Estão preparades pra Marcha da Maconha?

O Maio Verde chegou e vai ter muita fumaça no ar pela descriminalização das drogas

Laio Rocha
laiorocha
4 min readMay 2, 2019

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Foto: Mídia NINJA

A maior mobilização do Brasil pelo fim da Guerra às Drogas está chegando! O mês de Maio marca essa intensa jornada, que por todo o país leva centenas de milhares de pessoas às ruas exigindo a descriminalização e regulamentação da cannabis para consumo recreativo, medicinal e religioso, além do cultivo, comercialização e distribuição, seja estatal ou privada. O objetivo é acabar com o tráfico, a marginalização de territórios, o encarceramento em massa e o genocídio da população negra.

Em São Paulo, no dia 1 de Junho a Marcha da Maconha chega ao seu 11º ano consecutivo de luta, marcada pela repressão dos primeiros anos, a conquista do direito à liberdade de expressão diante dos colarinhos brancos do Supremo Tribunal Federal (STF), a ampliação para diversos estados e municípios e o invejável número de 100 mil maconheiros fazendo fumaça na Av. Paulista em 2017 e 2018.

Marcha da Maconha na Praça da Sé, em 2018. Foto: Mídia NINJA

Nada mais parece ser capaz se segurar essa massa de maconheiros que fincou o pé nas ruas e mostrou que, enquanto não legalizar a erva, não vai dar paz aos governantes. Esse ano é especialmente importante porque mais uma vez as trincheiras da treta se transfere do asfalto para os extensos e sonolentos debates do STF, que retoma no dia 5 de Junho o debate sobre a descriminalização do porte de todas as drogas. O processo, que está parado há 4 anos, já tem 3 votos a favor, porém ainda pode sofrer revezes, então é imprescindível nos mantermos firmes para que mais essa batalha seja exitosa.

A descentralização da Marcha paulista para as quebradas se consolidou e neste ano coletivos das zonas sul, leste, norte e sudoeste, além do ABC e litoral já se organizaram e, ou estão em produção ou já tem datas marcadas para suas marchas locais, que infelizmente nos últimos anos acabaram marcadas por repressão e perseguição policial. Nada novo no front: no centro, passa pano, na quebrada, desce o cacete. Seguimos sem abaixar a cabeça.

Marcha da Maconha DF em 2018. Foto: Mídia NINJA

Importante dizer que o caráter coletivo, independente, autônomo, feminista, suprapartidário e anticapitalista da Marcha da Maconha SP permanece vivo, mesmo com tantos anos de correria com dezenas de pessoas somando para fazer o rolê acontecer. No entanto, é especial a contribuição do coletivo DAR (Desentorpecendo a Razão) em sua construção, inclusive ao produzir um material fundamental para entender sua história no livro ‘Dischavando o Poder: Drogas e Autonomia’, em que de maneira brilhante desenvolvem uma autêntica teoria sobre a luta libertária que deu fôlego a este movimento ascendente.

Diante do cenário de crescente autoritarismo do grupo que está no poder, assumir uma posição nessa disputa é um ato político necessário. Aqueles que estão em cima do muro tem sangue nas mãos assim como quem ajuda a perpetuar esse quadro, que determina que um negro tem 2,5 vezes mais chance de ser assassinado que um branco, responde por 62% da população carcerária feminina e 28% da masculina (cerca de 200 mil presos e presas) e impede que pessoas tenham acesso à remédios menos prejudiciais aos seus corpos.

Abaixo o calendário provisório de Marchas da Maconhas em todo o país. Certamente novas datas vão entrar, então fiquem ligados que vamos atualizando. Nesse link tem mais marchas, no entanto preferi colocar somente aquelas com eventos confirmados no Facebook na lista.

Marcha da Maconha DF em 2018. Próximo embate pela descriminalização será no STF. Foto: Mídia NINJA

04/05

- Rio de Janeiro (RJ)

- Porto Alegre (RS)

05/05

- Santo André (SP)

11/05

- Maringá (PR)

- Maceió (AL)

- Zona Sul SP (SP)

18/05

- Recife (PE)

25/05

- Belo Horizonte (MG)

- Florianópolis (SC)

- Niterói (RJ)

- Santos (SP)

26/05

- Fortaleza (CE)

- Joinville (SC)

30/05

- Brasília (DF)

01/06

- Manaus (AM)

- São Paulo (SP)

- Campo Grande (MS)

02/06

- Curitiba (PR)

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