#2 — O que é Inteligência Financeira e qual sua importância?
Antes da crise do novo coronavírus atingir a renda dos brasileiros, já tínhamos cerca de 4,6 milhões de pessoas que se encontravam em situação de risco de endividamento no país, segundo a conclusão do Banco Central (BC).
O Relatório de Economia Bancária (REB) do ano 2019, que foi divulgado em junho deste ano, mostrou que 85 milhões de brasileiros tinham alguma operação de crédito em aberto com o sistema financeiro no fim do ano passado e, dentre esses, cerca de 5,4% eram classificados como endividados de risco.
Uma pessoa é identificada como endividado de risco, segundo o BC, quando o tomador de crédito se encaixa em duas das quatro condições a seguir de risco avaliadas pela autoridade monetária: tem parcelas em atraso há mais de 90 dias; compromete mais de 50% da sua renda mensal com o pagamento de dívidas; está endividado no cheque especial, no cartão de crédito rotativo e no crédito pessoal não consignado ao mesmo tempo; e fica com uma renda mensal disponível abaixo da linha de pobreza, ou seja, com menos de R$ 439,03 para gastar por mês, após o pagamento dessas dívidas.
A projeção para a alta da inadimplência não foi apresentada pela autoridade monetária, mas o Relatório de Economia Bancária (REB) traça um perfil de que, quem era mais suscetível a se enquadrar no grupo de endividamento de risco antes mesmo da pandemia, deve ficar ainda mais atento a suas operações bancárias a partir de agora.
Endividamento de risco atinge 4,6 milhões de brasileiros
Com este panorama, podemos perceber como o Brasil é um país que não tem uma cultura de uma boa gestão financeira.
Essa habilidade é imprescindível, uma vez que busca fazer o uso do dinheiro da forma mais eficiente possível, e é uma ferramenta não só restrita à pessoas com bons salários, mas também é possível para pessoas que têm baixos rendimentos. A gestão eficiente do dinheiro pode facilitar não apenas a capacidade de honrar os pagamentos mensais, como também pode ajudar na aquisição de bens de maior valor.
O desenvolvimento dessa qualidade parte de características gerais da vida de cada pessoa; algumas as têm naturalmente, mas é possível desenvolvê-las ao longo do tempo buscando a educação financeira. Algumas atividades podem ser destacadas nesse processo, e dentre elas podemos citar o ato de poupar, investir e, principalmente, de se ter uma boa organização e disciplina.
É importante que você repense a relação que você possui com o dinheiro, pois devemos ter controle sobre ele, e não o contrário. Deve-se ser racional com os recursos e com as próprias necessidades, estabelecer padrões de consumo sem vinculá-los aos recursos financeiros disponíveis, visto que se os gastos mensais são sempre referentes à totalidade ou mais que os rendimentos mensais, é provável que, em caso de aumento da renda, a pessoa em questão continuará gastando tudo o que ganha ou se endividando.
Suno Research: 7 dicas para melhorar sua relação com o dinheiro
O planejamento financeiro é importante porque permite que cada um trace aquilo que é um gasto imprescindível e o que é supérfluo, além de poder definir metas. Atrelado a ele, é importante o controle financeiro pessoal, dado que, com ele, podemos fazer o acompanhamento do histórico de gastos e a avaliação da qualidade do consumo. Pensar no futuro, separar uma parte do orçamento para poupar e investir nos permite ter uma maior segurança e minimizar os efeitos de eventos inesperados, como o desemprego, ou a atual situação de pandemia que estamos vivendo. Além de que possibilita uma melhor situação futura. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 8 em cada 10 brasileiros (78%) admitem que não estão se preparando para a hora de se aposentar, e outra pesquisa realizada no ano de 2016 mostra que mais de um terço dos aposentados continua trabalhando para complementar a renda. A falta de controle e de planejamento acaba fazendo com o que era pra ser usado no futuro, acaba servindo de caixa para pagar dívidas atuais e tratamentos de saúde.
Para se aprofundar mais:
8 em cada 10 brasileiros não se preparam para aposentadoria, diz pesquisa do SPC Brasil e CNDL
Endividamento dos brasileiros volta a crescer
Mais de um terço dos aposentados continua trabalhando, diz pesquisa