Elabore o texto: a fotografia vale mil palavras
A imagem é texto. Texto não fomado por letras mas por um vocabulário de cores e formas, volume e sombras, texturas e profundidades. Textos que são insistentemente escritos sobre o nosso olhar, mas que limitados ao breve registro de nossos olhos, se perdem no esquecimento. Decidimos ultrapassar o registro da retina. Ao transportamos a imagem para um suporte, permitimos que as imagens se materializem — deixem de ser palavras pronunciadas e passem a ser texto escrito. Nega-se o imediatismo do olhar e a imagem captada fica ali, disponível como palavras num livro. Talvez venha dai o impacto que as imagens registradas causam sobre o homem: sua capacidade de serem permanentes e constantes. Uma imagem vale mil palavras e pagamos o seu preço. Se pelo menos elas fossem páginas a serem abertas quando desejássemos, mas somos forçados a lê-las — releituras sobre releitura. A imagem tornou-se insistente e repetitiva. Nao temos mas a dádiva do esquecimento, nos restou o apelo à banalizaçao — nos tornamos cegos por opção.
(Paracasa da aula do Tibério Franca, professor de Fotografia na Escola Guignard)