Contrato social e Ancaps

Liberais Antilibertários
liberaisantilibertarios
2 min readApr 30, 2020

Certo dia, um rapaz chamado Jobson que vivia em uma comunidade democrática moderna típica começou a se interessar por anarcocapitalismo. Depois de ler artigos e livros de autores libertários, ele percebeu que a ordem social em que vivia — e naturalizava — era na verdade criminosa, pois atentava contra os direitos inerentemente humanos fundamentais. Para ele, a organização estatal violava os direitos de propriedade porque não existia mediante o consentimento mútuo e a livre cooperação, ou seja, tinha que necessariamente coagir indivíduos pacíficos. Jobson dizia contundentemente que não pediu pra participar disso e que a imposição por parte do estado era imoral. Ele estava furioso e inconformado.

Certo dia, Jobson parou pra conversar com sua bisavó, neta direta dos primeiros moradores da comunidade. Perguntando a ela sobre como surgiu aquele país, ele descobriu que o início de tudo foi uma comunidade privada. Os detentores das propriedades que fundaram aquele estado se associaram voluntariamente para criar instituições que garantissem justiça e segurança. O contrato foi o seguinte: cada morador é acionista e cliente da empresa sem fim lucrativo que presta o serviço de justiça, segurança e outros; e cada um deles tem igual poder de voto nas decisões dessa empresa a partir de certa idade. O título de propriedade então passaria de pai pra filho, os quais teriam a opção de consentir com o contrato estabelecido ou sair dali.

A partir deste momento tudo mudou. O estado que Jobson tinha aprendido a odiar na verdade não estava violando sua propriedade; era a não colaboração de Jobson que violava o contrato que ele necessariamente teria de ter consentido para estar ali. Suas opções seriam, portanto, aceitar os termos do acordo vigente a partir do titulo de propriedade que recebeu dos seus pais ou ir embora. Nesse momento o rapaz ficou super aliviado e seguiu a vida em paz, votando e pagando seus impostos, afinal, a ordem social que parecia imoral era perfeitamente legítima dada existência de um fato ocorrido há 170 anos atrás.

Moral dessa parábola: Na cabeça do ancap, é perfeitamente razoável que EXATAMENTE A MESMA REALIDADE MATERIAL seja justificada ou injustificada a partir de fatores que há muito não estão mais presentes nesta realidade material.

Bizarro men.

~supremo

Publicado originalmente em:
https://www.facebook.com/liberaisantilibertarios/posts/1955643128090768

15 de dezembro de 2017.

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