Procurando por representação de Latinxs nos filmes e no cinema enquanto também trabalha na área médica

Thaisa Fernandes
Latinx no Poder
Published in
17 min readJan 29, 2021

Baseado no episódio com Rosa Parra 🇲🇽

Bem-vindx ao Latinx in Power, um blog e podcast que irá compartilhar histórias de líderes Latinxs incríveis ao redor do mundo, apresentado por Thaisa Fernandes.

É um imenso prazer compartilhar essa conversa que eu tive com Rosa Parra. Rosa é chicana, nascida e criada no leste de Los Angeles. Ela se interessou por filmes desde jovem e apenas recentemente decidiu se tornar uma crítica de cinema. Rosa está trabalhando atualmente no seu bacharelado em Cinema e Estudos Midiáticos.

Eu sou uma grande fã do podcast da Rosa, Latinx Lens, sobre representatividade Latinx nos filmes e na televisão, então nós vamos falar sobre esse assunto também. Neste episódio, nós conversamos sobre por que usamos a palavra Latinx, representatividade Latinx na indústria cinematográfica e televisiva e onde pessoas Latinxs podem causar um impacto.

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O que significa ser Latina para você?

A respeito do termo, é um termo de autoproclamação, significa que apenas você pode se identificar como uma. Infelizmente, nós estamos em uma era na qual sempre tentamos julgar, e colocar uns aos outros em caixas e estamos sempre tentando checar normas sociais, mas o termo “latina”, na minha opinião, é alguém que é ou descende de países latino-americanos, que podem ser o México, ou Caribe, América Central ou América do Sul.

Em termos de autoproclamação, eu pessoalmente me considero uma latina, porque meus pais são ambos do México, eu sou uma chicana, o que significa que nasci e fui criada aqui nos Estados Unidos, mas de descendência mexicana.

Quando o termo “latina” é usado, ou quando eu ouço a palavra “latina”, penso em diversidade, penso em riqueza e culturas, tristemente, sem representação e visibilidade; ancestralidade também, porque é quem eu sou, meus modelos ideais — e, infeliz e novamente, marginalização, nós somos esquecidos frequentemente.

Eu conheço muitas pessoas que são desses países ou descendem deles que não se identificam como latinxs. Elas se identificam como hispânicas ou querem ser mais específicas e dizem que são mexicanas, porto riquenhas, dominicanas ou apenas especificam o país do qual são originalmente, o que está perfeitamente certo também. Não tem nada de errado com isso. Eu acho que esses termos, “hispânico” ou “latino”, são mais usados no contexto americano.

Eu sei que você fala bastante no Twitter sobre as palavras latina/latino versus latinx, o que é incrível, na minha opinião. Eu adoraria saber mais sobre sua perspectiva sobre isso.

Os Estados Unidos são um dos únicos países, senão o único, onde a compartimentalização é a norma. Você tem que se colocar em um grupo, o governo sempre te coloca em algum lugar, eles precisam te colocar em uma caixa.

Infelizmente, tudo começou com o termo “hispânico”. Todos que eram de algum país descendente da língua espanhola eram automaticamente considerados hispânicos, porque eu acho que havia uma preguiça de não querer saber mais sobre as pessoas e mais sobre sua ancestralidade. “Eles são de países diferentes”, então usam um termo geral e agrupam todos nós juntos.

O termo “latina/latino” também está por aí há uns anos, mas eu acho que o termo “latinx” é mais recente, se não estou enganada. O termo “latinx”, é predominantemente usado por acadêmicos, porque é novo e não são muitas pessoas que sabem sobre isso. Biologicamente falando, nós temos uma tendência a ter medo do desconhecido, então quando falamos de um termo, claro, as pessoas hesitam um pouco em usá-lo.

Na minha opinião, é um termo que tem um gênero mais neutro. Ele abrange indivíduos que não se identificam como homem ou mulher, ou não-binários. Claro, se eu sei que uma pessoa se identifica como mulher, ou como um homem, então neste caso eu vou me referir a ela usando as palavras “latina” ou “latino”, ou como quer que gostaria de ser identificada. A origem do termo propriamente, se eu não me engano, é dos próprios latinos, e de pessoas que são não-binárias. Eu acho que muitas pessoas estão tentando se distanciar da linguagem masculina e apenas tentando ser neutras, ser igualitárias a respeito disso.

