Um Bilhete na Geladeira

Hoje sou homem feito, crescido. Barba na cara, ombro pesado, dinheiro no banco e histórias pra contar. Mas um dia fui um menino cheio de medos, problemas e sonhos. Se hoje sou um cara legal, na maioria das vezes, é porque tive um pai espetacular.

Tá maluco, Léo? Hoje é dia das mães! Eu sei, por isso mesmo. Preciso reconhecer que tive uma mãe-pai. Não, não quero diminuir meu pai. Ele esteve conosco e tentou ser o melhor pai possível. Foi bom demais, o melhor que eu poderia desejar, mas as viagens e o trabalho, que inclusive causaram feridas que depois o levariam de nós, exigiu que minha mãe dobrasse o turno e fosse nossa mãe-pai.

Toda referência de educação e moral, recheada com amor puro e temperada com carinho e dedicação. Sem nunca diminuir a presença ou importância do meu pai em nossa vida.

Vocês têm noção do que é isso?

É bater o escanteio e cabecear. E ainda dar o crédito do gol ao time. Ela foi o técnico, os jogadores e a torcida.

É possível ser piegas ao falar das mães? Me desculpem, acho impossível. Algo nessa relação mãe-filho torna tudo doce e angelical — afinal só com muita glicose e ares de anjo para elas vencerem tantos desafios em nossa. criação.

Eu tive muitos problemas na infância e adolescência. Sem essa mulher eu dificilmente conseguiria fazer essa jornada. De asma à ansiedade, nada foi capaz de vencer a força dessa mulher em criar seus dois meninos com a força de uma leoa e a delicadeza de um anjo. Até quando era minha confidente dos domingos à noite, ligações caras a cobrar do orelhão da esquina. Eu contando tudo sobre as descobertas da vida adulta e ela com toda paciência do mundo iluminando e me abençoando.

Hoje sou o filho chato que cobra e inferniza para que sua vida seja saudável e iluminada. No fundo sigo sendo aquele menino que agradece todos os dias por ter tido um anjo-da-guarda real e presente. E ainda por cima, tem o privilégio de ter o sangue, a dedicação e a companhia dela.

Se sou digno de algo nessa vida é graças ao amor infinito que recebi de você, mãe. Você é minha rainha. Te amo.

P.S.: Vó, pode ficar com meninos hoje à noite? Mas nada de doce antes de dormir!