sono
Durmo sem saber, porque assim é.
Você estava lá olhando a tela com o jogo daquele cara que eu esqueci o nome.
Uma reclamação aqui e ali. Presto atenção no teu cheiro.
Sempre tento ler um livro nessas horas. Coloco meu fone de ouvido, ligo o abajur, me encosto ao seu lado.
Quando vejo, você está me cutucando para irmos para cama.
Entre os olhos abertos e a cutucada, você costuma contar alguma história. Às vezes é desse tal jogador, dos recordes que foram quebrados nesse jogo ou algo que aconteceu no seu dia. Como bom virginiano, as histórias são bem cheia de detalhes e com algumas reclamações relacionadas a uma suposta falta de organização. “Ele nunca olha a agenda, aí marca várias coisas no mesmo dia e depois eu que tenho que ficar organizando a bagunça”.
A luz da tela me incomoda, mas tento não me importar com isso. Vou lendo até as palavras começarem a se embaralhar. É como se eu esquecesse minha língua. Preciso voltar 7 vezes para o mesmo início de frase que eu deveria ter entendido a 6 lidas atrás e quando me percebo, você já está me cutucando. “Amor, vamos para cama”.
Levanto resmungando qualquer coisa (na verdade, você diz que eu resmungo, mas não lembro), aí deito e volto a mim na manhã seguinte.
O sono me cai como bigorna.