Liderando times de TI na indústria de games e criando espaço para as pessoas

Thaisa Fernandes
Latinx no Poder
Published in
17 min readJan 29, 2021

Baseado no episódio com Cristina Rufeisen 🇧🇷

Bem-vindx ao Latinx in Power, um blog e podcast que compartilha histórias de líderes latinxs incríveis ao redor do mundo, apresentado por Thaisa Fernandes.

Eu conversei com Cristina Rufeisen, uma Diretora Sênior em Gerência de Programa de TI, na Electronic Arts. Cristina é uma líder de TI bem-sucedida, com experiência nas indústrias de alta tecnologia, mídia digital e ciências, liderando times globais para desenvolver, implantar e apoiar soluções para negócios.

Cristina é também apaixonada por diversidade e inclusão, e atua como co-presidente do Grupo de Recurso dos Empregados Hispânicos/Latinxs na Electronic Arts, e é parte das comunidades Latinas in Tech e Brasileiras do Vale (BRAVE).

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O que significa ser latina para você?

Eu acredito que significa ser brasileira, isso significa representar um pouco do Brasil em todas as coisas. Eu gosto de ser uma embaixadora do Brasil, a cultura, incorporar a combinação de trabalhar duro com ser apaixonada. E também ser calorosa e cuidadosa. Esse combo, eu acho que significa o que é ser latina para mim. Eu realmente visto o meu distintivo “brasileira de honra”. Por outro lado, eu estava pensando sobre isso, e a dimensão de ser latina realmente começou a emergir um pouco mais depois que me mudei para os Estados Unidos. Crescer no Brasil, você sabe, todos são latinxs, mas às vezes nós não nos identificamos como latinas/latinos/latinxs.

Você estudou Ciência da Computação. Como foi o processo de escolher a sua graduação universitária?

Eu realmente não sabia o que eu queria fazer, eu sabia o que eu não queria fazer. Eu não queria me trancar em uma área particular, porque eu sentia que eu não teria muita flexibilidade para operar em áreas diferentes se eu fizesse isso. Eu estava procurando por algo que pudesse me permitir mudar de áreas e empregos.

Eu senti um laço forte com Ciência da Computação, porque toda área precisa de tecnologia, toda área precisa de soluções tecnológicas. Meu pensamento foi, “se eu escolher algo como isso, eu vou ser capaz de ter muita flexibilidade para mudar e tentar coisas diferentes na minha carreira”. Naquela época, eu não tinha um computador, computadores pessoais não eram coisas que você poderia encontrar em qualquer lugar e não havia muitas pessoas no meu círculo social que, na verdade, tinham um diploma em Ciência da Computação.

Eu não sabia o que esperar, eu não sabia muito sobre o que era a profissão de Engenharia de Software. Na verdade, eu não tinha nem escrito uma linha de programação antes de entrar na universidade. No Brasil, nós temos que escolher nossa graduação antes de entrar na universidade, então eu meio que arrisquei ali. Eu não sabia exatamente o que esperar, eu aprendi a programar ali mesmo, na minha primeira aula da universidade.

Com sorte, isso correu bem, eu amei o que aprendi na universidade, eu amo usar algoritmos, lógica e eu me encontrei sendo capaz de fazer um pouco de trabalho silencioso, programando e fazendo as minhas coisas, o que é bom. Eu ficava no meu canto, mas também era capaz de fazer a parte da analista de negócios e conversar com as pessoas para entender como nós poderíamos usar a tecnologia para resolver problemas. Eu amava fazer isso, então acabou sendo uma boa escolha no final das contas.

Quando as pessoas estão entrando na área de tecnologia, elas têm tantas oportunidades para experimentar. As crianças já sabem programar, jogar videogames, desenvolver páginas na internet e diversos apps. Eles têm muito mais oportunidades para começar logo aqui, mas antigamente era um pouco mais difícil ter computadores pessoais e dar seus primeiros passos.

Como tem sido sua experiência de se mudar do Brasil para os Estados Unidos e viver na Bay Area por tantos anos?

