Ana Carolina Lopes
Lavanda Digital
Published in
2 min readFeb 18, 2022

--

Design Nahira Salgado

Em frente à escrivaninha em que trabalho, vejo uma foto de várias mulheres subindo as escadas e olhando para trás (umas sorrindo, outras curiosas e outras parecendo nos convidar). Elas são alunas da Bauhaus e estão nas escadas em que um dia, quase 100 anos da foto, subi também para visitar como turista. Essa foto simplesmente não quer ficar pregada na minha parede, sempre cai… essas mulheres sempre caem do meu ambiente de trabalho.

A foto que olha para mim e continua caindo da minha parede

Além desta queda da minha parede, as mulheres na Bauhaus tiveram quedas muito maiores e com efeitos mais daninhos. No momento da foto, em 1927, elas eram maioria nesta universidade de design e faziam muito bem seus ofícios. Mas quando o nazismo entrou no poder na Alemanha elas foram excluídas.

Essa é uma das várias histórias de mulheres inteligentes e fodas que foram derrubadas e silenciadas em seus ofícios. E eu tenho ouvido muitas dessas nos últimos tempos. Histórias que vêm desde a idade média, quando parteiras e ginecologistas foram substituídas de forma violenta, depois passando pelas grandes diretoras e escritoras que eram a máquina a motor do cinema em seu início, e pela atriz Hedy Lamarr, que foi uma inventora de mão cheia e que não foi financeiramente recompensada por suas invenções.

Também teve a Mileva Marić, que até hoje não recebeu seu Nobel pela co-autoria nos trabalhos do ex-marido, Albert Einstein. Essas foram só as primeiras quedas que me vieram à mente. Posso ficar horas falando de tantas mulheres apagadas em seus trabalhos. Ou que tiveram suas obras creditadas por homens.

Na teoria, sabemos o porquê desse silenciamento e desaparecimento de mulheres, mas como fazer para que elas voltem à vida? Como ter uma reparação real? Acredito que, além de contar essas histórias escondidas, precisamos nos celebrar e nos ouvir mais. Não temos apenas que correr com lobos, precisamos dançar, contar histórias, premiar…

A verdade é que depois de dois anos de pandemia enclausurada, não quero ir pra batalha neste momento, quero me manifestar de outras formas mais criativas e efetivas, aceito sugestões.

--

--

Ana Carolina Lopes
Lavanda Digital

+15 years of experience in marketing and advertising.I’ve been facilitating strategic communication for the private and public sector companies to NGO’s.