Ser uma Gerente e Liderar um Time de Design de Produtos como uma mulher imigrante

Thaisa Fernandes
Latinx no Poder
Published in
17 min readJan 27, 2021

Baseado no episódio com Thelma Neves 🇧🇷

Bem-vindx ao Latinx in Power, um blog e podcast que irá compartilhar histórias de líderes Latinxs incríveis ao redor do mundo, apresentado por Thaisa Fernandes.

Thelma Neves é Gerente de Design de Produtos na BT. Ela é uma Latinx in Power, porque ela é uma brasileira que decidiu seguir os seus sonhos, mudou-se para o Reino Unido e trabalhou como Gerente de Design por um bom tempo.

Thelma tem uma graduação em Design Gráfico e um mestrado em Design de Comunicação. Ela iniciou sua carreira como Designer Gráfica e transicionou para Experiência de Usuário ao longo dos anos. Thelma tem experiência em gerenciar times de design tanto do lado da agência como do lado do cliente.

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Como você descreveria sua jornada?

É engraçado pensar sobre isso como uma jornada, você nunca pensa sobre isso como uma jornada, porque é apenas a sua vida. Mas, sim, tem sido uma jornada. Essa pergunta me fez pensar em como 13 anos atrás eu me mudei para o Reino Unido. O que eu tenho feito? Por que eu fiz aquilo? Começo a tentar lembrar por que tomamos as decisões que tomamos. Eu penso que tudo começou há 13 anos, ou talvez 14, quando eu tentei fazer um dos meus mestrados. De fato, movi montanhas no Brasil para tentar fazer aquilo acontecer. Tive que até que mudar de emprego.

Eu estava trabalhando, na época, em uma equipe da marca de moda chamada Thaís Gusmão, e eu amava o trabalho lá, mas eles não pagavam tão bem. Eu fui para uma agência que me pagaria melhor, então poderia começar a guardar dinheiro para o mestrado. Naquela época, eu queria ir para a Itália ou Espanha, mas quando comecei a pesquisar, percebi que precisaria de um bom nível de conhecimento nas línguas, e meu espanhol ou italiano era igual a zero. Eu potencialmente poderia ir para os Estados Unidos ou para o Reino Unido, porque tudo era em inglês. Minha habilidade em inglês não era tão boa quanto agora, claro, mas era ok para fazer o mestrado.

Eu sabia que minha melhor amiga estava morando em Bournemouth, Reino Unido, e eu perguntei para ela como estava vivendo lá. Ela disse que eu poderia ir morar com ela. Depois de uns meses, guardei dinheiro, comprei as passagens e fui para o Reino Unido. Eu comecei a morar com ela, era muito legal. Como ser uma pessoa nova morando em um país estrangeiro é sempre tão legal, eu conheci muitas pessoas, e ela também tinha muitos amigos.

Eu comecei a fazer o mestrado, terminei em um ano. Naquela época, no Reino Unido, eles estavam oferecendo dois anos de visto de trabalho para estudantes, então pedi e consegui o visto. Depois de nove meses, eu estava enviando currículos, fazendo entrevistas, procurando por empregos. Eu finalmente consegui um trabalho como designer gráfica em uma empresa finlandesa, para cobrir uma licença-maternidade. Não era perfeito, como um emprego permanente, era apenas um trabalho temporário, durante a licença-maternidade.

Aquilo era realmente empolgante, porque era o meu primeiro emprego, eu não conseguia acreditar. Eu, de fato, impressionei eles. Era muito divertido, era o meu primeiro emprego no Reino Unido, me ensinou muito sobre como me comunicar com stakeholders, como fazer apresentações e como criar uma narrativa. Eu ganhei confiança naquilo, me ensinou a como liderar projetos. Aquilo era realmente bom para mim, para construir confiança e ter conhecimento sobre os métodos e ferramentas da indústria. Esse trabalho também me ajudou a chegar onde estou hoje. Eu acho que essa foi praticamente a minha base para aprender como é trabalhar aqui.