Eu penso que a maior parte do argumento que eu escuto contra o uso ou a incorporação do termo “latinx” é exatamente como isso viola ou não segue certas regras do espanhol. Eu nasci na verdade aqui nos Estados Unidos, eu predominantemente me comunico através de “espanglês”. Acredite em mim, a respeito do uso apropriado da língua espanhola, eu sou a pessoa menos adequada para isso, porque nós estamos nos comunicando, ou eu me comunico, por uma combinação de inglês e espanhol.

Quando pessoas chegam até mim com o argumento de que “latinx” está violando a pronúncia ou as regras gramaticais do espanhol apropriadas, eu apenas digo que eu sou uma pessoa que fala “espanglês”. Não que eu não ligue, mas eu vou usar essa terminologia e eu vou usar a língua para me comunicar, então o que eu estou fazendo é apenas o que eu acho melhor para mim. O termo “latinx”, propriamente, não está sendo forçado às pessoas, nós apenas estamos usando quando nós achamos que é melhor ser usado. Se você não quiser usá-lo, não use.

É muito importante pelo menos saber as diferenças entre o termo “latino” e “hispânico”. “Hispânico” se refere a alguém descendente de um país que fala espanhol, o que inclui pessoas da Espanha, mas exclui brasileiros. Latino é uma identidade mais do hemisfério ocidental. O termo certamente inclui brasileiros, mas exclui pessoas espanholas.

“Latino” é mais um termo no qual nós estamos abraçando nossas raízes, celebrando nossas raízes indígenas e sendo conscientes de nossa origem. “Hispânico” tende a ser mais um termo celebrativo para os espanhóis e para os colonialistas. Então, eu me identifico como latina, claro, e uma chicana para ser mais específica, caso as pessoas precisem saber, o que é outra coisa que, francamente, me incomoda muito — que as pessoas precisam saber de onde você é.

Eu sou uma latina, mas de onde exatamente você é? Por que você precisa saber? Por que isso importa? Para que você possa apenas colocar seus estereótipos em mim e ter uma suposição ou uma percepção de quem sou, baseado em seus preconceitos e tudo mais? Não faz sentido para mim, apenas saiba quem eu sou, sem ligar para minhas raízes e meu contexto cultural também.

Como você se descreveria?

Eu sou uma chicana nascida e criada no leste de Los Angeles. É engraçado que nós não temos muita representação, quando falamos sobre filmes de Hollywood, mas qualquer pequena representação que nós temos representa quem eu sou, o que é o estereótipo chicano do leste de LA. Eu estou aqui, defendendo a representatividade para todos, enquanto eu talvez seja aquela sendo mais representada em Hollywood.

Eu nasci e vivi no leste de LA, e eu continuo morando aqui no extremo sul da Califórnia. Eu estive aqui a minha vida toda, nunca mudei daqui. Eu apenas amo o sul da Califórnia. Eu amo o clima, vai parecer um pouco doido, mas eu não me importo com os terremotos, já que eu me acostumei com isso. Eu gosto desse aspecto, é um pequeno preço que pagamos pelo clima bom.

Sobre minha vida pessoal, eu estou casada há 16 anos e tenho quatro filhas. Meu trabalho primário se dá na área médica. Eu sou uma microscopista de elétrons certificada, o que significa que sou uma técnica especializada em laboratórios; trabalho em um hospital aqui em Los Angeles. Eu amo tudo que eu estou fazendo também com o Latinx Lens, e resenhar filmes é mais como um hobby. Eu amo a área médica e científica, são simplesmente a minha paixão.

Durante a situação de pandemia, trabalhar na área médica tem sido difícil, porque, infelizmente, existe a mídia e a desinformação que está circulando, e nosso governo não é o melhor em lidar com a pandemia. Eu estou na linha de frente, não como médica ou enfermeira, mas estou no laboratório. Estou recebendo as amostras, as biópsias dos pacientes que têm o vírus.

Tem sido frustrante ver o que esse vírus está fazendo e tudo que está acontecendo com os pacientes. Nós apenas vemos nos noticiários que muitas pessoas não estão tomando as medidas preventivas aconselhadas ou não estão levando a sério, porque acham que não é real, que é um boato. É triste.

