Um ato de gentileza que pode literalmente levar uma Designer de Produtos para a Disney

Thaisa Fernandes
Latinx no Poder
Published in
19 min readJan 26, 2021

Baseado no episódio com Leo Gomez Blum 🇪🇨

Bem-vindx ao Latinx in Power, um blog e podcast que irá compartilhar histórias de líderes Latinxs incríveis ao redor do mundo, apresentado por Thaisa Fernandes.

Eu conversei com Leo Gomez Blum, que tem bacharelado de Belas Artes em design e publicidade. Ela também estudou design de liderança, mídia interativa, desenvolvimento front end, entre outras coisas. Leo é uma Latinx no poder, porque ela é uma imigrante inspiradora e bem sucedida do Equador, que iniciou sua carreira como designer em agências publicitárias, fez a transição para design de produtos, trabalhou no Grubhub, Spotify, e, agora, Leo é uma gerente de produtos sênior no serviço de streaming da Disney.

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O que significa ser Latina para você?

Eu diria que a palavra “Latina” é maior que eu. Quando eu penso sobre isso, eu simplesmente penso como uma força, um superpoder. Isso é muito tangível, eu posso sentir, você se sente Latina, assim como todas as vezes que você fala e escolhe dizeres, talvez você tenha uma preferência por música ou apenas o modo como você interage com as coisas diariamente. Eu sempre tento pensar sobre as pessoas que realmente me ajudaram no meu caminho, então eu lembro da minha mãe e das mulheres antes dela, eu gosto de pensar que eu uso a força delas, no sentido de perseverança, porque todos nós aprendemos a esperar muitas coisas da vida, e, às vezes, nós somos tão abertas gostar do bem e do mal. Quando eu reflito sobre a palavra “Latina”, isso definitivamente fala de um lado que luta, mas também celebra a vida de uma forma diferente, e isso é muito poderoso pra mim.

Onde sua história de vida começa?

Eu nasci e fui criada em Quito, no Equador. Mudei para a Bay Area, na verdade, para estudar, e desde muito jovem eu sempre gostei de design e pintura. Eu acho que, quanto mais penso sobre isso, minha carreira profissional começa com um pequeno ato de gentileza e agora eu me tornei muito consciente de que, na verdade, tenho de fazer uma introspecção para responder essa pergunta. Eu percebi quão sortuda eu sou como uma imigrante que se mudou para os Estados Unidos.

Minha meta principal, na época que mudei com minha família, era me estabelecer, pagar minhas contas e fazer a minha família se tornar uma família nessa terra nova para onde nós não esperávamos nos mudar. Meu pai estava aprendendo a nova língua em uma idade muito diferente da minha, na época ele tinha 50 anos e estava apenas começando. Minha mãe foi capaz de conseguir um trabalho como química, que na verdade era a profissão dela no Equador também.

Quando eu mudei para NYC, minhas expectativas eram bem diferentes. Eu tinha feito alguns trabalhos de faculdade no Equador, mas eu comecei a trabalhar com varejo, porque eu sabia que aquele era realmente meu objetivo na época. Uma pessoa, que na verdade era minha colega de trabalho, acabou descobrindo que eu tinha estudado no Equador e viu meu portfolio. Aquela pessoa de fato mudou muito minha vida porque ela ajudou a me candidatar e atingir meu potencial por completo. Eu sempre gosto de pensar que todas as pessoas têm potencial, mas muitas não têm oportunidade, e esta é a realidade para muitas pessoas Latinxs também.

Quando eu penso nos sonhadores e imigrantes, como eu mesma, sei que nossas prioridades geralmente não são grandes fantasias ou vidas irreais, ou apenas viver de um jeito diferente. Elas são apenas necessidades humanas básicas. Aquela pessoa que tirou um pouco do seu dia para dar orientações em algo que poderia mudar o resto da minha vida é basicamente como eu definiria minha vida profissional por completo. É realmente uma das muitas oportunidades que me fez a pessoa que eu sou hoje em dia.

Eu vejo isso como uma progressão de portas, na qual a primeira porta é a primeira que te permite ter coragem, e aí você pode continuar batendo naquelas portas, tentar encontrar a chave. Ou existem diferentes maneiras pelas quais você pode tentar entrar nesses espaços. Na maioria das vezes, você terá que confiar em si mesma, certificar-se de que você dará um passo adiante. Eu sempre gosto de voltar ao modo de pensar inicial, especialmente nos estudos, porque eu sinto que era o momento no qual eu poderia ter tomado muitas direções diferentes, mas eu não tomei por conta daquela pessoa. Eu sinto que minha vida é uma série de eventos depois daquilo. Eu definitivamente olho para trás e tenho muito respeito por aquela pessoa.