Quando eu comecei, essa oportunidade surgiu, porque eu estava trabalhando para a Hewlett Packard, na época. Eu tinha feito meu estágio lá no meu último ano de universidade, então eu estava lá, primeiro como uma estagiária e depois eu fui contratada. Era meu terceiro ano no emprego, eu tinha uma relação de trabalho com o time aqui nos Estados Unidos, porque eles davam apoio aos nossos sistemas no Brasil.

Eu sinalizei para meu chefe, que era um ótimo gerente, que eu queria ter uma experiência mais internacional, porque eu estava no Brasil e eu nunca tinha feito muita coisa fora do país. Eu queria tentar isso e ser exposta a mais oportunidades fora do Brasil. Então, surgiu uma oportunidade de vir para o time com o qual eu já estava trabalhando muito de perto, nos Estados Unidos. Na época, meu marido foi muito encorajador, ele decidiu largar seu emprego e vir comigo para os Estados Unidos, o que para mim era ótimo. Ele não tinha um visto de trabalho no começo, eu era a única trabalhando. Então, meu marido voltou aos estudos.

Nós não tínhamos filhos naquela época. Se eu olho para trás e penso sobre isso, as pessoas geralmente fazem uma viagem para conhecer o local primeiro, elas vão para onde irão morar para dar uma olhada no lugar. Nós não fizemos isso, nós escolhemos a data, compramos nossa passagem de ida e nos mudamos para os Estados Unidos. Então, nós chegamos, e eu lembro de aterrissar aqui e depois dirigir pelo El Camino Real. Eu fiquei impressionada, pensando, “uau, nós estamos aqui”.

Nós tivemos moradia temporária com ajuda da empresa, que era a HP na época. Eu claramente lembro de pensar, “uau, estamos aqui, onde nós vamos estar no próximo mês? E depois de um mês?”. Eu pensei, “ei, aqui estamos nós, as coisas vão se estabelecer e eu estou começando meu novo emprego. Onde nós estaremos em seis meses a partir de agora?”. Eu lembro de pensar depois, “ei, agora é a marca de seis meses, o que estamos fazendo?”.

Eduardo, meu marido, mudou sua carreira, pois ele tem uma graduação em Economia e depois fez mestrado em Publicidade. Quando nós chegamos aqui, ele na verdade mudou sua carreira para cinema, filme e televisão. Ele teve de criar um portfólio, então voltou a estudar e criar um portfólio, enquanto eu trabalhava. Eu lembro de fazer esses pontos de verificação, de tempos em tempos, e pensar onde nós estávamos indo quando nos mudamos.

Meu compromisso com a empresa era de dois anos, e nós falamos, “ei, nós vamos nos mudar por dois anos”. E então aqui estou, depois de 20 anos, eu continuo aqui. Eu lembro de fazer esses pontos de controle, de tempos em tempos. Nós fizemos isso na nossa marca de um ano e talvez alguns anos depois. Se alguém fosse te dizer que, em mais ou menos seis anos, você estaria lá, seria realmente difícil de imaginar isso. Por isso, eu acho que é importante manter esses pontos de controle em um curto intervalo de tempo, porque se você tentar projetar as coisas muito no futuro, é difícil de dizer o que vai acontecer.

Você precisa estar aberta e manter a mente aberta para ver quais são suas expectativas e o que você tinha planejado para acontecer — muitas coisas podem mudar durante o caminho. É importante se adaptar para que você possa ser posicionada e tirar vantagem das coisas boas que podem aparecer no seu caminho, que você nem esperava.

Me fale sobre a primeira coisa que vem à sua mente quando você ouve essas frases:

Seu superpoder

Talvez algo relacionado às linhas de colaboração, adaptabilidade e flexibilidade. Eu realmente gosto do desafio de ser exposta a um novo ambiente e ter que descobrir como melhor mobilizar para ter o trabalho feito, o que talvez necessite de uma abordagem diferente, dependendo do grupo no qual você está, na tarefa em mãos. Ser capaz de me adaptar rapidamente e tirar o máximo da situação, eu diria que é provavelmente um dos maiores pontos fortes que eu tenho.

