Design de Serviço, Valor Criativo, Pilares do Design e a importância do Pensamento Holístico

Thaisa Fernandes
Latinx no Poder
Published in
19 min readSep 23, 2020

Baseado no episódio com Jane Vita 🇧🇷

Bem-vindx ao Latinx in Power, um blog e podcast que irá compartilhar histórias de líderes Latinxs incríveis ao redor do mundo, apresentado por Thaisa Fernandes, uma latina orgulhosa e Gerente de Programas e Produtos de tecnologia vivendo no Vale do Silício e compartilhando suas experiências.

Conversamos com Jane Vita, Diretora de Design na Digitalist que vive em Helsinki, Finlândia. Jane tem dois mestrados, um em Web Design e outro em Inovação de Serviço e Design. Sua graduação é em Design Gráfico. Ela é aluna de pós-doutorado em Novas Mídias na Universidade de Aalto.

Eu fiz algumas perguntas para Jane sobre sua jornada no exterior e carreira como Diretora de Design. Você pode ouvir o podcast no link abaixo, ou lê-lo aqui:

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O que significa ser latina para você?

Eu amo como nos comunicamos, nós amamos colaboração e compartilhar. Eu nos considero muito resilientes, e essa é a parte de ser Latinx que eu mais gosto. As coisas não são sempre fáceis. Nós não temos essa sensação de que as coisas podem ser feitas apenas de uma forma, então não ficamos frustradas em primeiro lugar, mesmo que a gente se sinta um pouco sobrecarregada. Eu acho que nós somos muito resilientes, então sempre encontramos uma solução no fim do túnel.

Qual é sua habilidade singular que mais te ajudou a se tornar bem-sucedida?

Eu aprendi a me sentir confortável com o inconfortável. As pessoas às vezes me perguntam como eu me sinto com todas as mudanças que aconteceram na minha vida. Eu acho que sou boa em juntar as peças e fazer as coisas acontecerem. Eu faço isso para os meus clientes o tempo todo. Eu preciso encontrar a base, o fundamento que preciso, e eu vou colocar todas essas peças no lugar. Isso se aplica de muitas, muitas maneiras na minha vida. Eu estou sempre apanhando peças. Isso também se aplica no contexto de design. No próprio design, nós temos essa primeira fase na qual não sabemos muito ainda, mas nós precisamos estar confortáveis com isso como designer. Eu aprendi desde muito cedo na vida que as coisas não são sempre claras, e que nós somos as responsáveis por tornar as coisas mais claras para nós mesmas e, às vezes, para nosso time. Essa é a razão pela qual comecei a me acostumar a ser um pouco mais confortável com o desconfortável.

Qual conselho você daria para alguém que quer seguir uma carreira em design?

Eu diria: seja aberta ao aprendizado, a entender e não adivinhar pela primeira vez. Considere suas suposições como realmente suposições, e certifique-se de validá-las. Não seja egocêntrica.

Às vezes, eu acho que nós escolhemos rapidamente uma solução quando algo é muito óbvio. Eu consideraria essa fase como um experimento, como uma maneira de testar as coisas. Eu te encorajo a pensar — vamos testar isso, vamos encontrar jeitos de tornar tangível com coisas que nós acreditamos em primeiro lugar, mas ainda validar isso, não apenas implementar.

Nós, designers, às vezes não somos tão pacientes, e as empresas também. Algumas companhias nos contratam para terem as coisas feitas mais rapidamente. No entanto, eu ainda acredito que o fracasso pode ser visto como algo positivo e bom, mas não é uma desculpa para não fazer coisas boas, em primeiro lugar. Nós apenas precisamos tentar dar o nosso melhor e ter empatia. Ajude empresas a entenderem isso.

Ter empatia também é um bom conselho, as pessoas precisam entender e estarem abertas a outras perspectivas. Empatia também é sobre ouvir os outros, ouvir e realmente considerar outras pessoas que podem pensar diferentemente de você. Não é sobre você acreditar ou não acreditar em você mesma. Considere outras perspectivas. Isso torna as coisas mais plurais e diversas. Outro aspecto relevante é a diversidade, isso também é super importante.

Qual é a primeira coisa que alguém pensando em fazer uma transição de carreira para design deve ter em mente?