Lamentável, pois eu tenho que ir para o trabalho cerca de 15 minutos antes de começar meu turno, eu tenho que passar por uma triagem. Todos os dias antes de começar o trabalho, eu tenho que chegar cedo, verificar minha temperatura, fazer todas essas coisas para me certificar de que eu não tenho a doença. E, depois, tenho que entrar, trabalhar e fazer o que preciso fazer.

Tem sido difícil, apenas, trabalhar na área médica e ver tudo que esse vírus é capaz de fazer, mas eu acho que é mais difícil, para mim, ver o aspecto externo disso e como os políticos estão usando isso como movimentação política para seus próprios jogos. Alguns deles não estão necessariamente se importando com a vida desses pacientes, eles não estão levando o vírus e a pandemia a sério, que é como deveria ser supostamente levada.

Você é uma das apresentadoras do podcast Latinx Lens, no qual você e Catherine Gonzalez falam mais sobre a representatividade Latinx nos filmes e televisão. Conte-nos quais foram os motivos principais para criar seu podcast.

No primeiro episódio do podcast, nós vamos bem a fundo nesse assunto e em como o podcast tornou-se um pouco sobre eu mesma e um pouco sobre Catherine. Eu estava participando de uma matéria chamada “Raça e gênero no cinema americano” e, naquela semana, supostamente, iriamos focar na representatividade de americanos nativos, asiáticos-americanos, latinos e hispânicos e suas contribuições em filmes e na televisão. Isso poderia ter sido uma bandeira vermelha desde o início, certo, quando você tem três diferentes demografias em apenas uma semana?

Eu estava animada, não conseguia esperar e queria aprender sobre o que latinxs e hispânicos tinham feito, sua contribuição para a indústria cinematográfica e de Hollywood durante uma história de aproximadamente 100 anos. Nós estávamos usando um livro com textos, cerca de 500 páginas de textos a serem lidos.

Depois de ler uma página e meia, apenas isso, sobre latinos e hispânicos, o que eles tinham contribuído e o que tinham feito por Hollywood, foi muito decepcionante, porque algumas semanas antes disso eu tinha escrito um artigo sobre uma das atrizes do cinema mudo da década de 20, em Hollywood, seu nome era Dolores Del Rio. Ela era uma atriz mexicana que começou em Hollywood e depois, eventualmente, voltou para o México, e fez parte dos anos dourados do cinema mexicano. Eu estudei sobre ela, li suas biografias e depois escrevi um artigo sobre ela. Era para o Women’s History Month. Eu provavelmente escrevi mais sobre ela, apenas uma atriz, do que aquele livro todo contava sobre nossa história.

Isso foi muito decepcionante. Então, eu fui no Twitter e postei sobre isso. Eu postei um tweet perguntando se alguém tinha interesse em ouvir ou considerar ouvir um podcast no qual destacaria e esmiuçaria latinxs e nossa representatividade em filmes e afins. Para minha surpresa, o suporte foi imensamente positivo e eu tive muita sorte que a Catherine tenha respondido meu tweet.

Ela comentou e se voluntariou para me ajudar. Nós duas trabalhamos juntas desde sempre, nós tivemos todas essas ideias e agora estamos aqui. Eu acho que de certa forma, eu dedico isso àquela página e meia de conteúdo, porque graças a isso nós temos o Latinx Lens. Foi decepcionante ler aquilo sobre a história do cinema. Nossa história tem sido apagada ou está sendo limitada, ou apenas removida desses livros didáticos.

Também porque Catherine e eu nos conhecemos no Twitter e nós lemos sobre a jornada uma da outra e tudo mais, provavelmente um ano ou dois antes do Latinx Lens passar a existir, mas, uma vez que você se familiariza, tenta construir aquela química e uma relação genuína e autêntica. Nós nunca nos encontramos pessoalmente, eu estou aqui na Califórnia e ela está no Texas.

A falta de representação é certamente nossa motivação. Não é necessariamente assim, nós tentamos compreender à medida que continuamos, tentamos mergulhar em filmes antigos de Hollywood, atores e atrizes. Nós sabemos muito pouco deles. Pessoalmente, eu pensei que iriamos ficar sem conteúdo, que nós esgotaríamos cineastas, atrizes e atores para falar sobre. Mas não, a lista é muito longa.

