Léo Jianoti
Leo Jianoti
Published in
2 min readDec 24, 2018

--

O amor em atos

Missão dada é missão cumprida – falei para Jac enquanto ela saia pela porta para cumprir sua parte no plano. Estratégia simples. Fiquei em casa enquanto ela e João iam ao shopping comprar presentes atrasados. Enquanto estivessem fora, o Papai Noel poderia passar lá em casa, entrando pela chaminé sem ninguém ver. Por trás do palco, eu deveria dar banho no Bento, tomar o meu, preparar nosso jantar, alimentar o Bento, colocar o pequeno para dormir, ir na garagem, pegar o presente e deixar na árvore de Natal. Ufa!

Bebê limpo e alimentado. Dormiu rápido. A Jac deve estar passando pela última loja, mas o tempo voa e a mensagem dela dizia em poucas palavras: estou chegando. Desesperei! Saí correndo pelo corredor, chamei elevador e quando chegou, percebi que estava de cueca. Minha vergonha só não foi maior que a surpresa da Dona Teresa do 72. Voltei correndo, me vesti e voltei pra garagem. Mais rápido que o Bolt, peguei o presente e voltei para casa. Assim que pousei o pacote embaixo da árvore de Natal e deitei no sofá esbaforido, eles entraram pela porta. Espertamente – ou talvez pelo cansaço -, fechei os olhos e fingi estar dormindo. Afinal, como o Papai Noel teria entrado na nossa casa e o papai aqui não teria visto?

O espanto ao ver o presente, junto com aquele suspiro infantil doce e sincero, o João disse “mamãe, ele ouviu, eu ganhei um patinete”. Eu não consegui ainda encontrar palavras para descrever o calor que tomou conta do meu coração. As lágrimas vieram tão naturais como um filme passou pela minha cabeça.

Se o amor existe, ali ele estava se manifestando. Minha sensação é que o amor é feito de atos, como numa peça de teatro. Ele está sempre nos rodeando, mas senão ativarmos o sentimento, ele nunca será percebido.

Pode ser um abraço, um consolo, um olhar ou até mesmo só um telefonema. Existem os atos mais imponentes, como casamentos, declarações, discursos e cartas de amor. Todas as formas de materializar a base de todos os sentimentos.

O momento de Natal é especial para mim porque percebo várias dessas manifestações. Famílias se encontrando, “te amo” pra cá, “que saudade que eu tava” pra lá.

Eles chamam de espírito de Natal. Eu prefiro chamar do amor em atos. Seja como for, que seja. Amemos, de forma real e plena. Que estejamos presentes e sem amarras ao amor. Esse é o verdadeiro milagre da vida: o amor em sua plenitude, seja numa piada alegre, seja num choro de saudade.

Vamos fazer um acordo? Não percamos mais nenhuma oportunidade de fazer atos de amor! Combinado. Agora, se me dão licença, vou ali brincar de patinete com aquela parte do meu coração que bate fora do meu peito.

Feliz Natal!

--

--

Léo Jianoti
Leo Jianoti

Pai do João e do Bento, economista, educador e escritor amador.