O que uma Designer de Produtos faz?

Eu ainda tenho dificuldade em explicar o que uma Designer de Produtos faz, às vezes. Existem muitas maneiras de se fazer isso, enfatizando o papel de pensar por meio do design de produto em sua essência. Eu gosto de pensar que somos construtoras e criadoras que estão constantemente defendendo os usuários. Nós temos que usar insights e dados, de forma que nós temos diferentes tipos de designers de produtos, como designers de produtos digitais ou designers de produtos industriais.

Eu acho que é apenas sobre a ferramenta que nós usamos, e os problemas que estamos tentando resolver com o conjunto de ferramentas que nós temos. Eu diria que uma designer de produtos está mais próxima ao ciclo de vida do produto digital, que é essa ideia de você saber definir um problema ou moldá-lo, de forma a construir algo ou um artefato.

E, depois, aprender com isso, fornecer isso finalmente à equipe de desenvolvimento. Geralmente, esse processo acontece múltiplas vezes, você precisa ir e voltar ao que nós consideramos do final ao começo, sabe, para trás e para frente. Eu gosto de pensar em designers de produtos como pessoas que leem, mas também usam insights para desenvolver algo que é de algum modo tangível.

O que você faz na Disney? Em que produto você está trabalhando?

Eu estou feliz por examinar pontos de alto nível da minha equipe. Eu faço parte da equipe internacional do Disney+, nós focamos no lançamento de experiências além dos EUA. Por ter crescido no Equador, obviamente eu lembro dos filmes e de pensar que eles não se relacionavam comigo, não falavam sobre mim ou agiam do meu modo.

Isso me lembra quão impressionada eu ficava como uma pessoa que estava apenas buscando entretenimento e percebia que aquele tipo de conteúdo não era tão acessível quanto esperava. Quando a Disney falou que estava construindo essa equipe do zero, para nos ajudar a ter melhores experiências com o conteúdo, eu precisei erguer minha mão.

Eu cresci assistindo a filmes, eu sei as dores que as pessoas podem sentir quando o conteúdo não é criado para elas de uma maneira, ou serviços que não são feitos para elas, então eu apenas tive que fazer parte dessa equipe. Além disso, tem sido o principal foco dos lançamentos de negócios por toda a parte. Isso significa que tudo que nós discutimos, desde o lado do design dos produtos até a construção dos insights, são feitos usando empatia, para criar produtos que as pessoas podem usar e aproveitar.

Eu estou constantemente valorizando a experiência para ter certeza de que a gente lance algo e que esteja pronto para todas essas nuances culturais. Isso é o que fazemos em nossa equipe. Nós apenas queremos nos certificar de que toda a experiência está pronta para todos os usuários em toda parte. Nós estamos ainda aprendendo com isso diariamente, e até como alguém que cresceu não falando inglês como primeira língua, isso continua sendo um desafio. Existe muita empatia que deve ser construída além do meu entendimento, por exemplo.

Eu estou aprendendo como criar designs em CJK, que é chinês, japonês e coreano. Eu não cresci aprendendo nenhuma dessas línguas, então preciso saber algumas coisas sobre a legibilidade de design, espaçamento entre linhas, contraste. É importante garantir que tudo que construímos fala com a audiência e serve ao mesmo propósito. Muitos princípios do design devem ser usados para confirmar que nós estamos atribuindo a experiência correta. Para mim, é necessário ter muita empatia e estar de mente aberta para aprender o tempo todo.

Sobre o que você é curiosa?

A vida após COVID para mim abriu muitas perguntas diferentes, como minha suposição, e até mesmo uma hipótese de que fundamentalmente eu não acho que a vida será do jeito que foi antes de março de 2020. Muitas coisas que serão fundamentalmente diferentes. Quando eu penso sobre esses desafios como uma designer de produtos, eu fico na verdade muito interessada em como serviços terão de ser redesenhados completamente.

Todas essas novas audiências e usuários precisarão repensar o modo como as coisas eram feitas de um jeito muito linear antes, e então isso é algo que me deixa acordada a noite toda. Não apenas nesse contexto, porque obviamente o que eu estou fazendo hoje talvez esteja mais próximo de entretenimento, mas apenas de modo geral, em como a mobilidade será, como cuidados de saúde irão funcionar. Serviços como esses definitivamente são uma das áreas sobre as quais eu tenho muita curiosidade, sobre a vida e os serviços pós-COVID.