Eu acho que a maioria das profissões precisam que você seja uma melhor comunicadora e solucionadora de problemas. Além disso, tudo que você já enfrentou pode te ajudar a acreditar nos seus métodos, seu conjunto de ferramentas, suas habilidades e assim por diante. Cada empresa tem suas ferramentas preferidas, softwares e plataformas. Então, claro, existe uma linha de aprendizado que você continua e na qual você evolui, porque essas são as coisas que te permitem realizar o trabalho.

Depois existem outras habilidades, soft skills, que você tem de desenvolver que são importantes — sua resiliência, ir atrás da informação que você precisa, a abertura para de fato receber a informação, para dar sentido a isso. Outro exemplo é pensar em sistema e tendência, porque você precisa entender o impacto. Existe tanta coisa que é importante pensar sobre. São mais do que ferramentas que você vai aprender em três semanas e de onde você pode pegar alguns templates para a interface do usuário dos quais você pode se beneficiar. Eu acredito, de verdade, que design é muito mais do que isso. Se você quer ser uma UX designer de sucesso, você deve ser capaz de criar protótipos. Você precisa tornar suas ideias tangíveis para que você se torne uma melhor comunicadora também.

Se você não tem o luxo de estudar design ou não está na área de design em primeiro lugar, você pode não ter a experiência de aprender as origens do design propriamente e seus pilares. Ao mesmo tempo, a área de design está mudando constantemente, e o aprendizado contínuo é necessário. Você tem que se adaptar o tempo todo. Eu aprendi muitos anos atrás que ferramentas mudam, e aquelas que eu usava anos atrás não são as mesmas hoje. Conhecer as ferramentas nos torna artesãos, mas a experiência em lidar com diferentes situações na vida, nos tipos de soluções e com o conhecimento das direções é construída ao longo do tempo. Nós precisamos experienciar as coisas, aprender com elas, e aprender com os outros também.

Eu acho que você deve aprender as ferramentas. Por exemplo, se Figma agora é a ferramenta do momento, você deve aprendê-la para que você possa fazer as coisas acontecerem. É essencial saber como extrair informações das partes interessadas, stakeholders, de como extrair criação de valor, e a experiência dos usuários. Você deve ser capaz de aprender essas habilidades assim como — e não somente — as ferramentas.

Design é uma profissão na qual você está constantemente aprendendo e se adaptando. Toda a experiência por si só está mudando, porque nós estamos aprendendo que muitos dos campos nos quais nos apoiamos podem não ser os ideais. As pessoas falam “eu quero isso, eu quero aquilo”. Mas talvez o que você quer não seja bom para você ao ponto de não estarmos construindo nenhum valor para você. Como funciona isso se você está forçando as coisas apenas para tornar as pessoas ainda mais viciadas em usar alguma coisa? Não é verdadeiramente impactante em um sentido bom. As empresas se beneficiam de ser rentável. Mas e se nós olharmos para outras alternativas que mudam o trabalho para algo ainda melhor, com mais pensamento holístico. Às vezes nós temos tendência a focar muito em uma direção, e talvez não seja a melhor direção a longo prazo. Eu acho que existe uma reflexão sobre isso hoje em dia, pode não ser centrado no cliente somente e tampouco centralizado na empresa, é mais holístico.

Eu sei que você participou de muitas conferências de design como palestrante ao redor do mundo, o que você mais gosta sobre essas oportunidades?

Eu nunca me considerei uma oradora profissional. Conferências foram uma maneira com a qual poderia me tornar melhor na comunicação. Eu aprendi inglês tarde na vida, quando eu já tinha 21 anos de idade, porque foi quando eu consegui pagar as aulas. Eu comecei a aprender enquanto eu já estava trabalhando, então eu não tinha muito tempo para dedicar a isso. Quando eu me mudei para a Finlândia, isso de fato me abalou, gentilmente, vamos dizer. E aí eu tive que mergulhar nisso, e comecei a me comunicar nesse sentido de usar a língua como uma fonte para a comunicação.

Eu acho que ser uma oradora te coloca nessa posição desconfortável e vulnerável, e é desafiador. Eu vejo que existe um respeito que você constrói, e é adorável ver as pessoas inspiradas, e isso de fato me motiva a ir de novo e de novo. Todos os diálogos que são criados depois dessas palestras. As pessoas vêm e perguntam sobre coisas, e eu vejo que existe uma influência positiva que acontece quando vou para essas apresentações. É uma forma de retribuir para a comunidade tudo que eu aprendi e estive aprendendo com outros.

