A importância da diversidade nos Hackathons

Variedade de skills, tecnologias e até de pizzas. Mas.. e as pessoas?

Eventos que incentivam a inovação dentro de empresas estão cada vez mais em alta. Desde a área musical até a judiciária, todos estão buscando formas de acompanhar as evoluções tecnológicas e, assim, não ficarem para trás. Pensando nisso, hackathons são ótimos exemplos de eventos que se mostram cada vez mais eficientes em conseguir solucionar problemas de forma rápida, criativa e utilizando as mais diversas tecnologias.

Machine learning, IOT, chatbots, IA, blockchain, realidade aumentada e muitos outros, a variedade de coisas que você vê presente nas soluções que surgem nessas maratonas tecnológicas são impressionantes e, se você já participou de alguma, sabe do que estou falando: você entra achando que está ligado em tudo do que está rolando, mas de repente se vê em uma conversa com o pessoal discutindo sobre algo novo que você nunca ouviu falar.

Esse clima de inovação e diversidade tecnológica presente nos hackathons é incrível e vem gerando grandes resultados, porém não podemos ignorar algo que vem se demonstrando comum nessas maratonas: a falta de diversidade nas pessoas que participam. Imagine essa situação: toda uma equipe formada por homens, brancos, com pequenas variações de idade e classe social parecida, quais as chances de surgirem questionamentos e ideias mais diversas para um problema?

“Vamos bater palmas para a quantidade de mulheres hoje aqui”, “parabéns ao grupo formado só por mulheres”, essas são algumas frases que eu já ouvi nos eventos que participei e acredite, um desses eventos era voltado para soluções que ajudassem a aumentar a quantidade de mulheres em uma determinada indústria. Claro, a culpa não é exatamente da organização, uma vez que hackathons são eventos de tecnologia, e os participantes são reflexo do perfil que domina essa área, homens brancos: segundo pesquisas do IBGE, só 20% dos profissionais que atuam com TI são mulheres.

Falar sobre falta de diversidade na área não é só por questões de inclusão, mas também é analisar o impacto que a falta de diversidade causa nas soluções criadas.

Dou como exemplo um sensor de sabonete que só liberava o líquido ao colocar a mão por baixo do disparador. Ideia legal, pena que o sensor só conseguia identificar peles claras. Nesse caso, a falta de pessoas negras no desenvolvimento do produto e nos testes fez com que o seu resultado não fosse o ideal, gerando constrangimento para os usuários e para a própria empresa.

Centenas de ideias são produzidas todos os anos nos hackathons, algumas tão incríveis que acabam virando produtos reais, mas não podemos continuar ignorando o fato de ainda haver uma grande falta de diversidade nos participantes. Homens, mulheres, héteros, lgbts, brancos, negros, deficientes.. não são somente rótulos, representam culturas e visões diferentes que se transformam em argumentos e opiniões únicas. Soluções que são trabalhadas em um ambiente diverso podem resultar em soluções com potencial de impacto muito mais assertivo e amplo.

Pessoas diferentes trazem novas formas de pensar, agregam valores, questionamentos, vivências, experiências distintas e merecem ser incluídas nesse processo que hoje, é tão valorizado quando se trata da busca pela constante inovação.