Contida
Meu afeto é anacrônico:
Um sistema monofônico
abandonado, em desuso.
Vou montar um antiquário
- só pra arranjar um cenário
tão perfeito quanto confuso -
pra reinventar universos
(mereço olhos abertos,
rodando até perder o fuso)
Já vasculhei teus guardados
pra roubar todo o passado
e me tornar o presente.
Serei o teu grande futuro
- Sou eu lá detrás do muro
que você teima em erguer à sua frente.
Escondida nas tuas gavetas,
vou gerar amor de proveta:
que não nasce, existe somente
Sofro de infinita descrença…
Espero quem me convença
e faça o que não me foi dito.
Antes que eu rasgue estas folhas
ou fuja em alguma bolha
de sabão, a rasgar o infinito.
Mas, caso você realmente venha,
talvez eu não me contenha
e seja o tanto que sinto.