Claro que as coisas eram diferentes no Brasil, já que eu tinha conhecimento sobre o país e a cultura, mas quando você está em um país diferente existe uma cultura diferente, diferentes maneiras de fazer as coisas. É praticamente como se você precisasse reaprender tudo também. É muito engraçado e interessante, não é? É interessante, porque existe a língua, que exerce um papel enorme, mas existe também a cultura, os produtos diferentes e a maneira de fazer coisas. É uma coisa assustadora, mas muito empolgante, faz você querer aprender mais e mais o tempo todo, faz você querer fazer coisas, então foi muito, muito bom para mim.

Hoje, eu trabalho como gerente de design de produtos para a BT, que significa British Telecommunications. No grupo BT existem três marcas, sendo BT, EE, e Plusnet. Eu amo trabalhar para essa empresa. Eu vejo como cheguei lá, isso faz sentindo, completamente, porque eu sempre quis trabalhar para uma empresa que coloca o cliente em primeiro lugar, ou à frente de tudo que fazemos. E eles estão fazendo as coisas de uma forma completamente diferente.

Mesmo antes de me candidatar a esse emprego, eu descobri que eles estavam se reestruturando na época, e apontaram duas novas funções, gerente de design e diretor de design. BT é uma empresa com muita tradição e diferentes maneiras de trabalho, trazer cada função nos pedidos significava que eles estavam fazendo mudanças no modelo deles, que estavam fazendo mudanças para melhorar basicamente o time digital e o time de design também, achei aquilo muito interessante. Foi aí que eu me candidatei para gerente de design de produtos e consegui a vaga de trabalho.

Nós temos 106 designers em quatro locais, então temos dois cérebros. É um local muito empolgante para se estar trabalhando neste momento, porque eu acho que estamos mudando diariamente, nós estamos mudando a forma como fazemos design, quando nós falamos sobre os usuários, como nós resolvemos problemas, como nós mudamos comportamentos — é sobre isso tudo, o que é muito emocionante.

O que significa ser uma Latina para você?

Eu acho que ser Latina significa ter orgulho de ser apaixonada pelo que nós fazemos e por quem somos, o tempo todo. Meu marido sempre brinca comigo sobre isso, ele diz que não importa o que ou como as coisas são feitas no Reino Unido, no Brasil é 20% melhor, porque eu sempre brinco com ele dizendo, “no Brasil nós fazemos as coisas dessa maneira e é muito melhor”. Eu sou apaixonada e tenho orgulho em ser brasileira, minha cultura e minha herança, então sempre falo isso.

Talvez, por eu estar tão longe por tantos anos, penso que eu estou sempre tentando trazer minha cultura para minha casa. Eu ouço músicas brasileiras e cozinhar os pratos é sempre uma parte importante da minha vida. Eu acho que comida, família e amigos são nossa base, então eu sempre os tenho na minha vida. Agora, eu sou casada, eu tenho aquele outro lado da família também, eu fui apaixonada por tudo que vem com a minha cultura, minha cultura brasileira e minha cultura Latinx.

É engraçado pensar como você pode mudar as pessoas também, no processo — e para melhor. A família do meu marido, meus sogros, nunca costumam abraçar ou beijar. Quando eu percebi isso, eu achei que era surreal, então comecei a abraçá-los, e agora eles não conseguem deixar isso de lado. Eles gostam de beijos e abraços. Notei o quão divertida e poderosa nossa cultura é e a forma como nós tratamos as pessoas, a forma como acolhemos as pessoas nas nossas vidas, casas, e como as pessoas de outras culturas apreciam isso também.

Qual é a sua melhor dica para fazer do mundo um lugar melhor?

Eu acho que há muito a ser feito. Eu penso que se você gosta de mudar o lado mundano das coisas, tem muitos diálogos sobre mudança climática, sobre redução da emissão de carbono. Especialmente agora que nós estamos pensando sobre o futuro, nós pensamos sobre o impacto dos nossos produtos, o quanto isso afeta nossos serviços. Nós vendemos celulares, vendemos dispositivos, vendemos essas coisas. Como elas irão refletir em 10, 20, 30 anos?