Um livro

Eu realmente gostei do livro Minha História, da Michelle Obama. É uma história muito inspiradora, aprender sobre as raízes dela, sua carreira, suas lutas, como ela sempre continuou pensando, colocando as coisas em perspectiva. Mesmo quando ela estava em uma posição de poder, ela sempre se manteve fundamentada; eu acho que isso é tão revigorante e reconfortante, quando você vê que a imagem pública que você tem de alguém se encaixa com o que vem de seu eu interior. Foi realmente interessante ver que a persona que ela tem, e mesmo quando ela está sendo muito aberta no seu livro, que isso se encaixa. Isso cria essa poderosa e enriquecedora experiência para nós, é caloroso para o coração ver um ótimo exemplo de caminho e jornada como a que ela teve. Eu acho que é muito inspirador. Foi bem legal ouvir da mãe dela também, ela é uma figura. Ela continua com suas coisas, nunca muda nem um pouco. É muito interessante ver, é maravilhoso. Marian Shields Robinson quase não quis morar com eles na Casa Branca, depois tinha todas essas viagens longas para fora do país e ela falava, “eu acho que eu não vou morar aí”, e eles falavam, “mãe, venha pelas crianças”. Então, ela foi pelas meninas, mas ela era indiferente às coisas que aconteciam nesse alto círculo.

Gerenciamento de Programas

Eu comecei minha carreira como uma Engenheira de Software, e eventualmente encontrei meu caminho em direção a gerenciamento de programas. Eu acho que é um pensamento lógico, a coisa da coordenação, essa é minha área, eu amo fazer isso. Meu lema, como gerente de projetos/programas, é realmente “sem surpresas”. Acho que é o que vem em mente, para mim. Algumas pessoas que estão testando essa área podem pensar que os melhores projetos são os projetos que continuam sem problemas e tudo parece maravilhoso. Essa não é a realidade. É quase impossível ter um projeto que continue sem uma mudança ou algo que surge e você não está esperando.

Quando eu penso sobre gerenciamento de programas, eu penso em “sem surpresas”. Isso é o que você faz quando algo surge — você está ajustando seu plano? Você está sinalizando isso para o seu time? Talvez, o seu projeto esteja entrando na zona vermelha, então algumas pessoas estejam com medo de sinalizar isso e isso pode refletir de maneira ruim para eles como Gerentes de Programas.

Na verdade, eu acredito que o oposto disso seja verdade — quando você sinaliza um problema e tenta acessar os recursos que você tem para consertar a situação e dar visibilidade a pessoas que talvez estejam a seu alcance para pedir ajuda delas. Talvez, você terá apoiadores que estarão dispostos a fazer parte e ajudar a ter certeza de que a data não mudará ou que eles podem colocar mais recursos ou a qualidade do produto não será comprometida. Todas essas coisas só são possíveis se você estiver de fato de olhos abertos e se você estiver dando aos projetos os status que eles realmente têm. Eu acho que o que faz um projeto e uma gerente de programas é como você realmente reage quando encontra uma mudança que é inevitável.

Estar preparada e atenta para que você possa tirar vantagem de todos os recursos que podem estar disponíveis para você, à sua disposição, e manter os olhos no final do jogo. Mudanças acontecerão, tente certificar-se de que todos estão informados. Eu acho que essa é a parte mais surpreendente disso, são as surpresas, não as mudanças, as surpresas que ninguém deveria ter deixado de fora do loop, ao tentar lidar com aquela mudança.

Um hobby

Eu amo cozinhar e me aventurar na cozinha. Eu realmente amo fazer isso. Eu sou do Brasil, como você sabe, nós temos diferentes origens como parte de nossa composição. Minha família é metade italiana, então eu amo uma boa massa, lasanha, qualquer coisa com queijo eu estou dentro. Na verdade, eu me atreveria a dizer que a comida italiana de São Paulo melhor que a pizza da Itália. Eu tenho certeza que eu vou ser morta por isso, mas eu realmente amo comida italiana. Eu amo cozinhar diversas variações do outro lado da minha família, como comida libanesa. Minha mãe cozinha muito bem. Eu gosto de experimentar algumas coisas na cozinha, então eu acho que esse seria o meu hobby.

Você trabalha em uma área que é predominantemente dominada por homens há muitos anos. Como tem sido sua experiência como uma líder de TI?

