Em progresso
Tiffany Pancas Tavares
Frida Kahlo encontrou através da arte uma maneira de expressar tudo aquilo que sentia e acreditava. Eu procuro fazer isso através da escrita, porque me encontro nas palavras e acredito na imensa força que elas podem ter na vida das pessoas. Por isso, fazer parte desse projeto não poderia ser diferente. Na verdade, é, por um único motivo, eu nunca escrevi sobre meu processo evolutivo através da mudança, mas chegou a hora de falar.
A impressão que tenho sobre o tempo é que ele tem andado apressado demais, embora eu tenha apenas 21 anos. E apesar da pouca idade, às vezes acredito ter vivido uns 50 anos. Algumas rugas já começaram a aparecer e meu corpo já não é como antes, assim como os meus ideais. Muita coisa tem mudado, e apesar de não gostar disso, sempre achei necessário alterações para evolução da espécie humana. Gosto de rotina, de levantar pela manhã, tomar meu leite com achocolatado e ir trabalhar. Mudar isso, não me deixa feliz, acredite. Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro me apresenta e diante disso tento fazer com que as inúmeras possibilidades de modificações possam vir de maneira positiva.
Tudo isso talvez seja por insegurança. Não saber o que vai acontecer amanhã me apavora. Quero saber do meu futuro, do que vai acontecer daqui dois anos e se os meus planos vão sair como desejei. E se não sair? Como vou lidar com isso? Talvez eu precise mudar. É difícil aceitar tantas transformações com tão pouca idade. São inúmeras responsabilidades que começam a aparecer depois que você sai do colegial. É pressão o tempo inteiro e você não tem certeza de praticamente nada a não ser que os ponteiros do relógio andam tão depressa que às vezes parece impossível acompanhar. Mas isso vai além de um futuro incerto.
Existe também o medo do julgamento. Mas quem nunca julgou alguém? Eu mesmo me pego fazendo isso. A cor do cabelo, o modo de se vestir, a maneira como fala ou pensa. Difícil é não questionar o outro ou a si mesmo. Acredite, já me olhei no espelho e não gostei do que vi, já coloquei uma roupa e me achei feia, já desejei ter o corpo de alguém, insatisfeita com o meu. Então mudei, mas por incrível que pareça, não me encontrei nessas mudanças. Procurei ser o que nunca fui, e acabei me frustrando.
Por anos fui filha do medo e da insegurança e, apesar de se fazerem presentes até hoje, procuram me visitar com menor frequência. Isso porque passei por um processo de aceitação e para isso precisei mudar, mas dessa vez por mim e não pelo outros. Resolvi me aceitar do jeito que sou e com os gostos que tenho. Mas não foi fácil, em um mundo completamente feito de aparências ser você por inteiro, é difícil… Eu, por enquanto, sou mulher, jornalista e grande admiradora de palavras, e uma delas é mudança.