Existe uma parte disso, mas eu acho que, como pessoa, eu sempre tento dar o meu melhor. Agora, eu penso ainda mais sobre esses diálogos, por exemplo, quanto de água é gasto para produzir uma peça de tecido para uma camiseta. Há muitas questões sobre hábitos alimentares, como, por exemplo, o de comer menos carne. Estou comprando livros para me ajudar a pensar sobre novas receitas, para, na verdade, não comer mais carne.

Aqui, no Reino Unido, nós somos muito bons em reciclagem, nós reciclamos muito e tentamos não desperdiçar comida também, isso é muito importante para mim. Estou tentando plantar frutas e vegetais no meu jardim, porque acredito que toda ajuda é válida. Eu tento aprender bastante com os outros, então, ao mesmo tempo, eu tento ensinar os outros, eles podem aprender algo também. Eu sei que algumas pessoas estão se tornando vegana e reduzindo a quantidade de carne que elas comem, não precisa de muito e eu acho que é um pequeno passo, que é manejável. Até os pais do meu marido estão provando pratos veganos para reduzir a quantidade de carne que eles comem e, na verdade, melhorar o estilo de vida deles. Eu acho fascinante, até a minha mãe no Brasil compartilha as receitas dela e ela é uma cozinheira maravilhosa, pode cozinhar qualquer coisa. Eu acho que aprendi como amar vegetais, então como de tudo.

Me fale sobre a primeira coisa que vem à sua mente quando você ouve essas frases:

Lugar favorito

Qualquer praia no Brasil. Eu acho que algo maravilhoso acontece no Brasil, se você for para qualquer praia você tem tudo. Você pode ter drinks, pode comer, você pode fazer o que quiser. Meu marido Tom, seus dois irmãos e minha cunhada foram para o Brasil comigo uma vez, e eles acharam maravilhoso. Eles falaram, “uau, você pode comprar óculos de sol e você pode também tomar um drink. Tão engraçado”.

Reino Unido

Aquela parte piegas da chuva, porque chove aqui o tempo todo, mas pelo lado positivo, eu diria que o Reino Unido foi o lugar onde meu marido me ensinou a surfar. Eu estava sozinha aqui no começo, acho que isso me trouxe um tipo de conexão entre o meu lugar favorito, a praia, embora aqui não seja tão quente quanto o Brasil — e continua sendo o mesmo local que eu gosto. Eu tenho uma conexão com a água, nós moramos perto de água aqui também. Nós moramos em um vilarejo muito pequeno em uma cidade a 10 minutos da praia a pé. Eu me considero muito sortuda por estar morando aqui, é maravilhoso. Eu apenas amo o silêncio daqui também. Por ser de São Paulo, onde tudo é lotado, vir para um lugar completamente oposto, que é muito relaxante, é definitivamente muito legal.

Seu superpoder

Eu estava em uma reunião hoje, e essa pessoa fez um comentário sobre eu ter esse superpoder de reunir pessoas e conseguir ajuda de todo mundo, então todo mundo quer me ajudar. Eu acho que eu tenho o poder da persuasão e de reunir pessoas.

Quando essa pessoa disse isso para mim, ela estava, na verdade, me elogiando por fazer o trabalho que estamos fazendo agora, e como eu consigo fazer isso tão rapidamente e tornar todo mundo tão envolvido em tudo.

Eu adoro trabalhar em equipe, unir todo mundo e trazer todos a bordo. Eu sei como ir atrás do que eu preciso para que eu também não perca tempo, esforço das pessoas, ou qualquer coisa. A comunicação, também, eu penso ser uma ótima recompensa.

Uma surpresa

2020, com certeza.

O que você gostaria de ter sabido quando você começou sua carreira?

A coisa que eu queria dizer para mim, se eu pudesse voltar no tempo, seria: “é ok falhar”. Eu acho que quando eu era mais jovem, eu tinha essa percepção de que tinha de ser perfeita, e que o trabalho deveria ser seu posicionamento. Agora, que eu sou gerente, estou treinando os designers no mercado. Eu acho que é importante criar um ambiente seguro, no qual nós possamos ser honestos quando as coisas dão errado, bem como celebrar aprendizados e ter menos expectativas.