Eu não acho que falar em público seja fácil, pode até nunca ser para mim, mas eu aproveito. Me faz feliz ver pessoas se envolvendo nos meus pensamentos e levando elas além, porque minhas reflexões não são apenas minhas, são da comunidade também. Se eu posso repeti-las e aproveitá-las, por que não? Eu vejo o progresso acontecendo com os outros também. Se eu ficar na minha mesa e não conversar com as pessoas sobre essas coisas, eu estou sozinha na minha mesa, e é isso.

Você acha que passou a ver a comunicação de um jeito diferente desde que você começou a se comunicar mais em sua segunda língua?

Por mais que eu aprenda inglês, eu acho que qualquer idioma não é o fim de tudo. Por exemplo, se você pensar sobre inglês, não é apenas uma língua, é uma ferramenta como as soft skills que discutimos antes, que permitem que você faça algo. Cozinhar é uma boa referência. Você tem as ferramentas, mas se você não tem uma boa receita, ou se você não tem a vontade de cozinhar algo bom, as ferramentas não fazem as coisas acontecerem por elas mesmas. Como português, saber e falar é importante, é como ir para a guerra sem qualquer arma. Você tem as ferramentas, mas comunicação é mais do que isso.

Na medida em que você aprende inglês como segunda língua, às vezes não é a gramática que entrega a mensagem, às vezes é a situação ou certos pensamentos que te levam para a situação, sua percepção do que está acontecendo e sua consciência. Consciência é tão importante. Você não precisa falar às vezes. Nós também nos comunicamos com gestos e ações. Eles são tão importantes, eles são parte da comunicação também — a articulação, debater, e resiliência.

Qual mito comum sobre design que você gostaria de desmascarar?

Existe uma diferença entre querer e precisar. Eu acho que isso é algo que as pessoas têm uma ideia errada. Querer é algo que eu desejo, mas não é o que eu preciso. O que eu preciso é algo que tenha um impacto. Quando eu digo impacto, claro, um impacto a longo prazo. Isso também poderia ter um impacto momentâneo, quero dizer, me fazer feliz, quando falamos da vida, estamos bem e isso é um ciclo. Quando falamos de necessidade, temos que ter certeza que estamos criando valor.

Em design de serviço, a criação de valor é muito importante. Criação de valor é uma troca de valores. Ela tem muitos jogadores, e é coletiva, não individual. Quando você pensa sobre a pessoa, a sociedade, a comunidade, e não apenas o usuário como o centro, mas a situação em si. Isso cria o impacto para a cadeia toda. É um pouco mais holística. Eu acho que o mito nisso é no design focado no usuário em si. Eu acho que é ótimo entender as histórias dos usuários, o fluxo de tarefas.

Então nós dizemos “eu preciso imprimir”, e é isso. E existe “como imprimir”, as telas de impressão, e depois vem coisas como “isso é um bom papel? O que você está imprimindo? Essa impressão é sustentável?”. Problemas relacionados a impressão em si… Existe uma opção melhor? Então essas coisas das quais não estamos indo atrás quando pensamos apenas sobre a tarefa de imprimir. Quando você imprime algo como uma experiência, é muito mais do que isso. O que eu faço quando preciso imprimir algo e a tinta custa o mesmo valor de uma impressora? Comprar outra impressora talvez? Comprar uma melhor. Talvez, é muito tentador, devo dizer.

Eu acho que as empresas tendem a se concentrar nas tarefas, não nas experiências. As pessoas acham que as tarefas são experiências, e isso é um mito também. Existem muitos usuários conscientes por aí hoje em dia. O poder está no ponto de vista do cliente. A consciência que eles têm, vamos dizer, eu deveria imprimir isso em primeiro lugar? Então eu penso que um bom negócio traria essas reflexões que os clientes possuem, a mentalidade deles, e qual tipo de mudanças isso provocaria na organização deles, levando essas reflexões em consideração.

Como voce descreveria a diferença entre design de serviço e outros tipos de design?

Eu não poderia começar sem dizer que design é design mesmo que meio que eu transite por diferentes áreas do design. Eu posso dizer isso com confiança, porque eu não fiz nada na vida que não seja relacionado a desenhar coisas. Eu comecei minha carreira como uma designer, e eu continuei. Eu trabalhei com marketing bem no começo, mas mesmo assim, eu estava trabalhando com newsletters, criando identidade de marcas, logos e materiais de marketing. Eu estava ainda assim fazendo design, e eu tinha essa paixão sobre moda no começo também, além disso eu tinha uma paixão por tecnologia vestível, os wearables.

