Lança Logos & Tipos — Uma conversa com Dride

Ou como anti-logotipos eram exatamente tudo o que a gente não sabia que precisava, mas a Dride sabia.

Coletivo Lança
Lançatxt
Published in
4 min readMay 15, 2021

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Qual imagem vem à sua mente quando você pensa na Lança? Quais as cores, as formas e os movimentos se projetam na sua frente quando pensa sobre a nossa identidade? Bom, essas perguntas foram o ponto de partida para a criação da identidade visual da Lança que não satisfeita em ter apenas uma, tem várias.

Para esta empreitada, precisaríamos contar uma profissional que fosse a cara da Lança, e foi assim que a Dride, dona e proprietária da Design Per Music surgiu em nossas vidas, salas de reunião e agora em nosso Medium pra contar um pouco mais sobre o processo criativo que envolve a nossa multi-identidade visual. A entrevista você confere a seguir.

Dride

Lança: Conte um pouco da sua trajetória, como se tornou designer, e sobre a criação da Design Per Music.

Dride: Tive uma relação meio conturbada com o design, mas hoje nos entendemos bem. Minha primeira opção de graduação sempre foi música — desde que me conheço por gente! — mas no ensino médio caí no papo de umas professoras que me dissuadiram da ideia, me convencendo daquela velha história de que “música no Brasil não dá dinheiro”, sabe? Eu também gostava (gosto!) muito de escrever, então considerei fazer Jornalismo, mas conheci o Design porque minha irmã mais velha se formou na área e achei uma opção razoável de profissão, aí entrei nessa. Foram anos experimentando diversas frentes de trabalho (e odiando algumas, rs), da publicidade ao branding — tudo isso estando afastada da música.

Quando resolvi me reaproximar dela, caiu a ficha: conectar o meu trabalho de design à música, que óbvio! E aí nasceu a Design per Music, esse laboratório-estúdio em que consigo colocar o design à serviço da música, principalmente do rock, seja artista, uma banda ou um negócio relacionado à música.

Lança: Como você conheceu a Lança?

Dride: Eu acho que na verdade foi a Lança que me conheceu? Não tenho certeza, mas acho que foi por intermédio do Eduardo Geraissate da Deadman Dance, que conhecia a Letty, que entrou em contato comigo. Mas depois descobri que eu já conhecia a Howlin’, só ainda não tinha ligado as coisas. Aquelas conexões que o Instagram (felizmente) faz, né?

Na identidade da Lança você criou um anti-logotipo. Como surgiu o conceito?

Anti-logos Lança — Design Per Music

Bem, as identidades visuais no geral operam na base da repetição. Você vê tantas vezes uma imagem, uma cor, uma forma, um som, etc… associados a uma marca e conecta as pontas. A ideia do anti-logotipo é justamente provocar os cânones e brincar com essa percepção, usando sempre uma assinatura diferente, uma metamorfose que detectei ter a ver com a personalidade da Lança.

Eu gerei 6 logotipos, mas eles podem ser infinitos e aí que tá a graça.

Claro que a gente quer que as pessoas reconheçam quando for algo do Lança, mas isso pode ser dado pelo contexto geral da peça, pelas cores ou grafismos, não necessariamente a assinatura tipográfica.

Lança: Ao invés de partir para um design focado na Lança como arma, você focou na trajetória, sempre adiante. Por que você escolheu esse caminho?

Lança em Movimento — processo criativo — Design Per Music

Dride: Quando a gente lê uma palavra, as primeiras imagens mentais costumam ser as mais literais. Se eu disser “pata de elefante”, você provavelmente pensará numa pata de um elefante, tipo, literalmente, né? Nesse onda, usar uma imagem tão atrelada à palavra “lança” soou como algo óbvio demais, então comecei a explorar um universo mais amplo da palavra — até pra deixar de ser substantivo e se tornar um verbo, que está mais conectado com uma ação — o que justamente tem a ver com uma das características que estabelecemos para a marca: “em movimento, não-passivo”. Então compreendi que um caminho não-óbvio casaria mais com a proposta da Lança do que algo literal — e aí nasceu o “símbolo”, que também é fluido em sua forma (qualquer coisa pode ser o símbolo), já que a graça está na ação de lançar, no arremesso e na trajetória daquela forma no espaço.

Lança: Na sua opinião, o que você mais gostou na identidade que desenvolveu?

Mockup Proposta de Site/Landing Page — Design Per Music

Dride: Eu venho de uma escola muito formal de design, uma das primeiras do Brasil, e tive um professor muito quadradinho nessa disciplina (desenho de identidades visuais), então aprendi todas as regrinhas muito formalmente. Claro que ao longo dos anos eu fui adaptando o que aprendi, inserindo minha própria visão das coisas.

Gostei muito de ter extrapolado o meu próprio processo criativo — o que, claro, impactou no tipo de insights que tive e no resultado gráfico.

O barato é que foi durante este projeto, e também porque meus clientes confiaram em mim (risos), que senti o meu processo autoral amadurecer e minha visão pessoal mais-artista-e-menos-designer predominar.

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