Como muitas outras mulheres com um conhecimento técnico, eu me vi em uma posição na qual eu era uma das únicas — às vezes a única — mulher na sala de reunião, ou em um projeto. Uma coisa que foi útil, e eu altamente encorajaria a outras mulheres é construir seu networking dentro de sua empresa e também fora, conectar-se com outras mulheres que podem estar por aí e também com aliadas que irão te ajudar a amplificar sua voz.

Existem tantos recursos maravilhosos. Um recurso que eu acho que é especialmente valioso é a Grace Hopper conference, que acontece anualmente e é um dos maiores encontros de mulheres do mundo em computação. Tem acontecido desde 1994 e cresce a cada ano, há muitos cursos, workshops, apresentações. Há oradoras fantásticas, mulheres dividindo suas histórias. Eu tenho aprendido tanto. Eu participei por alguns anos e eu aprendi muito. O primeiro ano que eu participei foi em 2016, em Houston. Naquele ano, eu fiquei encantada quando estava entrando nessa arena, que estava lotada, com muitas mulheres, 15 mil mulheres, então foi uma energia muito poderosa.

A primeira sessão da qual eu participei, na verdade, foi com a CEO da IBM, Ginni Rometty. Ela foi muito inspiradora, ela nos contou tudo sobre Watson e o que estava acontecendo naquela época, mas a parte que eu consigo lembrar bem era ela compartilhando uma história sobre como ela não se sentia pronta para dar o próximo passo de liderança, e essa era a CEO da IBM. Ela tinha todos esses tipos de questões, ela disse que em um ponto de sua carreira ela já era bem sênior, seu chefe estava saindo e a selecionaram para tomar seu lugar. Ginni não se sentia pronta, ela disse que estava interessada, mas precisava de mais um ano. Ela lutou com aquela decisão por um tempo, até que seu marido perguntou, “você acha que algum de seus colegas de trabalho homem responderia dessa maneira? Eles teriam esses tipos de questionamentos que você está tendo?”. Foi quando ela finalmente decidiu que iria fazer isso.

Para mim, isso foi muito significativo, porque aquela sessão, e tantas outras, foram reveladoras e inspiradoras. Grace Hopper realmente despertou minha consciência para muitas coisas que estavam acontecendo ao meu redor e comigo, mas eu não conseguia articular totalmente. Antes, eu tinha participado de alguns workshops impactantes sobre marca pessoal, encontrar sua voz, ser sua versão mais autêntica, mentoria e tutoria, síndrome da impostora. Eu fui embora com ferramentas concretas e recursos para entrar em ação. Foi uma ótima experiência, eu consegui me conectar com muitas outras mulheres de diferentes áreas, e todas de diferentes partes do país e diferentes empregos. Havia alguns homens lá, alguns homens corajosos, mas não tanto quanto dentro do mar de 15 mil mulheres. Foi ótimo, eles são aliados muito importantes nessa jornada.

Participar de uma conferência e sessões como essas realmente me ajudou a identificar coisas sobre as quais não tinha me dado conta antes, e agora eu tenho algumas coisas no meu conjunto de ferramentas para lidar com isso. Existem outras, não apenas conferências, mas organizações e recursos sobre mulheres na tecnologia. Se falarmos especificamente sobre mulheres latinas, existem alguns grupos que estão fazendo um ótimo trabalho por aí:

  • Latinas in Tech: Uma organização sem fins lucrativos com a missão de conectar, dar apoio e empoderar mulheres latinas trabalhando na área de tecnologia.
  • Latinas in Computing: Uma comunidade criada por e para as latinas na computação, com uma missão de promover sua representação e sucesso nas áreas relacionadas à computação.
  • Latinity: A Latin America Women in Technology Conference, promovida pela Latinas in Computing.
  • Girls Who Code: Visa a dar apoio e aumentar o número de mulheres na ciência da computação, fornecendo às jovens mulheres as habilidades necessárias em computação.
  • Dev Mission: Dev/Mission fornece oportunidades STEM para jovens potenciais de 16 a 24 anos, na Bay Area, em São Francisco, ao ensinar programação, hardware e habilidades críticas de carreira.
  • Techqueria: Techqueria é uma organização sem fins lucrativos que atua como a maior comunidade de profissionais latinxs, com recursos e suportes que elxs precisam para prosperar e se tornar líderes na indústria tecnológica.
  • Latinitas: Provê programas de mídia e tecnologia para garotas, em Central Texas.
  • Hispanic Scholarship Fund: Empodera famílias e provê bolsas de estudo e serviços de apoio para o maior número de alunos excepcionais possíveis.