Além disso, quando nós falamos sobre música da América Latina, é uma grande parte do nosso cotidiano e normalmente tem um espaço comunal. Compartilhar música, e, de fato, compartilhar essa experiência é muito importante para nós. Quando pensamos sobre como nós continuaremos sendo quem nós somos, enquanto também fazemos a transição para essa nova forma de viver. Isso é muito interessante para mim também.

Onde Latinxs podem ter um impacto, na sua opinião?

Para mim, é sobre representação e isso é o que eu amo ouvir todas as vezes que eu escuto um podcast com pessoas Latinas. Nós estamos apenas expandindo, pessoas que na verdade querem ter suas vozes representadas geralmente não são representadas na sala ou tem de levar em consideração uma conversa na qual novas tecnologias estão constantemente sendo criadas.

Ao mesmo tempo em que pessoas estão construindo essas tecnologias que irão satisfazer bilhões de pessoas, quando eu penso sobre como nós podemos ter um impacto, é sobre estar presente e, com sorte, podemos fazer parte dessas conversas de um jeito ou de outro. Não estou dizendo que isso acontecerá da noite para o dia.

Eu penso que fazer parte de diferentes áreas nas quais a tecnologia acontece e, na verdade, eu mencionei isso pra você, para mim, a tecnologia tem isso como o maior equalizador geral. Nós temos acesso a telefones e computadores, que são mais baratos do que, talvez, 20 anos atrás. Apenas em geral, a forma como nós somos capazes de acessar conteúdo informativo, como educação tem sido democratizada, e é muito importante para latinxs serem expostos a esse nível de empoderamento.

Nós devemos usar a tecnologia para continuar a avançar em alguns dos diálogos que estão acontecendo, dos quais algumas vezes nós apenas não fazemos parte, então use a tecnologia, faça parte, envolva-se nisso. Eu acho que uma das coisas mais empoderadoras, vai além de tudo isso. O que eu gosto sobre tecnologia é que nos é oferecido uma nova maneira de ver o mundo, como quando crescemos, e agora você pode ter um nível de proximidade com outras culturas e línguas.

As pessoas se tornam bilíngues e trilíngues mais rapidamente, porque a disponibilidade está lá. Você é capaz de enxergar isso mais rápido. É fascinante para mim, mas eu realmente espero que nós possamos continuar sendo fortes o suficiente para saber quem nós somos, fundamentalmente, e não esquecer disso. Esse é de fato o superpoder de continuar a construir quem nós somos. Quando moramos numa cidade pequena, ou em uma área como Equador, ou qualquer que seja, ou uma cidade grande, e temos acesso ao TikTok ou Twitter, ou o que for, que usemos isso como lentes para o mundo exterior.

Não vamos cruzar a linha e estar do outro lado, sem equilíbrio, onde nós ficamos sem isso. Nós precisamos usar nossos superpoderes, que são extremamente importantes. Nós temos muitos superpoderes, se fazemos algo, é realçar esses superpoderes com mais informações que podem nos levar a diferentes lugares para sermos empáticas, com mais conhecimento e mais preparadas para ter esses insights sobre como o mundo funciona ou como as pessoas vivem em diferentes partes do mundo.

Me fale sobre a primeira coisa que vem à sua mente quando você ouve essas frases:

Seu superpoder

Eu gosto de pensar que garra é uma grande parte disso, e também gosto de pensar que eu me superei muito bem, porque nem tudo é fácil para todos. Mas meu processo mental teve alguns desafios, e você apenas tem que continuar indo, apenas dar a volta por cima, ficar em pé e abrir aquela porta novamente.

Última habilidade que você aprendeu

Eu fiz aulas na Future Reality. Eu acho que tem uma orientação voltada à realidade aumentada. É da NYU, eu tive aulas de realidade aumentada e realidade virtual. Aprendi como criar um protótipo de cada quadro no Spark VR Studio. Estou realmente ansiosa para continuar a usar essas habilidades apenas para criar meus próprios projetos mais do que qualquer coisa. Eu tenho muito interesse em usar ferramentas que são fáceis, não apenas pelo uso, mas por serem acessíveis a todos.

Seu personagem ou filme favorito da Disney. E você assiste filmes da Disney/Pixar em espanhol ou inglês?