É interessante ver que o próprio design, ele tem seus pilares, e por anos, eu acho que nós focamos em coisas diferentes dependendo das necessidades do mercado ou da profissão em si. Nós podemos focar em diferentes áreas. Então eu diria que quando você aprende design, você aprende os quatro pilares: gestão de design, plano de design, design de recursos e execução de design.

Claro, design thinking é outra história. Vamos dizer que quando a IDEO estava começando a ficar mais popular, eles estavam trazendo o design para o nível estratégico. Mas estratégia como um foco é pensar sobre o que você vai construir, qual sua solução e o nível estratégico antes de planejar como isso impacta seu negócio e seus clientes. Claro, isso é centrado no cliente, nós sempre construímos algo para alguém usar. No começo nós estávamos prestando mais atenção ao nível executório de influência, taxa de conversão e foco no processo de aprendizagem, como as pessoas aprendem melhor, usabilidade. Nós realmente construímos isso agradavelmente, mas não era tão estratégico, porque nós não estávamos pensando sobre as coisas a longo prazo. Nós não estávamos pensando sobre o impacto das coisas. E o que aconteceu foi que nós pegávamos algo que não era para uso, o usuário não precisava daquilo. Isso era de fato um avanço, então depois eles pensavam “okay, estou fazendo uma boa campanha de marketing que alcançará muitas pessoas”. Então, com certeza você alcançará milhares… Eu penso que marketing tem um grande papel em fazer as pessoas quererem coisas. Algumas pessoas podem se beneficiar disso porque era muito atraente como design tornou-se mais essencial em negócios por conta da tecnologia também, porque tecnologia é irmã do design. Você vê a área do design thinking em expansão, e está se tornando mais estratégico, assim como mais influente e mais importante assim como a peça que você está modelando.

Quando falamos de design de serviço, eu acho que ele complementa o design thinking e o torna uma disciplina mais holística. É uma forma de abordagem mais holística e estratégica, porque você considera a experiência dos funcionários, considera operações, como você agrega valor, e como você entrega este valor. Existem outras coisas às quais nós às vezes não temos acesso como UX designers. Nós ouvimos pessoas dizendo “na verdade eu estou construindo telas, eu não tenho acesso a todas essas outras peças do negócios que eu gostaria de considerar”. E aí, como uma designer de serviço, você não precisa necessariamente construir nada, mas você precisa encaixar essas peças de operação da empresa. É muita articulação, elucidação, colaboração, e comunicação em torno dessas lacunas que você precisa preencher. Então, tem uma visão do design que vai um pouco além do que nós temos feito até agora. Então… eu acho que vem como uma adição, mas isso ainda continua sendo design quando diz respeito a nos ajudar a conseguir fazer um trabalho ainda melhor e envolve a prática.

Me fale sobre a primeira coisa que vem à sua mente quando você ouve essas frases:

Memória favorita

Minhas memórias favoritas são tão assustadoras que deixaram marcas na minha vida. Quando eu mudei para a Finlândia, no início eu estava procurando um emprego. Eu tinha uma entrevista na Fjord, e o meu inglês era realmente fraco. Eu tinha muita experiência àquela altura e eu pensei “ou eles me contrataram ou eu mudo de profissão, ou talvez eu trabalhe em um café e faça outras coisas“. Aí eles falaram “Jane, você deveria trabalhar com a gente”. Eu pensei que esse era um momento da minha vida que eu não precisava mudar, e eu só precisava ser um pouco mais paciente e levar as coisas passo a passo, para que eu realmente pudesse comunicar meus designs. Veja só, os designs estavam lá, eu sabia como usar as ferramentas, mas eu não conseguia articular ainda da melhor forma possível o trabalho, já que eu não era tão boa com o idioma. Então eu acho que esse foi um momento de confiança. Eu fico muito feliz de ter tido essa chance, então é uma das minhas memórias favoritas.

Um bom conselho

No campo do design, tudo precisa ser autêntico. Contudo, nós não podemos esquecer que ainda precisamos ser designers, não podemos ser egoístas e egocêntricas. Existe sempre uma nova geração que vem e constrói algo novo. Nós tivemos tanto conhecimento em design no passado para de fato construir a confiança que temos hoje. Existem muitas coisas que eu vejo que ainda continuam boas, especialmente se você não tem a intenção de construir em cima de outras coisas. Eu penso em design quando nós construímos algo, você está construindo para outra pessoa, não pra você mesma.