Eu acho que o que nos falta aqui é trazer consciência para todo o trabalho, e apenas ter uma plataforma para destacar e só dedicar um episódio para cineastas, atrizes e atores que estavam fazendo isso o tempo todo, mas não tiveram a mesma atenção que seus colegas, predominantemente brancos.

Onde latinxs podem causar um impacto, na sua opinião?

Eu acho que nós temos essa ideia de que latinxs estão apenas limitados a fazer certas coisas e, infelizmente, isso vem da falta de história, que não foi ensinada em nossas escolas. Além disso, a falta de história em geral — isso pode ser na história do cinema, pode ser história política ou isso pode ser história, em geral. Nós construímos essa noção de que nós não existimos, então sentamos em frente à televisão ou vamos ao cinema e vemos a representação que eles fazem de nós.

Nós apenas nos vemos como criminosos, imigrantes, pessoas que limpam casas, fazem figuração ou pessoas que são babás — e é isso. Eu estou falando como alguém que vive em Los Angeles, é 50% latina, predominantemente mexicana, também da Califórnia, que foi parte do México por um tempo. A história com o país é bem extensa, mas nós não vemos essa representação toda. Eu trabalho na área médica e nunca vi minha história ser contada na televisão.

Talvez a televisão leve um pouco de vantagem sobre os filmes, porque há um pouco mais de representatividade. No sentido de que Hollywood tem muito a se atualizar. Eu já conheci médicos, advogados, professores universitários, já conheci uma gama variada de carreiras onde latinxs estão presentes, mas nós simplesmente não vemos isso ser representado no cinema, nós não vemos isso na televisão com tanta frequência.

Nós estamos por toda parte. Nós sempre estivemos aqui, desde médicos até assistentes médicos e profissionais da medicina; profissionais da área de saúde até advogados; desde políticos até ativistas de direitos civis e trabalhadores rurais, com quem nós não seríamos capazes de sentar na mesa e comer. Nós queremos esses trabalhadores rurais colhendo comida para a gente. Nós estamos em todos os locais, eu acho que é só uma questão de oportunidade e de dar a mesma vantagem — não vantagem, mas a mesma oportunidade. Quando eu defendo a representatividade, defendo não apenas a representação na frente da tela, mas também em direção, roteiro e produção.

Além disso, eu sou uma crítica de cinema também, e isso se reflete diretamente quando você vê 80% ou 90% dos filmes de Hollywood sendo dirigidos por homens brancos. Não é uma surpresa ver que 75% dos críticos aprovados no Rotten Tomatoes são homens brancos também.

Quando você tem homens brancos falando sobre filmes de homens brancos, claro que é bem tendencioso, ter apenas uma lente, nos dizer qual filme assistir e classificar filmes apenas por conta de suas próprias experiências. Eu defendo a representatividade de forma geral. Quando eu defendo isso, eu não quero que você me contrate como uma crítica de filmes porque eu sou uma mulher de cor, eu quero que você me contrate por conta dos meus talentos, por causa das minhas capacitações. Eu quero ser representada, que diretores e cineastas sejam contratados por quem eles são.

Tudo que eu quero é que seja dada a eles a mesma quantia de chances e as mesmas oportunidades. Deem a eles entrevistas. Apenas nos deixem entrar por essa porta. Apenas nos deem a entrevista e aí nós mostraremos o que nós temos. Isso é tudo que eu peço. Eu não quero que nada seja dado para nós, eu quero apenas que nos chamem para entrevistas de emprego e nós mostraremos o que somos.

Me fale sobre a primeira coisa que vem à sua mente quando você ouve essas frases:

Seu superpoder

Maternidade. Eu acho que todas as mães são super heroínas. Nós conduzimos e desenvolvemos essa habilidade de fazer múltiplas tarefas, nós podemos fazer 10 coisas ao mesmo tempo, e nós ainda fazemos tudo isso com duas horas de sono.

Um sonho

Igualdade por todo o espectro. Eu sei que, quando eu defendo a representatividade latino e latina, eu vou obviamente deixar de fora outras demografias que são talvez ainda menos representadas. Eu desejo igualdade para todos, apenas que a mesma quantia de representação seja dada a todos.

Lugar favorito

Meu carro, que é também meu sonho e meu local favorito. Quando eu estou dirigindo até o trabalho, ou dirigindo do trabalho, é o meu único momento sozinha, então eu consigo pensar bastante. Grande parte do meu processo criativo acontece quando eu estou dirigindo. Na verdade, o nome Latinx Lens surgiu quando eu estava dirigindo.