Levou um tempo para pensar sobre essa pergunta, mas meu filme favorito da Pixar é Monstros S.A.. Eu realmente amo o roteiro, eu acho que é super sólido, todas as vezes que eu penso sobre isso, eu vejo quão genial eles foram em ser capaz de conectar todos os finais diferentes. Isso sempre me impressiona, é um bom filme.

Se eu assisti aquele conteúdo originalmente em uma língua, eu provavelmente vou manter naquela língua, porque, neste ponto, isso apenas me lembra da primeira vez que eu assisti, então os filmes mais antigos eu assisto em espanhol. Mas os filmes da Disney são muito recentes para mim. Eu lembro de Mike Wazowski falando, seria difícil trocar seu nome para Miguel. Na verdade, eu deveria talvez assistir a isso em espanhol, apenas para confirmar que eu não estou perdendo nada.

Eu sempre comparo a experiência de assistir a filmes a ouvir um álbum, ver uma banda que você gosta. E aí, ir para a Disneyland é como ir para um show, então quando você experiencia essas coisas diferentes, isso realmente parece diferente. Se você for num show, talvez possa sair daquele local como se fosse um super fã ou alguém que criou uma conexão, e você fica tipo, “meu deus, não acredito em quão bom eles são ao vivo”, e qualquer coisa do tipo. Ou também você pode ter uma experiência terrível. Quem sabe?

O que eu amo sobre isso é que existe um nível natural de melancolia que vem junto e que você sempre vai se lembrar de como esse momento foi especial. Você estará inclinada constantemente a se lembrar desse sentimento ao reproduzir um filme e apenas colocar novamente no streaming. Ou colocar seus fones de ouvido e ouvir aquela música novamente.

Você está verdadeiramente relacionando isso com o sentimento que você teve como pessoa. É o que geralmente eu penso sobre quando estamos pensando num serviço de streaming. Eu definitivamente quero me certificar de que todos saibam disso, que o serviço de streaming deve tudo às pessoas nos parques, eles criaram essa base, esses sentimentos e memórias.

O que nós estamos fazendo é criar um espaço para que todos continuem a aproveitar e tornar a reviver aquela memória, mas os parques da Disney realmente continuam a construir esse nível de familiaridade, que irá conectar as pessoas com a Disney e os personagens dos filmes que elas conhecem e amam. Essa é uma outra razão pela qual impulsionar isso é muito interessante, agora existe uma outra parte da conexão que está sendo removida. Não significa que vai desaparecer completamente, mas isso me faz pensar sobre como essas duas coisas vão voltar a ser, já que estamos vivendo em uma situação de pandemia.

Um bom produto

Na verdade, eu tive que pesquisar sobre essa, porque eu não sou acostumada a usar produtos diferentes, mas a Varjo, não sei se você viu isso, tem um novo headset de realidade mista. Eu estou muito interessada no que eles têm a oferecer, porque, novamente, estou muito interessada em AR e design espacial. Eles são de Virginia, nos EUA, e estão na Europa também. Acho que eles têm uma proposta realmente muito boa para um headset de realidade mista.

Eu acho que Klarna também, que é um tipo de app que permite que você pague em parcelas, e é um jeito interessante de pensar sobre o futuro das compras, especialmente pós-COVID. Eu estou interessada em ver essa transição de como as compras acontecem hoje em dia, em relação a como era alguns meses atrás — ir às lojas de varejo pessoalmente em vez de fazer isso online, no qual penso que já transacionamos, mas essa parte do pagamento é muito interessante também.

Agora, eu de fato gosto muito da Snap, eu acho que é uma empresa muito inovadora, gosto da aplicação digital, mas eu também gosto do hardware no qual eles estão constantemente pensando. Eu diria provavelmente que esses são os produtos dos quais eu penso sobre.

Você foi uma mentora no Designlab. Eu imagino que existam muitas pessoas procurando por um trabalho e uma mentora neste momento. Qual conselho você daria para alguém nessa situação?

Eu penso que mentoria é um exercício interessante, no geral, para pessoas novatas, que estão começando suas carreiras, e pessoas que estão mais adiante. Eu diria que você pode tirar o máximo de qualquer sessão de mentoria, você deve definitivamente considerar tirar um tempo para aprender mais sobre você mesma, e você pode fazer isso sem qualquer experiência ou com muita experiência — apenas deve ter um entendimento claro de seus próprios pontos a melhorar e ser honesta o suficiente para identificá-los como fraquezas ou forças.

