Soft Skills e Hard Skills

Lidera UFES
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9 min readMay 14, 2020
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História do termo

Se você é, já foi ou pretende ser aluno de alguma universidade, você já deve ter passado ou ainda vai passar pela seguinte situação: em uma das aulas da matéria introdutória da faculdade, um palestrante convidado, normalmente algum ex-aluno ou ex-professor, em seu discurso sobre as perspectivas de mercado de sua área diz as seguintes palavras: “não foram poucas as vezes que abrimos mão de contratar alguém que terminou o curso com nota alta, para darmos prioridade à experiência e ao comportamento do candidato”

As palavras podem ser um pouco chocantes e até frustrante, pois todo aluno passa entre quatro a seis anos de estudos intensos durante a graduação no intuito de conseguir boas notas e assim, melhorar sua expectativa de contratação ao sair da faculdade. No entanto existem evidências que comprovam que a nota, tão suada, não faz tanta diferença assim.

Mesmo que não seja tão claro, há sim bastante fundamento que leva a esse cenário onde notas e diplomas já não possuem o máximo valor, e vamos explicar o porque por trás dessa mudança de percepção.

O que são Soft Skills? E qual a diferença para Hard Skills?

Em uma tradução literal, hard skills, seria o mesmo que “habilidades duras”, que seriam equivalentes às habilidades técnicas e facilmente visíveis de alguém. Por exemplo: qual a sua graduação? Você tem algum conhecimento técnico certificado em algo? Sabe inglês? Alemão? Mandarim? Espanhol? Possui algum curso especializante? Fez intercâmbio? Onde? Por quanto tempo?

São habilidades que podem ser facilmente colocadas na ponta do lápis e escritas em um currículo. De fato, essas habilidades e certificações são conquistadas por mérito e suor, e apesar do cenário descrito na introdução, são fundamentais na hora de uma apresentação e aprovação em um processo seletivo.

Ainda assim, exaltar apenas suas hard skills não significa garantia em seu sucesso profissional, pois isso, depende muito mais do que chamamos de soft skills. Mesmo que a tradução signifique “habilidades suaves”, elas não são nada tranquilas de se adquirir, pois são frutos do comportamento do indivíduo.

Enquanto as hard skills são fruto de um esforço de aprendizado, as soft skills são um esforço de experiências. Habilidades técnicas são moldadas por ler, reler e se exercitar; habilidades comportamentais requerem resiliência, comunicação, temperança, inteligência emocional, habilidades em trabalhar em equipe e liderança. Essas são habilidades moldadas pelo tempo, pelas experiências e por tentativas que envolvem errar e acertar.

Diferentemente das habilidades técnicas, as soft skills são um pouco mais difíceis de serem detectadas em um processo seletivo, ainda que tente-se avaliá-las em dinâmicas de grupo ou em entrevistas. Todavia, o principal intuito de se adquirir habilidades em soft skills vai além de ser aprovado em processos seletivos, trata- se principalmente de construir uma vida pessoal e profissional bem sucedida, tendo habilidade que podem elevar sua competência a altos cargos e ainda melhorar as relações com pessoas ao seu redor.

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Quais são as soft skills em alta hoje?

Entender melhor as soft skills é importante não apenas para um melhor ambiente de trabalho, mas também pelo fato delas serem o fundamento das habilidades técnicas.

O princípio parte de entender que hard skills e soft skills andam juntos, e se precisa de um exemplo, observe o seguinte: Alguém entende muito de uma determinado assunto, e certamente isso se deve a sua habilidade de resiliência e constante desejo de aprendizado. Concorda? Assim, através de suas soft skills, esse alguém conseguirá desbloquear mais conhecimentos e outras hard skills, tendo como resultado uma alta performance.

Em uma matéria de 2017, a Forbes traçou seis habilidades comportamentais interessantes e indispensáveis para o sucesso.

