Negócios de impacto social

Saiba o que são e como contribuem com a sociedade

Lais Godinho
levantelab
3 min readMay 8, 2020

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Para quem quer empreender com propósito e obter retorno financeiro, os negócios de impacto são um caminho. Diferente das organizações sem fins lucrativos (ONGs), este tipo de empreendimento é autossustentável, gera empregos remunerados, cobra pelos serviços ou produtos que oferece e obtém lucro — porém visam retorno menor que os negócios inclusivos, que produzem em escala e buscam lucros para além da autossuficiência.

De acordo com o Sebrae, “negócios sociais são soluções com a eficiência do mercado, mas com um verdadeiro propósito de gerar um impacto positivo na sociedade, podendo ser social ou ambiental.”

Os empreendimentos sociais se propõem a resolver um problema socioambiental por meio de sua atividade principal, e, geralmente, envolvem inovação no modelo de negócio e contribuem para a qualidade de vida da população de baixa renda ou de um determinado grupo minoritário da sociedade. A maioria deles surge a partir de uma motivação afetiva.

Créditos: Andy Falconer

De acordo com estudo da Pipe.Social e Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), existem quatro características que definem os negócios de impacto:

  1. Intencionalidade de resolução de um problema social e/ou ambiental;
  2. Solução de impacto é a atividade principal do negócio;
  3. Busca de retorno financeiro, operando pela lógica de mercado;
  4. Compromisso com monitoramento do impacto gerado.

O Mapa de Negócios de Impacto, da Pipe.Social, teve um crescimento de 73% de empreendimentos mapeados no comparativo entre 2017 e 2018. De acordo com levantamento da Ande Brasil de 2019, este tipo de negócio já movimenta US$ 60 bilhões a nível global, com crescimento de 7% ao ano.

Perspectivas de um futuro mais sustentável

Estamos passando por um momento na história — especialmente agora, com a pandemia do novo coronavírus — em que está se tornando a cada vez mais necessário mudar a lógica do sistema. Os governos estão tendo dificuldades para lidar com a escala e complexidade das desigualdades sociais e dos problemas ambientais.

Ao mesmo tempo, vemos as pessoas mudarem seus hábitos de consumo. De acordo com o estudo “Authenticity Gap”, da FleishmanHillard, 70% dos consumidores já optam por produtos e serviços de empresas que gerem impacto social e ambiental positivo. As pessoas estão consumindo de negócios com os quais compartilham valores e evitando os que possuem valores contrários. As empresas, por sua vez, estão cada vez mais prestando contas sobre seu impacto: mais de 70% fazem alguma referência em seus relatórios anuais.

Sir Ronald Cohen, autor do livro Um Guia para a Revolução do Impacto, acredita que “o propósito dessa revolução é migrar de um sistema no qual as empresas ignoram as consequências de orientar sua atuação em torno do retorno e do risco para outro, no qual os negócios conseguem ajudar os governos a melhorar a vida das pessoas e o planeta”.

Com produtos, processos, serviços e projetos que ajudam a recuperar meio ambiente e diminuir as desigualdades sociais, sem abrir mão dos retornos financeiros, os negócios de impacto vêm ocupando um lugar importante nesta revolução. O princípio do tripé da sustentabilidade (ambiental, social e financeira), concebido por John Elkington há 25 anos, foi recuperado e tem sido cada vez mais debatido no campo empresarial.

Referências:

2º Mapa de negócios de impacto social + ambiental / Pipe Social, 2019.

Negócios de impacto social: como empreender com propósito e relevância social / Sebrae Santa Catarina, 2018.

O que são negócios de impacto: características que definem empreendimentos como negócios de impacto / Pipe Social, Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), 2019.

Uma revolução nada silenciosa / Sir Ronald Cohen para a Revista Página 22, 2019.

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