Você pode fazer networking nesses grupos e também pode dar de volta e se voluntariar neles. Existem muitas oportunidades por aí para construir seu conjunto de ferramentas e recursos que você pode usar para navegar, sendo uma mulher na área de tecnologia.

Do que você mais tem orgulho?

Essa é uma pergunta difícil de responder, como alguém pode responder isso? Falando profissionalmente, todos nós temos nossos momentos especiais, aqueles nos quais nós sentimos que somos importantes e contribuímos para o crescimento de nossas carreiras em vez de ficar olhando para algo tão específico assim. Se eu pudesse pensar mais, eu apontaria mais para um presente. Eu sinto que isso é mais sobre algo que anda com todo o corpo da minha jornada profissional, que está junto das linhas de perseverança, resiliência e autoconfiança. Eu acho que isso seria um tema pelo qual me sentiria muito orgulhosa, mais do que uma realização particular. Existem altos e baixos, mas ter resiliência para superar quaisquer que sejam os desafios adiante, eu acho que é um ótimo recurso para mim, não importa quão pequena seja a marca.

Todos os momentos que nós aparecemos e fazemos o que nós temos de fazer, com determinação e com graça, nós colocamos uma marca de verificação no vento. Eu diria isso de uma perspectiva profissional, tendo mencionado algo como isso, e a nível pessoal, eu acho que a coisa que eu mais tenho orgulho são minhas crianças. Essa é a coisa mais importante, o trabalho mais importante, e não é algo fácil, especialmente quando eles crescem. Você terá que ser bem consistente, ficar na linha, e certificar-se de que você está modelando os comportamentos corretos.

Quando você encontrou sua voz?

Na nossa cultura, eu acho que isso é válido para mulheres, nós não nos sentimos super confortáveis defendendo nós mesmas. Nós não queremos parecer como se estivéssemos nos gabando ou nos promovendo. Nós tipicamente pensamos que se nós queremos fazer um bom trabalho, com bons resultados, o trabalho falará por si mesmo e as coisas certas irão acontecer, bem como promoções na carreira, mas nós sabemos que esse não é sempre o caso.

Por outro lado, nós fazemos um ótimo trabalho defendendo os outros — se você tem um colega de trabalho, alguém com quem você está trabalhando junto e emprega alguém que você acha que está fazendo um ótimo trabalho. Nós somos muito entusiasmadas, queremos ter certeza de que têm o reconhecimento merecido. Eu uso esse pequeno truque, que é pensar sobre mim como se eu fosse outra pessoa. Se eu tivesse uma colega que atingisse isso ou aquilo, como eu apresentaria isso? Por que não me tirar da situação e pensar sobre mim como uma outra pessoa? Então, eu tento manter esse objetivo dessa forma.

Eu também uso isso quando estou sentindo que estou sendo muito dura comigo por qualquer razão. Se eu perdi algo, ou algo aconteceu e poderia ter sido melhor, então eu piso fora da caixa por um tempo. Eu me chamo para um grande teste de realidade — e se, em vez de mim, fosse outra pessoa, eu seria dura assim? Eu uso esse pequeno truque e eu acho que ajuda a sermos um pouco mais objetivos quando estamos pensando sobre nós mesmos.

Eu também encorajo todos a se perguntarem o que eles querem/precisam. As pessoas não podem ler a sua mente; se você tem uma ideia, por exemplo, quer ter mais responsabilidade ou participar de um projeto desafiador, faça com que os outros saibam. Verifique com seu gerente, demonstre — mesmo que não tenha uma oportunidade neste momento, se você continuar falando sobre isso, se você sinalizar que isso é o que você gostaria de fazer, eu acho que pode trazer mais parcerias. As pessoas saberão o que você quer e, na próxima oportunidade que surgir, eles vão ter isso em mente.

