Mulheres e Códigos

Como é ser mulher, trabalhar com desenvolvimento de software e coexistir no coletivo Levante Lab — Texto escrito em co-autoria com Sther Condé.

Bianca Carlsen
levantelab
3 min readSep 8, 2021

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Ilustração de Diego — Levante Lab
Ilustração de Diego França — Levante Lab

Quando falamos do cenário de TI uma das características que precisamos entender é que não se trata de um mercado de trabalho formado pelo gênero feminino. E tão pouco quando fazemos um recorte menor e mais específico para programação de sistemas. Uma pesquisa realizada pela ONU Mulheres aponta que 17% das vagas de empregos de programação são ocupadas por mulheres.

Com o aumento da procura por desenvolvedores web e por possibilitar uma carreira promissora, acreditamos que — apesar dos desafios — existe um bom mercado para focar nossas energias. Mesmo na pandemia, “Só de março para abril deste ano, houve aumento de 55% de vagas para Programador Web”.

É comum vermos pessoas sugerindo a vertente de trabalho na qual uma pessoa próxima se encaixaria. Quando se é mulher, as opções que nos sugerem, na área da tecnologia, estão mais voltadas a profissões que envolvem o design, como o UX e UI, por exemplo. Raramente alguém sugere o desenvolvimento de software por não nos enxergarem nessa profissão. É questionável o motivo pelo qual isso acontece, não é mesmo?

Consciente desse cenário é que convidamos você a se orientar sobre as implicações de ser uma mulher na área da tecnologia… olhares de estranhamentos, a falta de pertencimento, machismo velado, machismo estrutural estão presentes e são constantes nesse lugar de inovação.

É desafiador… nós sentimos que sempre precisamos provar que somos capazes e determinadas a alcançar nossos objetivos. Nosso conhecimento é colocado em questão por alguém que fica nos fazendo ouvir conceitos e mais conceitos de algo que nem nos foi perguntado se sabíamos ou não. Por outro lado, é gratificante quando somos recebidas com carinhas de felicidade por estarmos trazendo esta inovação para área. Há mais ou menos 2 anos, no nosso primeiro dia no projeto da Plataforma de Formação do MEC, fomos recebidas assim, na Universidade (UFSC). A equipe ficou surpresa ao ver duas mulheres como sendo as novas programadoras do projeto e nós também nos sentimos fortalecidas com a recepção.

É notável que a comunidade de desenvolvedores(as) já possui um potencial gigante de empatia e união com os demais profissionais da área quando rola aquele BUG para resolver. Vamos aproveitar este diferencial para tornar nossa profissão ainda melhor buscando alavancar a carreira de mulheres programadoras. Indique o trabalho dela para uma vaga de emprego, faça um comentário legal no perfil dela no Linkedin (haha :D), mostre aquela ‘Lib’ nova que você encontrou para otimizar seu código… Enfim, são muitas possibilidades para empoderar uma mulher na área de TI.

Pra você que é mulher, crie sua independência com o desenvolvimento de software. Essa profissão possibilita o crescimento de maneira autodidata. Logo, você poderá fazer cursos relativamente econômicos. Dentre eles, por experiência, recomendamos: Udemy, B7Web, Origamid e Bootcamps da IGTI. E para melhorar, existem muitos cursos bons e gratuitos em plataformas como o Youtube, a Digital Innovation One, a Cursou, a Learncafe, etc.

Outra dica que podemos oferecer é: participe de comunidades! Essa é uma forma de crescimento na área, pois na programação, existe muita gente formando comunidades nas redes sociais como o Facebook, Telegram, Discord, etc, para que seja possível a troca de conhecimento, principalmente para quem está começando. E é sério! Todo mundo ajuda até nas naquelas perguntas de iniciante (haha :D). Tenha em mente qual vertente você vai escolher e busque por comunidades específicas para aquela linguagem de programação. Assim, ficará mais fácil de sanar suas possíveis dúvidas.

E pode ter certeza, você nunca vai estar sozinha. Além das comunidades da área você encontra apoio de outras mulheres que também forjam seus espaços na área de tecnologia. E como apoio e incentivos são sempre bons, recomendamos também, as seguintes páginas no Instagram: MinasProgramam, Reprograma e Progra{M}aria.

Dentro do nosso coletivo, na Levante Lab, estamos criando um ambiente no qual possamos sentir ainda mais a igualdade de gênero instaurada. Com base nos nossos erros, vamos melhorando quanto coletivo/empresa a fim de sermos seres humanos melhores. Todo mundo tem algo para ensinar e algo para aprender e é nessa pluralidade que estamos apostando. E aí, bora juntas nessa? 😀

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