmente restaurado, em plena rua Real Grandeza. Jorge explica a origem do slogan “Não é Experiência. É Cerveja. Na Real”:
“não é necessário um processo sofisticado para saborear a cerveja, os estabelecimentos têm exagerado na pompa na hora de tratar o produto. preferimos um ambiente mais informal”.
Para estimular esse tipo de ambiente moderno e descontraído, o local está baseado no conceito de self-service, onde o cliente pode fazer o próprio serviço do chope em uma das 30 torneiras disponíveis, mediante um cartão inteligente, podendo escolher entre poucos mililitros para provar, ou um copo completo.
O cardápio de comidas e drinks é digital e funciona através de tablets que permitem que o pedido saia diretamente na cozinha, sem interrupções ou mal-entendidos. Além disso há também uma área externa (Biergarten) com dez torneiras e mesas comunitárias. A casa não vai abrir mão de servir drinks, mas faz questão de usar suas próprias cervejas como ingredientes em muitos deles.
A ideia de parceria é uma constante onde além das criações próprias dos sócios e cervejeiros do Narreal, teremos diversas receitas em parceiras com cervejeiros amigos, confrarias, associações e colaborativas com cervejarias.
As cinco primeiras receitas produzidas pelo Narreal foram Witbier, Brut IPA, West Coast IPA, NE Milkshake APA e Belgian Strong Golden Ale. Todas feitas em parceria com amigos cervejeiros: Pedro Ribeiro (confraria do Marquês), Daniel Barros (Sun Hop) e Leonardo Botto (Bottobier). As receitas são voltadas para um público de transição e também para o segmento high-end.
A ideia é a de sempre rotar as torneiras, mantendo as receitas da casa ao lado de cervejarias convidadas. O que pode variar, diz Jorge, é a quantidade — visto que à medida que forem produzindo cerveja própria no Narreal, a quantidade de convidadas deve diminuir. A tendência é que o número de cervejas convidadas ao final ocupe por volta de seis torneiras.
Ficou curioso? Acompanhe o Narreal nas redes sociais clicando aqui. Saúde!