Como nós controlamos as coisas é bem importante também. Para mim, é quase como parar o barulho vindo deles e deixar a equipe fazer o trabalho que está destinada a fazer, por exemplo, fazer pesquisa, aprender com os usuários, teste de usuário e aprender como uma equipe de design. Nós somos guiados pelas necessidades dos usuários, e tudo que nós fazemos é baseado em evidência. Nós confiamos uns nos outros, temos a liberdade de tentar, nós falhamos e continuamos aprendendo, todos nós.

Na BT, temos esse processo que criamos internamente chamado construir, medir e aprender (BML, do inglês, build, measure and learn). Essencialmente, serve para aprender rapidamente, com melhorias contínuas. Eu acho que é importante para uma designer, que você tenha a liberdade de ser capaz de errar e aprender com as coisas que não deram certo. Não são nem mesmo as falhas, é só que você nunca saberá até você de fato testar, até deixar disponível para o cliente e para você, para conseguir evidência.

Você coleta os dados que conduzem a performance para aquela equipe em particular. Eu acho que é realmente importante como designer, você tem de entender que você precisa se deixar levar de outra forma, quase como um impacto no seu trabalho, porque você entende que sempre se preocupa com sentimentos. Eu acho que é importante ensinar isso para os outros e seria bom saber isso no começo.

Nós temos esse ditado no trabalho de que não importa o que nós vamos fazer, isso não será perfeito, então se você acha que isso não é o correto. Se você tem esse pensamento, não deveria. Isso não deve te segurar, basicamente. Apenas faça a coisa mais importante primeiro, seja o mais criativa que você conseguir, leve tudo em consideração pelo que você está tentando entregar. Eu acho que você deve lançar a sua criatividade ao céu, porque, se a percepção é essa, bem, o que eu tenho a perder, se o resultado vai ser algo que nós teremos de atualizar, de qualquer forma, por que ter medo, hesitar?

O que você mais gosta sobre ser gerente?

Eu amo tudo sobre ser uma gerente. Eu amo gerenciar pessoas e treiná-las. Eu amo entender suas frustrações e discutir ideias sobre como posso aplicar minhas habilidades e minha própria experiência para ajudá-las. Eu acho que, antes de ser gerente, eu sempre estava frustrada com certas coisas ou com o processo. Eu sempre pensava que se eu tentasse ser uma gerente, talvez eu pudesse de fato ajudar, mudar coisas e tornar as coisas melhor.

Quando eu consegui meu emprego como gerente, eu pensei, “okay, agora eu posso fazer as coisas diferente”. Nós podemos definitivamente ter aqueles diálogos em equipe com stakeholders, começar a mudar a forma como nós trabalhamos internamente. Eu acho que é o que eu amo também, eu amo ser capaz de fazer isso e fazer a diferença. Todos já tiveram um gerente ruim na carreira, eu gostaria de nunca ser esse tipo, eu gostaria de tentar ser diferente, fazer a diferença para meu time, para meus subordinados diretos e pelo que nós fazemos internamente também.

Sobre o que você tem curiosidade neste momento?

São tantas coisas, como eu digo sempre. Sou uma gerente de design de produtos, acabei recentemente de mudar de equipe, e agora nós estamos trabalhando com visão e estratégia para o produto. Eu estou absolutamente amando. Eu nunca tinha trabalhado com isso antes, eu sempre quis fazer esse trabalho, mas nunca tive a chance. Eu estou muito curiosa sobre como posso influenciar, como eu posso contribuir, como posso trabalhar em equipe, unir mais times e trabalhar ainda mais colaborativamente, como nós vamos começar a de fato construir essa visão, que é uma estratégia, que, na verdade, irá se tornar um backlog. Eu amo o fato de ser capaz de trabalhar nisso e estar contribuindo para isso.

Eu comecei a trabalhar nessa empresa que estou neste momento em uma área específica. Eu tive a oportunidade de ser capaz de mudar de uma área de serviços para a área de vendas, e o trabalho mudou de cenário, desfecho e de ritmo. Eu acho que isso de fato encaixa em mim como pessoa, porque sou super calma. Eu preciso ter algo com o qual possa trabalhar e ficar entusiasmada. Eu preciso estar aprendendo o tempo todo, me comunicando com o time, e encontrei na área de vendas muito disso. É um processo bem mais envolvente e é sobre todos trabalharem juntos.