O que você gostaria de ter sabido quando começou?

Eu diria, “não leve as coisas tão a sério, tudo vai funcionar, então relaxe”. E a outra coisa seria saber dar prioridade às coisas que são realmente importantes, especialmente verificar o progresso da sua carreira de tempos em tempos. Você está usando seu tempo nas coisas certas? Eu me recordo de um exercício que eu aprendi nas sessões das quais participei na Grace Hopper. Tinha uma senhora que estava falando sobre prioridade, e ela fez um exercício que eu achei muito útil. De tempos em tempos, pegue uma folha de papel; na coluna à esquerda, escreva, por ordem de importância, tudo o que é importante para você. Escreva tudo que você acha que é importante, e na coluna à direita, escreva quanto tempo você gasta nessas coisas que você listou. Qual sua maior perda de tempo? Como você compara essas duas colunas, as coisas com as quais você se importa e as coisas nas quais você está gastando seu tempo? Elas estão alinhadas? Há ajustes a serem feitos? É um exercício muito simples, mas isso pode ser muito poderoso, porque você estará olhando para isso e dirá, “uau, eu estou usando todo meu tempo em uma coisa que está no final da minha lista”. Eu realmente gostei desse teste de realidade, no qual você alinha seu tempo com suas prioridades. Essa é outra coisa, um conselho útil que eu gostaria de ter no começo da minha carreira.

Outra coisa que eu gostaria de pensar é expandir seu networking. Encontre sua turma, grupos internos e externos, e também organizações. Esteja ciente dos recursos que estão disponíveis para você. Agora, mais do que nunca, é muito fácil encontrar diversas organizações com as quais você pode se associar. Há muitas oportunidades nessas empresas e eu acho que ajuda muito. Existe um grande valor em fazer networking e encontrar oportunidades, para expandir seu alcance além das áreas apenas funcionais e pessoas com que você trabalha diariamente.

Como tem sido sua experiência trabalhando para uma empresa que lidera a indústria dos games?

Electronic Arts é um lugar fantástico, eu tenho que dizer. Eu mudei de emprego antes, então eu vim de uma grande empresa, Hewlett-Packard, para essa. Eu vim para os Estados Unidos, fiquei muitos anos na HP, onde olhamos para a EA como uma grande empresa também, mas eu via de onde eu tinha vindo, isso era HP, e a EA não era tão grande em comparação, o que para mim era perfeito.

Quando eu entrei para a EA, no início, eu amei o fato de ser grande o suficiente para ter uma estrutura de suporte e recursos, mas não tão grande como se fosse tudo já pronto e feito. Eu acredito que isso é realmente verdade até hoje, existem tantas oportunidades para moldar o trabalho que fazemos. Eu acho que não importa a área que você está, mesmo que meu próprio emprego tenha evoluído de formas que eu nunca teria imaginado. Eu tenho uma voz bem ativa em dar forma a isso, com o apoio do meu time de gerenciamento e meu time de liderança, então existe flexibilidade e abertura.

É por isso que é tão importante que você se enxergue na cultura da empresa e no ambiente em que você está trabalhando, para testar se você realmente sente um pertencimento, para que você possa se entregar totalmente ao seu eu autêntico. Eu tenho sorte, porque possuo um time de liderança fantástico que me dá apoio e crescimento em diferentes coisas.

A EA como um todo, em todos os níveis de empregados e lideranças, tem se comprometido muito com a cultura da inclusão, que está crescendo cada vez mais e mais ativamente no presente. Afinal, nós construímos jogos melhores quando os jogadores se vêem representados e refletidos nos nossos produtos, então tem sido uma jornada incrível. Eu tenho que confessar que estou muito, muito feliz em estar lá.

Espero que você tenha gostado desse podcast. Nós teremos mais entrevistas com líderes Latinxs incríveis toda primeira terça-feira do mês. Confira nosso site do Latinx in Power para ouvir mais. Não se esqueça de compartilhar comentários e feedback, mas sempre com gentileza. Te vejo em breve.

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Thaisa Fernandes
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