  1. Comunicação Eficaz: os problemas de comunicação afetam a todos, e a premissa dessa soft skill se trata de conseguir transmitir suas ideias e entender as ideias alheias. É saber falar e ouvir na hora certa. Uma boa comunicação é o fundamento de uma equipe motivada e focada em resultados. Para melhor saber sobre o assunto, podemos indicar o livro “O poder de delegar”.
  2. Pensamento Criativo: o capital humano é a maior riqueza de uma organização por se a fonte de conhecimentos e habilidade que trazem novas soluções para problemas e permite enxergar um novo método ou produto a ser lançado. Por mais que a criatividade tenha diversas definições, a mais utilizada atualmente é a que coloca a criatividade como o repertório do ser humano, um conjunto de experiências, crenças, memórias e conhecimentos. Sendo assim, é totalmente possível se tornar ainda mais criativo, basta começar a olhar as coisas ao seu redor de forma mais atenta, se permitindo viver novas experiências. Para melhor saber criatividade, podemos indicar os livros “Design Thinking” e “Sprint”.
  3. Resiliência: usado também como um termo físico que se refere a propriedade de um elemento de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. A resiliência para nós, humanos, se baseia em passar por adversidades sem deixar com que elas nos afetem profundamente, enfrentar nossos problemas lidando com pressões e mesmo assim manter a calma e aproveitar a situação para crescer. Resiliência não deve ser confundida com teimosia. Resiliência é a vontade de continuar olhando para frente quando se enxerga propósito, já teimosia é querer ir pelo mesmo caminho, cometendo os mesmos erros e esperando um resultado diferente. Para saber mais sobre o assunto, podemos indicar os livros “A Startup Enxuta” e “Resiliência”.
  4. Empatia: Essa soft Skill é complemento da comunicação eficaz. Empatia é a habilidade de se colocar no lugar do outro, tentando enxergar as necessidades e experiências dele. Não se deve responder a raiva com raiva, mas procurar entender a raiva do próximo e conseguir achar uma solução. Para melhor saber sobre o assunto, podemos indicar o livros “Comunicação Não Violenta”.
  5. Liderança: ser um líder não é somente ter um cargo para mandar nas pessoas. Ser líder é estar preparado para promover o conhecimento a melhora pessoal e profissional de sua equipe. Ser um líder é antes de tudo servir e gerenciar. Para melhor saber sobre o assunto, podemos indicar os livros “Pipeline da Liderança” e “Mindset”.
  6. Ética no trabalho: ética é saber viver com todos respeitando as regras. Talvez seja uma das ou a habilidade mais difíceis de se ter, pois é algo construído desde a infância que é posta a prova na vida adulta. Este tipo de habilidade pode ser negligenciada pelo egoísmo e pelo individualismo. Está bastante alinhada com o aspecto de liderança. Para saber mais sobre o assunto, podemos recomendar “Os 5 Desafios das Equipes”.

Há outras habilidades comportamentais que podemos abordar, que inclusive estão bastante em voga nestes anos de 2019 e 2020, como:

  • Growth Mindset: está ligado a ter uma mentalidade de crescimento. É o amor pelo aprendizado e por nunca estar satisfeito com o que tem e com o que sabe. É sempre querer mais, em contrapartida ao Fixed Mindset, que tem como objetivo se saciar com um dado conhecimento adquirido. Uma vez que o indivíduo se vê impulsionado a aprender cada vez mais, seu objetivo passa a ser focado em ir a fundo em um determinado assunto. Quando chegar ao fim, ele pulará para outro e continuará se aprofundando. A ideia é conseguir se tornar um T-Shaped Profissional.
  • Adaptabilidade: Vivemos hoje no que chamamos de um mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), onde tudo pode mudar e acelerar de uma forma volumosa e imprescindível. Uma pessoa adaptável é alguém que consegue se virar em diferentes tipos de cenário e imprevisões. Culturas mudam, pessoas mudam, decisões mudam, cargos mudam e o indivíduo, tanto profissional quanto como pessoa tem a necessidade de se adaptar quando o inesperado acontece.
  • Gestão do Tempo: produtividade e eficácia não se trata apenas de produzir, pois deve-se ter o cuidado em não se sobrecarregar e entrar em uma síndrome de burnout (estado de esgotamento físico e mental). Alguém que é visto como eficaz e produtivo não é alguém que consegue ter uma alta carga horária de trabalho, mas alguém que sabe produzir bastante e com qualidade em um tempo ideal e descansar o suficiente para continuar produzindo. Descanso também é visto como um tempo de produtividade.
  • Antifragilidade: não basta ser apenas resiliente. Deve-se ser “antifrágil”, ou seja aprender com os erros e buscar seguir em frente. O contrário de alguém frágil não é alguém que não se quebra, mas alguém que cresce mais com o fracasso.
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E a famosa Inteligência Emocional?