A beleza disso é que todos desse time e dessa área chegaram até lá em uma promoção. Quando você trabalha com cliente, você termina o seu contrato e está pronta para a promoção. É aquela jornada, basicamente, e todos são novos na área. Há outras pessoas vindo de outras áreas, novos empregados, e tem muitas mulheres, o que é maravilhoso. Nós nos chamamos de mulheres poderosas, porque, literalmente, é muito empolgante ter uma mulher como chefe de produtos e outras mulheres em posições de liderança, porque eu acho que sou a única mulher gerente de design de produtos na equipe. Para mim, ser possível trabalhar com outros e aprender com isso é emocionante e maravilhoso. Eu me encontro em uma boa posição, estou aprendendo todos os dias. Estou sempre feliz em dividir meus aprendizados com eles também, e eles são muito receptivos, é agradável.

É muito bom estar em condições de mudar de trabalho, é muito interessante também a experiência que eu estou tendo. Se eu não estou empolgada sobre mudar para uma nova área internamente, e eu não fico interessada em um novo desafio, eu acho que está na hora de repensar as áreas ou o trabalho. Tentar refletir sobre o que você está fazendo e refletir sobre onde você quer que sua carreira esteja. Se você não tem esses desafios e períodos emocionantes, nos quais você acha que está aprendendo e crescendo, é muito difícil ficar na empresa, é quando você tem um clique.

Você pode se perguntar, “eu acho que atingi o limite de tudo que eu poderia alcançar, em termos de aprendizado?”. Você decide internamente na sua cabeça e segue adiante. Eu acho que é uma coisa natural. Acho que todos sabem onde querem chegar nas suas carreiras, e sobre seu progresso também.

Se você é uma designer e quer aprender a ser uma gerente ou se você quer mudar para outras áreas, porque você já aprendeu tudo na anterior, esse é o momento no qual você segue e tenta embarcar em uma jornada diferente, basicamente. Eu acho que isso é muito importante de realmente prestar atenção, e também pensar sobre se você está empolgada com seu trabalho, seu time e o que você está fazendo, porque isso é definitivamente importante.

Qual é a qualidade mais importante que uma Designer de Produtos deve ter?

Eu acho que um desafio que muitos designers de produtos enfrentam, é se deveriam se aprofundar mais, ou expandir suas habilidades. Eu acho que, dependendo de onde você trabalha, você literalmente precisa saber tudo. Às vezes, não há produtos especiais, e, hoje em dia, eu acho que nós temos essa sensação de um unicórnio ideal, que deve saber UI e UX. São muitas habilidades e ferramentas, e muitas coisas para saber. Existe tanta informação lá fora que é muito fácil de se sentir saturada.

Eu acho que é importante focar seu tempo em coisas que importam de fato, e que te farão uma designer melhor a longo prazo. Se você gastar seu tempo em livros ou assuntos específicos, você pode acabar perdendo em outras coisas que podem ser importantes para sua carreira, basicamente.

Ferramentas e metodologias, você pode aprender muito facilmente, mas tem outras coisas que eu acho que são tão importantes quanto, como comunicação. Você precisa ser capaz de passar a mensagem adiante de uma maneira fácil e interessante, isso faz toda a diferença. Nós interagimos com os colegas de trabalho, usuários, empregados, e, claro, com os clientes stakeholders, durante o projeto. Ser boa em comunicação é um elemento chave para fazer com que as coisas aconteçam, de fato.

Outro bom exemplo é a narrativa, se você consegue fazer isso, eu acho que essa é uma habilidade que você terá pelo resto da vida. Outra coisa é a facilitação, não apenas workshops, mas também ser capaz de lidar e usar dinâmicas de grupo para fazer com que a equipe alcance o melhor resultado no menor tempo possível. Se você já tem isso combinado com boas habilidades de comunicação, você já é incrível. É ótimo ter habilidades sociais que podem te ajudar a trazer sinergia para a equipe, quando você é parte de uma equipe. Você precisa ter sinergia para criar esse diálogo, precisa ser honesta com o outro, vocês são dependentes uns dos outros.