Eu trabalhei com construtoras, eu conversei com seus funcionários, os empreiteiros, com pessoas que eu nunca tinha trabalhado antes. De repente, eu estava trabalhando com construtoras durante três anos, companhias diversas. Hoje em dia, eu posso dizer que eu sei muitas coisas sobre o trabalho de construtoras. O processo me ajudou a entender muitas coisas, incluindo até outras muitas coisas sobre a indústria imobiliária, mas isso estava longe da minha zona de conforto.

Você não pode ser egocêntrica. Pessoas acham que elas podem ser seletivas. Eu quero trabalhar para essa empresa que faz isso e não para maquinários, por exemplo, não para mineradoras. É interessante, porque quando você escolhe ser uma designer, nós também estamos construindo coisas para outros, então eu acho que nós precisamos nos colocar nessa mentalidade que precisamos aprender sobre pessoas, indústria, o que é importante para elas. E isso deve ser o prazer do que você está fazendo, não se você é bom em Figma. Claro, transições são ótimas. Se você escolher ser uma designer de animação, você precisa perseguir e transmitir uma história, uma mensagem. Não é sobre estética apenas, é sobre a mensagem e a comunicação das quais estávamos falando antes. Como você conecta essas coisas… Eu acho que suas habilidades de construção só te ajudam a melhorar quando você tem um desafio maior em outras áreas.

Escandinávia

O que vem a minha mente de cara é design de padrões. Eles tem estampas para tudo, em cerâmicas, em tecido e em todo lugar. É muito sistemática e efetiva a forma de criação desses tipos de plataformas, e eles são muito bons em construir essas bases. Eu acho que é isso que a torna tão valiosa. Às vezes, como brasileira, eu vejo a complexidade de ultrapassar a base, e às vezes quando você tem que encarar a realidade, não é tão complicado como você imaginou. Se você consegue atingir essa base, você parte para o sucesso.

O design escandinavo é bom em encontrar essa base. Eles podem ser bem diversos depois disso, porque estão fazendo ajustes. Essa é a dinâmica que eu vejo aqui, e está continuamente evoluindo. É fácil desenvolver quando você possui os pilares como a estrutura da construção. Os pilares ainda continuam lá, mesmo com o passar do tempo. Eles sempre estão lá, e são necessários, mas as coisas no topo, esses materiais evoluem.

Seu superpoder

Eu acho que perseverança, e eu diria sorrir também. Eu rio mesmo quando estou nervosa, eu sorrio e as pessoas acham que eu estou feliz, mas na verdade estou super nervosa.

Quais são os melhores recursos que te ajudaram no caminho?

Na comunidade de design, eu acompanho há algum tempo, e tem muitos diálogos interessantes:

  • Interaction Design AssociationIxDA
  • Service Design NetworksSDN

Eu acompanho vídeos de conferências, e participo de conferências

  • Interaction Conference talks: Todos os anos os organizadores da Interaction Conference publicam palestras para a comunidade em geral para que aqueles que não puderam participar também se beneficiem do conteúdo.
  • Invision Talks: Uma seleção diversa sobre tópicos de design.

Podcasts e blogs:

Eu acompanho tendências, artigos regulares sobre mudanças na indústria:

Recomendações de livros:

  • Good to Great: Empresas feitas para vencer, de Jim Collins: Jim Collins fala sobre quando você está se dando bem — é onde você pode cair numa armadilha, porque você não vê que pode ser tornar melhor. Quando você é boa, é o suficiente, então não fazem melhor, porque não enxergam, é um ponto cego.
  • Isto é Design Thinking de Serviços, de Marc Stickdorn: Ele era meu professor, então sou um tanto um influenciada. Ele fala sobre a facilitação, o ponto de vista integrativo, e eu amo isso.
  • This Is Service Design Doing, de Marc Stickdorn: Seu segundo livro é também muito bom. Tem um monte de práticas atuais.
  • Designing for the Digital Age, de Kim Goodwin: É um livro que pode te ajudar com o processo. É um livro de bolso com todos os passos, processos e métodos.
  • Liminal Thinking by Dave Gray: Pensamento liminar é um jeito de criar mudança entendendo, modelando e reconsiderando crenças. O livro mostra quão importante é estar aberta a diferentes perspectivas. Algo que pode ser óbvio para nós pode não ser para outra pessoa.

