Contigo/sem ti(go)

Exercício em verso corrido

Leonardo Ritta
Leonardo Ritta
2 min readMar 4, 2020

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Estou eu de novo escrevendo sobre um ponto, no mínimo, polêmico. Pode ser que fique subentendido no texto, porque creio que se vê o invisível. Ou melhor: sente-se o invisível. O difícil, por supuesto, é escrever sem tê-lo como revólver escondido no bolso.

Digo sobre ti o que disse em outros tempos sobre teu primo; outro que só me confunde, mesmo tendo conhecimento de que sozinho dificilmente vive. Sem ti creio que poucos logrem sucesso. Como pode um símbolo pequeno, como se um prego ou um pequeno utensílio, ser como recurso de difícil posse?

Evito escrever sem ti, é difícil e me esgotou sempre que tentei. Creio ser menos doloroso simplesmente desistir e cometer outros delitos que me exigem esforços menores.

Infelizmente topei correr justo pro brete, e logo vi o erro que cometi. Devo dizer que esse texto é menos longo que o comum, e reconheço, pequeno guerreiro, que este sucesso tu obtiveste. Só esse. Mesmo vendo que me sobrou peito, me vi curto de recursos. Este tento é teu e eu risco sob o teu nome, como se estivéssemos num dos nossos jogos de truco onde tu sempre vence.

Converso, por fim, contigo que me lê. É preciso refletir. Lembre-se dos sons que sempre fogem por entre os seus dentes, e busque o que nem se deu o esforço de ser posto no mundo nesse breve escrito.

Descobriu sobre quem escrevi?

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Leonardo Ritta
Leonardo Ritta

Para escrever bem, é preciso ter a coragem de escrever mal.