Eu acho que isso meio que me leva ao meu terceiro exemplo, que é ter empatia, o que não é realmente uma surpresa, porque você precisa ser empática. Você precisa ser capaz de aprender, e de ouvir os outros, especialmente como uma designer. Essa é a natureza do nosso trabalho, aprender a enxergar, entender o mundo sob a perspectiva de outra pessoa, e ser capaz de se conectar com elas.

E a última coisa é a curiosidade, porque nós estamos apenas falando sobre resultados. Antes, eu acho que a curiosidade é tudo que designers precisam ser capazes de explorar — descobrir novas coisas, pesquisar, aprender com competidores, aprender com os outros, ser capaz de pensar adiante, ser capaz de pensar naquele céu azul, basicamente. Essa não é uma coisa gradual, eu tenho certeza que todos temos ideias diferentes, mas isso são apenas minhas ideias. Eu não acho que aprender como ser uma gerente tem um método, mas é apenas sobre desenvolver sua comunicação, facilitar, ter empatia e curiosidade. Com certeza, isso é provavelmente a coisa que, como uma gerente, as empresas sempre procuram quando estão contratando também. Não é algo que você normalmente vê em portfólio, não é algo que você normalmente vê em currículos, é algo que você percebe quando fala com alguém, quando você vê cara a cara ou, agora, por videoconferência.

Hoje em dia, eu acho que remotamente é ainda mais difícil manter uma comunicação fluida, você precisa trabalhar ainda mais para ter certeza que está se comunicando bem, porque não consegue ver as pessoas. Você não está tendo conversas de corredor ou batendo papo com ninguém. Atualmente, eu acho que é ainda mais difícil manter essas conversas, ou certificar-me de que essa comunicação continua a acontecer entre os grupos. É sobre continuar, manter o ritmo, continuar se movimentando de uma forma orgânica, claro. É realmente interessante, e eu estou sempre disposta a comunicar e colaborar.

Eu tenho que evitar silos, eu tento evitar ter conversas separadas sem envolver as pessoas corretas. É importante trazer pessoas fundamentais durante a jornada. Caso contrário, você não vai conseguir chegar onde quer, essencialmente, vai apenas acabar duplicando seus esforços para, na verdade, criar mais reuniões com outras pessoas, e aí, falar a mesma coisa repetidamente, enquanto você poderia ter feito apenas uma grande reunião.

O que está te ajudando a lidar com essa situação de pandemia? Tem algo que você gostaria de compartilhar que tem te ajudado?

A coisa mais importante é estar presente, especialmente em relação a pandemia, não é? Você nunca sabe o que vai acontecer, nós não sabemos como será a próxima semana, o mês, o próximo ano. Nós não sabemos muito sobre o futuro, esses dias. Meu marido é um ótimo apoio, meus amigos e minha família também.

Meu marido sempre fala que nós vamos cruzar a ponte quando chegarmos lá. Não existe nenhuma lógica em pensar sobre o futuro se você não consegue controlá-lo e você não sabe o que vai acontecer. Eu amo esse ditado de que nós vamos cruzar a ponte, justamente porque é exatamente isso, não existe razão para pensar nisso agora. Essa é apenas minha perspectiva sobre como eu estou me sentindo agora, porque eu não quero me preocupar com as coisas. Eu não sei o que vai acontecer, ou o que não vai acontecer. O que é muito importante e necessário que a gente faça agora é estar presente.

Espero que você tenha gostado desse podcast. Nós teremos mais entrevistas com líderes Latinxs incríveis toda primeira terça-feira do mês. Confira nosso site do Latinx in Power para ouvir mais. Não se esqueça de compartilhar comentários e feedback, mas sempre com gentileza. Te vejo em breve.

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Thaisa Fernandes
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Program Management & Product Management | Podcast Host | Co-Author | PSPO, PMP, PSM Certified 🌈🌱