DELÍRIO, DE LAUREN OLIVER

Letícia Santos
Leticia Inside
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2 min readAug 10, 2018

Foi bem difícil entrar no mundo de Delírio. Apesar de ter ficado bem curiosa com a sinopse, essa coisa de o amor ser encarado como uma doença foi complicada de engolir. A Lena vai explicando como as coisas aconteceram, como o amor foi considerado algo terrível e como encontraram uma cura, e até a metade do livro eu só conseguia pensar no quanto aquilo era absurdo.

Também não gostei da Lena no início. Como ela consegue se conformar com o conceito absurdo de pais não amarem os filhos? De não poder amar sua melhor amiga? De ninguém amar ninguém?! Eu aguento tramas onde a sociedade escolhe com quem se casar, eu aguento crianças se matando num reality show, mas não poder amar ninguém foi o fim pra mim.

Sinto como se estivesse num jogo de vídeo game, ou tentando resolver uma equação complicada de matemática. Uma garota está tentando evitar 40 grupos de revistadores com 15–20 pessoas cada, espalhados em um raio de sete quilômetros. Se ela tem que seguir 4,3 Km até o centro, qual a probabilidade dela acordar na manhã seguinte em uma cela de prisão? Por favor, sinta-se livre para arredondar PI para 3,14.

Meu personagem preferido é a Hana. Gostei de como a autora abordou a amizade entre ela e Lena, deixando claro o quanto a cura e a ausência de amor afetou uma amizade de anos.

Melhores amigas há mais de dez anos, e no final de tudo reduzindo-se a beira do bisturi, no movimento de um feixe de laser através do cérebro e uma cintilante faca cirúrgica.

O final é bom, te prende, te faz gritar e querer ler Pandemônio pra saber o que vai acontecer em seguida. Mas o livro mesmo é mediano, não chega perto de ser a melhor distopia.

Também li o spin-off da série, Hana, que é narrado por ela, e achei melhor que o livro em si. O final é incrível, surpreendente em tantos níveis que te deixa louca pela continuação de uma forma que Delírio não faz.

Texto originalmente publicado em 21 de fevereiro de 2013.

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Letícia Santos
Leticia Inside

“Nothing ever ends poetically. It ends and we turn it into poetry. All that blood was never once beautiful. It was just red.”