Eu também sou uma editora-assistente do Idol, que é um site dedicado à representação feminina nos filmes e na televisão. Nós estamos falando sobre “lentes latinxs” (Latinx Lens), o termo pode ser utilizado de diferentes maneiras. Podemos utilizá-lo quando eu e Catherine explicamos como estamos vendo os filmes da nossa perspectiva, mas também como as lentes das câmeras de Hollywood estão nos representando, como eles têm desenvolvido nossas “lentes latinxs” e como, então, a sociedade está olhando para nós, como eles têm nos representado.

Um filme

O Preço do Desafio, de Ramón Menéndez, talvez seja meu filme favorito de todos os tempos, e o filme ao qual eu mais assisti. A história se passa no leste de LA e fala sobre um professor de matemática, Jaime Escalante, que dava aulas de matemática na Garfield High School, onde eu estudei. Ele foi capaz de ensinar Cálculo a um grupo de 18 alunos do ensino médio e os ajudou a passar na prova de Cálculo AP (Advanced Placement Calculus). Claro, são pessoas com um baixo poder aquisitivo, eles não eram vistos como alunos brilhantes que vão para a faculdade. Ter predominantemente Latinos fazendo essa prova é algo que eu nunca ouvi falar sobre. Não era nem possível pensar sobre essas crianças sendo capazes de fazer a prova, ainda mais passar — e do jeito como elas concretizaram isso. Esse filme teve um grande e longo impacto em mim, quando eu estava tendo aula de cálculo na faculdade, eu assisti a esse filme três ou quatro vezes na semana, apenas como uma forma de motivação.

O que Latinx Lens te trouxe e você não esperava?

Pela primeira vez, isso me fez pensar por que eu via as coisas de uma certa maneira, meus próprios preconceitos, minhas próprias perspectivas. Evidentemente, isso me fez pensar sobre por que nossa comunidade é representada dessa forma, ou por que é invisível.

Me fez pensar sobre muitas coisas que eu nunca teria parado para pensar sobre, se eu não estivesse fazendo esse podcast. Me ajudou a abrir meus olhos para histórias diferentes e me fez ser mais humilde, me permitiu ser mais aberta a aprender outras histórias. Isso também me ajudou a entender e estar aberta a ver as perspectivas das outras pessoas.

Isso inclui as pessoas que pensam diferentemente de mim, pessoas que têm diferentes crenças políticas ou qualquer fé religiosa ou qualquer coisa diferente da minha. Eu vim para aprender com a experiência e tem sido um impacto filosófico maior do que eu esperava. Estou mais aberta a entender e tentar ouvir qualquer pessoa com pontos de vista diferentes dos meus. Isso é algo que eu provavelmente nunca teria pensado sobre, se não fosse pelo podcast.

O público aprendeu sobre esses atores e cineastas que foram inovadores o tempo todo. Nós acabamos de gravar um episódio sobre Gomez Addams, que eu apenas conhecia da Família Addams. Nós entramos em detalhes da sua filmografia, assistimos ao documentário sobre ele, e foi tão fascinante que eu também aprendi a importância da representatividade.

Sempre me perguntam: por que importa quem está retratando o personagem na história ou no filme? Eu entendo o argumento, mas depois de ver o documentário sobre Raúl Rafael Juliá que é Porto Riquenh. A primeira coisa que eles perguntaram a ele foi quem o inspirou, quem o inspirou a seguir essa jornada e fazer isso tudo. Ele disse, Jose Ferrer, que foi o único latino a ganhar um Oscar como protagonista na história da Academia, há 90 anos, em 1950.

José Ferrer também é um latino, também Porto Riquenho, e ele conseguiu ganhar no papel de Cyrano de Bergerac, que também é uma peça de teatro. Não existisse nenhum José Ferrer, não existiria nem Raúl Rafael Juliá; sem Raúl Rafael Juliá, nós não teríamos o Lin-Manuel Miranda agora, que também tem sido um sucesso no teatro por conta dessas duas pessoas anteriormente.

O que mais adiante valida a importância da representatividade, se você não se vir lá e não vir pessoas que se parecessem com você, falam como você, com quem você consegue se identificar, você não será capaz de vencer um Oscar. Essas pessoas com quem você pode se identificar nos filmes, como A Família Addams, que todo mundo conhece, elas serão tradições no Halloween, então todas as novas gerações vão saber quem é Gomez Addams por conta de seus filmes.