E aí ver se você consegue encontrar alguém que é capaz de lidar com essas áreas nas quais deseja melhorar. Neste ponto, você pode direcionar o foco diretamente para feedback, se o mentor for bom em algo que você não é, isso pode tornar esse diálogo mais fácil.

Eu diria que a comunidade do design, em geral, é muito, muito generosa, e eu vou dar um “alô” para o Koji Pereira ⚡ por ser meu mentor. Eu acredito genuinamente que as pessoas gostam de ajudar umas às outras, eu vi isso em primeira mão durante bons momentos e isso tem sido ótimo.

Está tudo bem em abordar pessoas que você admira e pedir um feedback ou algum tipo de ajuda, mas eu definitivamente tentaria sanar perguntas específicas que você admira sobre elas. Talvez você já tenha as visto em alguma conferência ou tenha um entendimento de quem são. Quando você se aproximar de alguém, talvez possa perguntar sobre a forma que constroem suas equipes, contratam pessoas e tomam decisões ou empoderam designers.

Existem meios pelos quais você pode focar sua pergunta para que consiga o máximo dessas pessoas. Se você já possui um entendimento de quem são, é muito mais fácil de conseguir a pessoa certa. Eu penso que é uma situação em que todos acabam ganhando, você pode aprender mais sobre a natureza humana. Com sorte, você pode ter um nível de feedback que te permitirá crescer e se tornar melhor em áreas nas quais precisa melhorar.

Eu acho que as pessoas geralmente estão buscando ter um nível de oportunidade que não sabem como criar. Quanto mais foco você tiver sobre o que está procurando aprender em algo como mentoria, você não precisa necessariamente chegar em alguém e dizer “eu quero que você seja meu mentor” ou “eu quero ser um mentor”. Eu acho que parte disso é apenas permitir em algum nível que a fluidez aconteça. Algumas vezes você pode aprender com alguém no trabalho, depois você pode ver seus pontos fortes, organizar algum dia e dizer: “sabe, eu realmente gostei de como você fez isso, posso ter um momento para conversar com você a respeito disso?”.

Ou, similarmente, se você vir alguém no LinkedIn que talvez tenha gostado de como essa pessoa faz coisas diferentes, seja o ponto de vista dela talvez, o que ela apoia como visão, é realmente importante entender quem você é primeiramente, para que consiga confirmar que é capaz de tirar o máximo das perguntas que você tem para essa pessoa. Você não quer perder aquela oportunidade, e tudo bem entrar em contato, apenas certifique-se de que você também está bem focada.

É intimidador ouvir que alguém quer algo de você, mas você precisa saber se você será capaz de atingir as expectativas dos outros. Eu acho que muitas pessoas sentem que talvez não sejam capazes de entregar o que os outros esperam tirar disso. Eu acho que existe uma oportunidade para todos normalizarem o que é pedir por ajuda, enquanto também entender que, às vezes, dar ajuda é também sobre prover o melhor resultado que você consegue. Não significa necessariamente que você tem todas as respostas corretas o tempo todo, mas que você pode aprender a chegar lá. Eu acho que é uma parte importante de qualquer conversa.

Quais são as ações e a mentalidade que uma designer deve tomar e ter para ser uma ótima líder?

Isso é baseado em observação e, obviamente, na minha própria interpretação de quem eu quero ser, mas, baseada em pessoas que eu admiro também, existe um balanço entre “hard skills”, que são coisas que você sabe fazer como uma designer, talvez habilidades de apresentações, e um bom entendimento, na verdade, do que faz as pessoas felizes diariamente e as empodera.

Eu acho que essa é uma parte importante de quem eu quero ser. É por isso que eu sinto que também pode ser uma marca de uma ótima líder, inteligência emocional para mim é uma mentalidade que precisa ser trabalhada todos os dias. Isso é inteligência, o que você aprende e como você é capaz de entender os sentimentos, isso requer uma líder muito forte, com uma importante missão pessoal, porque a ideia de neutralidade em muitas conversas que nós temos é importante, dependendo do que a pessoa que está fornecendo o insight está procurando tirar dessa conversa.

Às vezes, inteligência emocional vai significar se posicionar em algum nível sobre algo, e então requerer alguém que tem uma oportunidade de prover um nível de feedback. Um suporte pode apenas significar, “hoje eu quero que você resolva seus próprios problemas da sua maneira, eu preciso que você olhe mais a fundo nessas áreas”. Eu acho que é realmente importante ter inteligência emocional e também seguir ela, para que você possa fortalecer pessoas.