Como uma das soft skills mais procuradas hoje, a inteligência emocional é a habilidade de harmonizar o lado emocional do cérebro com a sua parte racional. Devido ao que vivemos hoje em relação ao Covid-19, a inteligência emocional teve um grande aumento na sua procura.

O seu grande expoente, o jornalista Daniel Goleman expõe a inteligência emocional em cinco pilares:

  1. Conhecer a si mesmo: ou também chamado de autoconhecimento é a ideia por trás de se conhecer a fundo, conhecer e admitir seus pontos fortes e fracos. Esse pilar da inteligência emocional deve ser visto como um processo gradual, variando de pessoa para pessoa.
  2. Controlar as emoções: todos, sim, todos, passamos por momentos estressantes, tristes e de desespero na vida, e é a ausência do autoconhecimento, leva o indivíduo a perda do controle emocional por não conhecer seus sentimentos e os gatilhos que levam a eles. O ideal então é aprender a entender e controlar as emoções.
  3. Automotivação: Não perder a esperança também envolve inteligência emocional! Muitas coisas podem não sair como foram planejadas, e isso não é uma novidade. O importante é continuar indo atrás de seus sonhos de forma gradual e consistente. É importante entender que erros fazem parte do processo. Tenha sempre em mente seu propósito motivador e busque nele a força que você precisa para dar continuidade ao que parece ter dado errado.
  4. Empatia: como já dito anteriormente, a empatia como pilar da inteligência emocional é a habilidade de ser um bom ouvinte, entender as emoções dos outros e perceber como o que você diz é compreendido pelos demais. Pessoas empáticas conseguem entender os sentimentos por trás do que os outros dizem e têm facilidade ajudar as pessoas. Uma boa dica para melhorar nesta habilidade é sempre se perguntar o que está por trás das palavras das pessoas.

A inteligência emocional é a chave para uma vida equilibrada, sabendo lidar com o dia a dia de altos e baixos. Ela a ajudará você a influenciar pessoas, reduzir a ansiedade, ver o lado bom das coisas em meio ao caos, seguir rumo aos objetivos, tomas as melhores decisões e definir as suas prioridades.

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Hard skills… ainda importam?

Claro! E muito! Estamos vivendo em um mundo altamente digital, de intenso tráfego de informações, analítico e voltado para o usuário. É importante que o profissional se adapte (lembra-se da habilidade de adaptabilidade?) ao mundo de hoje. Se há necessidade comportamental nisso, também há necessidade técnica.

Algumas das hard skills procuradas pelo mercado permeiam entre:

  • Computação em nuvem: desde saber estruturar uma ou se adaptar a uma realidade em nuvem que possa ser altamente compartilhada a nível de conhecimento e empresarial
  • Inteligência Artificial e Data Science: entre eles machine learning e deep learning. Devido ao mundo altamente analítico e de informações que vivemos, é necessário saber analisar dados e identificar padrões. Um bom curso de BI e Excel é bastante relevante. Python e R também estão na moda.
  • UX e CS: também conhecidos como User Experience e Customer Success, são habilidades que possibilitam uma melhor experiência para os usuários de seus serviços e produtos, além de metodologias que capacitem o sucesso de seu cliente por meio de algum produto.
  • Lógica de programação: não demorará muito até que todas as carreiras precisem de um curso introdutório à programação. A maioria das coisas hoje tem algum componente web, mobile ou de software.

E o que fazer?

São muitas coisas, tanto em hard skills quanto em soft skills, para se conhecer. E essas habilidades podem ser adquiridas das seguintes formas: Com foco e paciência. É importante definirmos prioridades naquilo que almejamos aprender, mas também deve-se ter calma. Estamos todos aprendendo, e cada um tem o seu próprio ritmo.

Por isso aos poucos vamos adquirindo novas habilidades. Ninguém é pior ou melhor por conseguir algo mais rápido ou não. O importante é respirar, se respeitar e ir progredindo.

Que materiais podemos ter como referência no assunto?

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