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A fórmula mágica para selecionar ações

Introdução

Atualmente, dentro do universo dos investimentos, um dos grandes desafios é qual ação escolher para sua carteira, isso porque só na bolsa de valores brasileira são listadas cerca de 400 empresas, tornando assim o trabalho de seleção muito complexo, pois a análise de cada case das companhias é um processo trabalhoso e custoso.

A partir dessa necessidade que surgiram os métodos quantitativos que buscam selecionar empresas por meio de fórmulas matemáticas e esse é o caso da fórmula mágica desenvolvida por Joel Greenblatt e é explicada de forma sistemática no seu livro “A fórmula mágica para bater o mercado de ações”.

O que é a fórmula mágica?

Primeiramente, é necessário entender o conceito de dois indicadores fundamentais para a fórmula mágica que são: Earnings Yield e ROE.

Earnings Yield: é o lucro da empresa sobre o seu preço, ou seja, é o inverso do tão conhecido P/L, logo é o L/P. Também pode ser descrito como o EBIT sobre o EV para evitar distorções pela variação de setores, sendo que o EBIT é o lucro antes de juros e impostos e o EV é o valor de mercado da empresa.

ROE: é o retorno sobre capital, que por sua vez significa a capacidade da empresa gerar valor a partir dos seus recursos. Que pode ser calculado:

ROE = (Lucro Líquido dos últimos 12 meses / Patrimônio Líquido) x 100

O próximo passo é entender o motivo do uso desses indicadores. O ROE é usado para parametrizar se uma companhia é eficiente ou não, pois ele indica se essa aplica de forma assertiva os seus recursos, pois de forma geral a existência de uma empresa só é válida se ela for mais lucrativa que a taxa de juros nacional. Por exemplo: caso seja aplicado 100 mil reais para abrir uma sorveteria e essa lucra 10 mil reais por ano, considerando uma taxa Selic de 13% a.a. , pode-se concluir que não é valido aplicar o seu dinheiro na sorveteria, mas em um investimento de renda fixa associado a Selic, já que esse retornará 13 mil reais ao ano.

Já o Earnings Yield representa de forma simples se uma empresa está cara ou barata, pois não adianta ser um bom negócio se custa muito caro. Portanto, esse indicador mostra a relação de quanto paga-se por determinado lucro e entende-se como barato as companhias que tem um menor preço pelo seu lucro.

Por fim, a fórmula mágica nada mais é do que a combinação desses dois indicadores de forma a conseguir empresas com alta eficiência, mas que estejam baratas em relação ao seu valor.

Como aplicar a fórmula mágica?

A aplicação da fórmula mágica é bastante simples, basta criar um ranking entre as ações considerando os dois indicadores citados. Primeiramente, as empresas são ranqueadas em relação ao ROE, assim a ação com maior ROE fica em primeiro lugar e a com menor em último.

Posteriormente, as empresas são ranqueadas em relação ao Earning Yield, logo a ação com menor Earning Yield fica em primeiro lugar e a com maior fica em último. Por fim, as posições dos dois ranques são somadas, por exemplo, se uma empresa ficou na posição 5 de ROE e na posição 4 em Earning Yield, a soma será 9.

Após feito a soma dos ranques dos dois indicadores, deve-se fazer um novo ranque, sendo classificado do menor valor ao maior dessa soma.

Por fim, deve-se comprar as 30 melhores ações do ranque para que haja uma diversificação na sua carteira, após um ano deve venda-las e comprar novamente as 30 melhores ações do ranque. Na figura 1, mostra o formato do ranque gerado pelo blogue barganhas da bolsa:

Fonte: barganhas da bolsa

Vale ressaltar que alguns setores não são bem balizados pela fórmula mágica, como é o caso de seguradoras e bancos, logo devem ser excluídos do ranque. Ademais, pode haver variações na fórmula, porém usando o mesmo princípio, que é eficiência e baixo custo, por exemplo, pode-se usar ROIC em vez de ROE.

Resultados da fórmula mágica no mercado americano

Fonte: A fórmula mágica para bater o mercado de ações

Conclusão

A fórmula mágica apresenta uma metodologia bastante simples e de fácil aplicação com uma rentabilidade acima do mercado segundo os estudos de Joel Greenblatt.

Vale ressaltar alguns pontos, primeiramente os resultados do passado não necessariamente representam os resultados do futuro e o mercado de capitais é um conjunto de fatores um tanto mais complexo que apenas múltiplos, situações diversas são possíveis que influenciam de forma direta empresas e o mercado, como foi o caso da covid-19, que jamais poderia ser prevista por indicadores contábeis.

O segundo ponto a se destacar é que o mais importante do método não são as 30 ações ranqueadas, mas sim o conceito por traz do uso dos indicadores, ou seja, você não precisa da fórmula mágica propriamente para selecionar os seus ativos, mas sim a relação ROE e Earning Yield que são grandes indicadores para evitar péssimos negócios.

A fórmula mágica possivelmente não te apresentará as ações que mais crescerão nos próximos anos, mas certamente ela evitará que você coloque seu dinheiro em péssimas empresas, em consonância com os ensinamentos de grandes investidores como Warren Buffet, que diz a famosa frase, “Nunca perca dinheiro”.

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