Qual é a importância de projetos pessoais na sua vida? Eu vi que, além do seu trabalho em tempo integral, você também trabalha como Lead Designer em startups, agências e com outra galera do design.

Eu pessoalmente sinto que projetos secundários realmente me permitiram não apenas uma perspectiva que eu não sou capaz de ter no meu trabalho diário, mas me manter desafiada como designer. Eu acho que os meus empregos das 9 da manhã às 5 da tarde foram ótimos, e me deram aquele nível de desafio, mas para mim é sobre nunca me tornar muito familiar com as coisas que eu estou fazendo. Isso é apenas uma troca pessoal, nem todo mundo precisa fazer isso.

Eu penso que quanto mais familiar me torno com esses problemas que estou tentando resolver, menos capaz eu fico de vê-los com uma perspectiva diferente. Para mim, projetos que eu amo precisam ser constantemente essa visão externa para diferentes serviços e produtos sobre os quais gosto de pensar e repensar, o que é desafiador, o que eu acredito ser uma solução possível.

Dessa maneira, projetos pessoais também me permitem pensar além dos desafios do meu trabalho principal, que às vezes são muito dependentes de equilibrar muitas metas diferentes. Quando você tem seus projetos pessoais, eles podem ser menores, o time pode ser menor, e, talvez, a maneira como os problemas são definidos ainda é muito nova e as metas também. Existe uma grande oportunidade nesses espaços de ser capaz de usar um conjunto de conhecimentos diferentes, que você pode não ser capaz de usar todos os dias.

É uma boa oportunidade para constantemente se desafiar como uma designer, pensar de formas diferentes, prover diferentes insights e, talvez, de alguma forma, não ficar demasiadamente confortável. Você consegue construir aquele nível de empatia que eu considero muito importante, na verdade, apenas focando em projetos que você não seria capaz de encontrar no seu dia a dia.

Eu sou muito intensa com a questão do desperdício de comida, por exemplo, ou coisas que são de fato muito mais sobre remover dos hábitos culinários esse nível de desperdício, no geral. Existem empresas que estão fazendo isso, mas talvez não as grandes empresas, então você pode ajudar numa missão que está acontecendo em uma escala menor. Você pode continuar fazendo aquilo sem ter o compromisso do seu trabalho diário, das 9 da manhã às 5 da tarde.

Eu acho que existem muitos movimentos maravilhosos que são grupos de pessoas se reunindo e fazendo coisas realmente interessantes. Eu acho que é uma parte importante de ser quem você é. Como uma designer eu realmente gosto que eu sou muito focada em missões, o que me faz seguir adiante como pessoa e como designer.

Qual é sua parte favorita sobre as experiências profissionais que você já teve? Por exemplo, trabalhar como uma Designer de Produtos para a Disney e o Spotify, mentorar designers e trabalhar como Diretora de Arte?

Eu realmente gosto do meu constante sentido de descoberta que tive em cada trabalho, em cada função diferente, em cada experiência profissional. Na verdade, isso me traz à memória a primeira pergunta também, sobre portas e forçá-las. Muitas vezes eu me questionei se eu queria tomar decisões diferentes, mas acabei me realocando em múltiplas funções, nas últimas três funções, na verdade.

Eu estou muito feliz por me estabelecer tão cedo, mas minha experiência se estendeu além do entendimento e compromisso com uma empresa. Foi aprender sobre deslocamentos, pessoas, bairros e cidades que eu nunca tinha experienciado antes.

É interessante quando você pensa sobre a palavra imigrante e a palavra expatriado. É interessante como em alguns lugares nós apenas podemos escolher um ou o outro. Por ser uma imigrante e uma expatriada, aparentemente, dependendo da cidade ou do país, eu fui capaz de ser ambos, mas eu fico muito orgulhosa, pois fui capaz de ser alguém apenas experienciando algo novo, e também por trazer minha família junto. Isso é algo de que eu sempre me lembrarei e apreciarei.

Espero que você tenha gostado desse podcast. Nós teremos mais entrevistas com líderes Latinxs incríveis toda primeira terça-feira do mês. Confira nosso site do Latinx in Power para ouvir mais. Não se esqueça de compartilhar comentários e feedback, mas sempre com gentileza. Te vejo em breve.

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Thaisa Fernandes
Latinx no Poder

Program Management & Product Management | Podcast Host | Co-Author | PSPO, PMP, PSM Certified 🌈🌱