Qual é seu maior fracasso, e o que você aprendeu com isso?

Eu tenho um problema em falar que eu falhei em algo, porque eu sempre tive a chance de consertar. Então eu acho que eu tenho sido sortuda no sentido de que eu nunca tive uma grande falha que não foi boa para mim. Eu sempre fiz boas escolhas. Uma vez eu fiz uma escolha muito ruim, mas ao mesmo tempo, minha grande falha foi ser muito positiva.

Eu tive essa experiência de ser uma empreendedora logo cedo na minha carreira, assim como muitos designers. Você se torna uma empreendedora logo depois da universidade. Meus amigos da faculdade se reuniram nos negócios, então eu trabalhei na minha empresa, Nexmidia, por dois anos. Eles continuam lá, mas não funcionou para mim. Eu tinha que ganhar dinheiro, eu não conseguia lidar com a incerteza do próprio negócio mesmo que estivéssemos indo super bem. Ao mesmo tempo, se mudássemos a estratégia um pouco do que fazíamos no começo, nós poderíamos ter sido pioneiros na indústria.

Acho que foi difícil para mim deixar o negócio. Eu considerei que isso foi uma decisão precipitada que fiz. Ao mesmo tempo, foi uma ótima experiência sair. Eu aprendi tanto, eu aprendi a juntar as coisas e a ir atrás do que eu queria em primeiro lugar. Isso te dá um tipo de resistência que às vezes você precisa para fazer as coisas acontecerem.

Não foi exatamente um fracasso. Tenho sorte de falar que eu nunca tive essa grande coisa que impactou minha vida de uma forma que eu não conseguisse recuperar mais tarde. Também é importante estar preparada e motivada assim como ir atrás das coisas que você quer, porque às vezes as falhas podem te deixar um pouco deprimida. Você pode não sentir que é capaz para seguir em frente, mas eu acho que nós precisamos confiar em nós mesmas e dar um passo adiante. Às vezes, não é fácil. Nós só precisamos dar um passo adiante. Você já está influenciando sua próxima vida então é importante dar esse passo.

O que compõe um time de sucesso?

Eu acho que a sinergia em qualquer time é bem importante. Eu costumava jogar basquete, então acho que a sinergia entre pessoas, assim como elas se entendem e se acolhem é muito importante. Você está lá para os outros também, não contra eles. Eu acho que você olha para seu time e pensa sobre por que alguém não está indo bem ou por que isso aconteceu, mas você deve abrir um canal de comunicação. Você deve ajudar a criar um ambiente seguro para que todos possam compartilhar seus pensamentos. Em um ambiente seguro, todos vão se sentir confortáveis em compartilhar e ouvir, e vocês todos encontrarão soluções em conjunto, juntos como um time. É difícil ser parte de um time, ainda que seja efetivo, como quando você compartilha um pensamento e é criticada ou tem competição no time. Eu acredito que se um time vai bem, todo mundo vai bem, e assim a empresa cresce. Então, eu acredito que um bom time tem sinergia, eles podem ser eles mesmos, e eles podem compartilhar ideias em diálogos.

O que está te ajudando a lidar com essa situação de pandemia? Tem algo que você gostaria de compartilhar que tem te ajudado?

Definitivamente minha família, eu estou com eles o tempo todo e é maravilhoso que podemos estar juntos. Eu acho que essa é a primeira vez na minha vida que eu consigo dedicar tanto tempo aos meus filhos. Eu não estou viajando, e nós podemos ir para alguns lugares, mas decidimos explorar mais Helsinki. Então, eu tenho ido ao museu com meus filhos. Claro, é uma situação de pandemia, e todas as precauções foram tomadas com a quantidade limitada de pessoas no museu. Eu tenho amigos por todo o mundo e estar distante tem nos ajudado a nos comunicarmos mais, o que é algo incrível.

Espero que você tenha gostado desse podcast. Nós teremos mais entrevistas com líderes Latinxs incríveis toda primeira terça-feira do mês. Confira o nosso site Latinx in Power para saber mais. Não se esqueça de compartilhar comentários e feedback, mas sempre com gentileza. Nos vemos em breve.

Leituras adicionais mencionadas durante a entrevista

Livros que a Jane mencionou

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Thaisa Fernandes
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Program Management & Product Management | Podcast Host | Co-Author | PSPO, PMP, PSM Certified 🌈🌱