Se nós não temos essas influências, se não temos os exemplos a serem seguidos, nós apenas pensamos sobre nós mesmos como limitados a certos sonhos, quando nós podemos ir lá fora e fazer o que a nossa mente se propõe a fazer. Voltando às pessoas que me perguntam “por que importa quem está por trás disso, não é a performance que importa?”, a verdadeira história importa, a performance importa, mas quando falamos de cinema e televisão inconscientemente desenvolve-se esse estereótipo e esse preconceito sobre certas demografias.

Vai importar quando você tem latinxs, negros e todas essas minorias apenas como criminosos, porque muitas crianças assistirão isso. Você não sabe o que está acontecendo, eles não sabem que esses filmes não são reais. Eles vão pensar que apenas esses tipos de criminosos existem.

Quais são os melhores recursos que tem te ajudado ao longo do caminho?

Educação foi o principal. Agora, eu estou trabalhando no meu bacharelado em Cinema e Estudos Midiáticos, também estou trabalhando em outra formação científica e em um curso de Estudos Chicanos também. Então, eu estou trabalhando em três bacharelados no momento.

É inacreditável que eu tenha que pagar e fazer esse curso para aprender mais sobre minha própria história. O Estudos Chicanos é realmente sobre minha própria história e isso tem certamente aberto meus olhos para muitas coisas. Por exemplo, como os filmes influenciaram nisso, porque Hollywood é predominantemente controlada por homens brancos heterossexuais.

Como eles conseguiram representar todos nós nos EUA? Como isso influenciou muito na justiça social que estamos ainda experienciando atualmente? Não faz tanto tempo que ainda havia marchas acontecendo do movimento Black Lives Matter e do movimento #metoo também.

Eu também comprei muitos livros durante a pandemia. Eu nunca li tantos livros na minha vida como eu tenho feito nos últimos meses. Livros, autobiografias, livros de memórias, e livros sobre a história do cinema. Existem tantos livros sobre latinos e nossa influência em Hollywood, que às vezes é apenas uma questão de procurar por eles e obtê-los.

Claro, Google sempre dá uma mãozinha, quando necessário. Uso predominantemente apenas para obter os anos, os cineastas e as pessoas do roteiro de filmes específicos, mas não é a minha única fonte de pesquisa.

Qual conselho você daria para você mesma 5 anos atrás?

Nunca pare de tentar. Nunca pare de trabalhar. Não perca a vontade de aprender. Não permita que seus medos e inseguranças turvem suas decisões, nós precisamos enfrentar nossas inseguranças de frente. Isso, talvez, possa ser um pouco hipócrita da minha parte, porque estou trabalhando nisso eu mesma. Eu tenho muitas inseguranças a serem trabalhadas, especialmente mais autoestima. Isso é algo no qual eu estou trabalhando, fui capaz de participar de podcasts, ser convidada para vídeos no Youtube e mais. Então, eu estou chegando lá. É algo que eu nunca teria feito, se você tivesse me perguntado isso há alguns meses.

Apenas nunca desista. Como uma mulher e mãe de quatro filhas, quatro garotinhas que estão crescendo para serem mulheres, eu acho que o melhor conselho que eu poderia dar a mim e daria a elas é nunca se permitir a se preocupar muito com as normas sociais de ser uma mulher ou ser muito feminina. Não seja legal demasiadamente, não deixe as pessoas te julgarem ou apenas assumirem suas capacidades. Saia por aí e faça o que nós temos de fazer, não gaste muito tempo seu se preocupando se está sendo legal o suficiente, se eu serei chamada de p*** ou se estou cumprindo meu papel, porque no final do dia, isso não vai importar. Você nunca vai agradar a todos, então apenas vá lá. Seja a pessoa mais destemida que você puder ser, apenas alcance o que nós saímos para alcançar.

Espero que você tenha gostado desse podcast. Nós teremos mais entrevistas com líderes Latinxs incríveis toda primeira terça-feira do mês. Confira nosso site do Latinx in Power para ouvir mais. Não se esqueça de compartilhar comentários e feedback, mas sempre com gentileza. Te vejo em breve.

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Thaisa Fernandes
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