Sobre pets, design e direito
O primeiro evento corporativo onde uma empresa permitiu que seus funcionários levassem animais domésticos foi em 1999, nos EUA. Hoje a prática já se tornou comum e é sabido que as pessoas sentem-se mais realizadas e felizes com seus pets ao lado.
Aqui na weme/lex design, os animais já são amigos de trabalho há tanto tempo que o Shoyu tem certeza que é um post-it ;)
Pets rodando a sala, post-its coloridos nas paredes e profissionais de camisetas e tatuagem servem ao mundo do Direito?
Durante os últimos 3 meses nós da Lex Design realizamos um projeto de Legal Design para mapear as principais dores e desafios dos escritórios e departamentos jurídicos do Brasil. Co-organizado em conjunto com a AB2L, buscamos entender quais eram os painpoints destes profissionais através da abordagem do design para posteriormente propor soluções a tais problemas. Baixe o Relatório completo aqui.
Durante 3 encontros tivemos aproximadamente 90 profissionais, sendo 45% de departamentos jurídicos e 55% de escritórios de advocacia. Tomadores de decisão, a maioria possuia mais de 10 anos de experiência, já estava envolvida com algum tipo de inovação e possuía budget para tecnologia em suas organizações. Tivemos a participação de 68% de mulheres no encontro de departamentos jurídicos de 46% nos encontros de escritórios.
Todo o mapeamento das dores foi realizado com técnicas e ferramentas de design thinking, de maneira a extrair de cada um dos participantes as principais dores e sentimentos, suas experiências na rotina do trabalho e quais ideias poderiam ser feitas para minimizar estas dores.
O desafio inicial proposto foi o mesmo para os profissionais de departamento e de escritório: “Como nós podemos melhorar o uso de sistemas e ferramentas”. Enviesamos e recortamos o desafio para entender melhor a relação dos advogados com as ferramentas tecnológicas e o que poderia ser melhorado.
Entretanto, e para nossa surpresa, os resultados das principais dores, em sua maioria, não estavam relacionadas ao uso de sistemas e ferramentas, mas à cultura e comportamento humano. 58% dos representantes de departamento jurídico disseram que suas principais dores estavam relacionadas a outros fatores que não sistemas e ferramentas. No caso dos advogados de escritórios, esse número sobe para espantosos 75%. Dores e dificuldades associadas a comunicação (8%), gestão da informação (13%), cultura (38%) e habilidades pessoais (8%) foram muito lembradas.
Buscando encontrar caminhos para estes problemas, realizamos mais um encontro para a etapa de ideação, onde os participantes discutiram ideias e soluções inovadoras para resolver o problema anteriormente identificado. Mas como mudar uma cultura? O que é preciso fazer?
Após 4 horas de debates em grupos, os advogados rascunharam algumas ideias que, em tese, podem ajudar a minimizar as dores culturais levantadas. Cursos e treinamentos, formação de times multidisciplinares e até compras de startups foram algumas das ideias originadas.
Os advogados de escritórios levantaram 153 ideias diferentes, classificadas em 17 grupos, para resolver os problemas de cultura e comportamento. As mais mencionadas são ligadas a ambiente de trabalho (18%), prêmios e recompensas (11%), novos espaços de trabalho (10%) e novos modelos de negócios (10%) entre outros. O mapa completo pode ser baixado aqui.
Uber dos advogados e Escritório S/A também foram lembrados como ideias disruptivas e inspiradoras. Instituir o “Pet Day” foi classificado na categoria de novos ambientes de trabalho, junto com home office, liberalização do dress code e outros.
A partir desse mapeamento inicial, poderemos nos debruçar sobre os temas levantados e iniciar um debate profundo sobre quais batalhas nós como advogados e demais profissionais do direito queremos travar. Quais armas teremos e como iremos para estas lutas? Qual o futuro que iremos construir?
Muito se fala sobre a tecnologia, algoritmos e inteligência artificial, mas o inicio do processo se dá com post-it, caneta e muito diálogo. Se houver pets ao redor, melhor ainda!
Caso queira baixar o Relatório Completo, acesse aqui.
Guilherme Leonel e Rafael Cerávolo são advogados, designers e fundadores da Lex Design.
