10 da manhã. Atrasada de novo.

Bafo matinal, cc, não perde a mania do ventilador no máximo e edredom mesmo no topo do calor. Diz que silêncio é barulhento e sono gosta é de vento. Faz 500 ml de café. Mente. É 1 litro por dia. Aliás, bom dia.

Tenho sofrido sorrindo

Gritando calada

Estranhamente controlada

Mesmo embebida em raiva

Talvez domesticada

Pelo o que vem e não tem solução

Você entrou nisso e não sabia o que ia mudar aí dentro.

E não sabe até agora. Mas vê tudo mudando e tudo ficando e tudo em estado de tv em stand by, vai que liga vem algo bom e vai que liga vem algo ruim.

Tava pra ser, era pra ser, vai ser, tá sendo, já foi, já era, ja é. Noção de tempo é o que se…

Parece que na quarentena

Tudo que devemos fazer

É tentar não morrer

Odiar é permitido

Gritar é permitido

Sentir e jogar raiva para o mundo

Também estão permitidos

Mas morrer não

Não agora.

Tem feito vazio

Tem feito dor

Tem feito ferida

Tem feito sangue

E tudo me mancha

A roupa

A cara

A alma

Sem identidade, sem cor, sem pele, sem alma

Bela musa, muda

Perdida

Um nada no asfalto

Solta como pena que vai no vento

e se perde mais ainda

tudo tá vindo ao topo

beirando minhas margens

transbordando minha pele

me virando do avesso

no melhor de mim

- não há gaveta?

- não, não há.

- e todo o resto?

- também não há.

- e o que sobra?

- não é teu.

eu fiquei

porque eu queria ver

se eu te tirava

do seu centro

Nesse exato momento no melhor lugar que eu poderia estar agora

No frio

Casaco a menos

Vento na cara

Ouvindo fiona alto do fone de ouvido

Vazio

Ninguém