Autocuidado em meio ao turbilhão de informações
Sobre construir o hábito de olhar para si
Estamos todos vivendo um momento em que o fluxo de informações sobre o coronavírus 19 passou a ocupar o tempo de nossas vidas de forma abrupta. Ficamos horas em frente aos noticiários e quando pegamos o celular ou o computador, mais informações sobre isso.
Iniciativas sem precedentes agora têm surgido como a liberação de acesso livre a cursos e ferramentas que antes da pandemia eram pagas, materiais de diversas áreas e interesses sendo disponibilizados, um verdadeiro boom na educação a distância, autoformação. Fora as facilitações para motivar o consumo (marcas possibilitando o acesso online à compras, somando a isso parcelas de descontos). É verdade, os canais online nunca tiveram tantos acessos em tão pouco tempo. Surgem listas e mais listas com o tema “o que fazer em tempos de isolamento social”. Mas, será que tanto conteúdo assim é saudável para você?
Vale lembrar que o correto seria o isolamento não ser um privilégio de alguns, já que deveria ser um direito garantido a todos pelo bem estar social em tempos de pandemia. A realidade que enfrentamos é bastante desigual em um país como o nosso, em que, por exemplo, comunidades no Rio de Janeiro estão sem água há mais de 20 dias no meio do caos social, político, econômico causado pelo vírus.
Cuidar-se no isolamento social
Esse texto é sobre isso: cuidar de nós em meio ao caos da pandemia. Não tem a intenção de ser uma reflexão profunda sobre as questões existenciais que obviamente envolvem períodos longos de mudanças sociais e culturais. Tem a intenção de falar sobre práticas, o que é possível fazer para nos mantermos saudáveis em meio às adversidades do tempo presente.
Primeiro, sou obrigada a dizer que isolamento significa ter que lidar com limites. Aqueles limites que por vezes adiamos em construir na nossa casa porque a correria do dia a dia nos anestesia e preferimos evitar conflitos, limites na relação familiar, na educação das crianças, no contato com o outro. Temos que encarar a realidade: se não colocarmos limites bem definidos a convivência pode virar um cabo de guerra e a intenção agora não é dividir mais ainda, e sim somar esforços em nossos núcleos familiares. Se você mora entre amigos, isso também vale, pois o nível de estresse pela convivência 24 horas pode chegar a qualquer momento. Temos que ter limites até para lidar com a nossa própria solidão, no caso de quem está sozinho nessa. Limites nos ajudam a passar por isso de modo mais saudável.
Assim, estabeleça uma rotina. Nem preciso dizer que para as mães e pais, isso é um respiro imenso. A criança que convive com rituais bem definidos em seu dia a dia tende a ter as frustrações amenizadas. Porque elas também estão sofrendo, também foram privadas de suas atividades, da brincadeira na rua, da ida ao parquinho, do correr livre, leve e solta pela quadra. Pode acreditar, ter essa rotina bem delimitada é saudável para todos.
E para os casais, isso significa dividir de forma igual os trabalhos domésticos, viu? Nada de esposas sobrecarregadas ou frustradas porque não conseguem fazer nada além de se envolver na rotina da casa que é bastante trabalhosa. Alguns homens vão entender somente agora o que significa o trabalho invisível e, portanto, não remunerado das mulheres em casa. Por isso o diálogo é fundamental. Separe um momento do dia para conversarem sobre vocês. Para troca de afetos e para amar. Isso vale para os amigos em convivência também, inspire e ressalte as qualidades do outro ao invés de reforçar os defeitos. O autoamor é revolucionário em tempos de crise, faça uma lista do que você vê de genuíno e bonito em ti mesmo. Se olhe mais. Se abrace e exalte-se.
Segundo, o limite vale também para o acesso à informação referente ao momento que estamos passando. Separe de 2 a 3 fontes confiáveis (científicas e oficiais) para se informar. Não sobrecarregue sua mente com muita informação. Use a tecnologia a seu favor, de forma racional e com positividade. Muitas notícias chegam de várias fontes e familiares, não coloque a responsabilidade de saber de tudo em você e nem tenha essa pretensão. Evite, o quanto for possível a frustração, o pânico e a ansiedade que podem ser estimulados via enxurrada de notícias. Esse é um cuidado cotidiano que pode anular as chances de desencadear sentimentos negativos que nos adoecem. Lembre-se que as doenças também têm suas causas emocionais, esse é um ótimo momento para identificarmos quando o nosso corpo e a nossa mente pedem por respeito. Durma se sentir vontade e tiver a possibilidade. Escute a sua intuição, ouça os sinais!
Terceiro, boas práticas significam ação. E voltamos ao início desse texto para um conselho fundamental. Deixe um pouco de lado as mil e uma listas de coisas a ler, ouvir, ver. Concentre-se em sentir. No espaço pequeno do lar, construa um lugar para as sensações. Use a abuse dos chás, ervas, temperos. Tem um universo de receitas para fortalecer a imunidade na internet. E não estou falando no sentido de que isso vai nos preparar mais para enfrentar doenças. Quero colocar foco nesse lugar prático do cuidado de si por prazer e alegria em estar bem. As práticas de saúde oriental exaltam o lugar dos chás, das ervas, das frutas e verduras, pois elas nos conectam com as nossas demandas internas. Nesse momento que vivemos, abuse dos alimentos e procedimentos tônicos para o sistema nervoso.
Para acalmar a mente e o coração (função calmante):
Alface - Suco ou chá dos talas (100 gramas para 1 litro de água). 3 xícaras ao dia.
Couve - Suco das folhas misturado com mel. Cozinhar por 30 minutos. Tomar 3 colheres de sopa, 4 vezes ao dia.
Maracujá - Comer a polpa da fruta
Cravo - Chá das flores (3 flores para 1 litro de água) — 3 xícaras por dia.
Malva - É também um excelente anti-inflamatório (auxilia na saúde das gengivas). Chá das folhas (20 gramas para 1 litro de água).
Por fim, lembre-se: A melhor maneira de se proteger e se proteger é proteger o coletivo, é ficando em casa.
Referências:
Podcast Universo Pitaia -#8 Cuidados Naturais em tempos de Coronavírus -pt1 = IMUNIDADE (Ouça aqui).
Medicina Alternativa de A a Z de Carlos Nascimento Spethinmann, Paulus Gráfica-SP, 5ª edição, 2000.