A medida das horas
Se o tempo talvez quase paciente
- talvez menos insistente -
talvez não chegasse ao fim
E se ele se perdesse, lentamente
- como se então, de repente,
quisesse esperar por mim
Talvez me derramasse, cegamente,
ou talvez fosse displicente,
ou talvez, nem tanto assim
Se a espera talvez menos indo embora,
talvez fosse por quem chora…
Talvez não quisesse ir
E um sopro desse a medida das horas,
quase nunca por agora,
quase sempre a distrair
Talvez desesperasse a memória
à espera da demora,
talvez quase a partir
Se as mãos talvez um dia estendidas,
talvez fossem parecidas…
Talvez não fossem além
Talvez ali, por já tão conhecidas,
fossem menos divididas
por quem divisão não tem
E então todos as mãos teriam vidas
e a sua mão seria, ainda,
a vida que me contém