Análise Bovespa 06/02 a 10/02

Guilherme Pelegrinello
Liga de Mercado Financeiro Bauru
4 min readFeb 13, 2023

Introdução

A bolsa brasileira, na semana do dia 06/02 ao dia 10/02 foi marcado por grande volatilidade. O índice Bovespa encerrou sexta-feira em queda de 0.4% aos 108.078 pontos. A volatilidade e a variação negativa se devem principalmente ao cenário político local. Como destaques nas ações temos o São Martinho, que registrou alta de 10,6% na semana, por conta da alta internacional dos preços do açúcar, além do anúncio feito pela empresa do início da produção de etanol a partir do milho. Na contramão, a Alpargatas amargou uma queda de 24,6% na semana depois da decepção com os resultados do 4T22.

Destaques nacionais

1- Tensões entre Banco Central e governo foram amenizadas com ata do copom

O IPCA de janeiro registrou alta abaixo do consenso, a inflação ao consumidor atingiu 5,8% no acumulado em 12 meses. O dado reforça a visão de desinflação em curso ainda que de forma gradual. Em meio às discussões sobre a independência do Banco Central e um possível ajuste na meta de inflação, esse resultado abaixo do esperado pode amenizar os atritos e abrir caminho para um melhor diálogo entre o Poder Executivo e a autoridade monetária.

Destaques internacionais

1- Rússia anuncia novo corte na produção de petróleo

A Rússia, ainda em um contexto de guerra com a Ucrânia, anunciou um novo corte na produção de petróleo após ser imposto pelos países ocidentais um novo teto no preço da commodity. Com esse anúncio, o barril do petróleo Brent avançou 2,34%, a US$86,48, causando uma valorização no real em relação ao dólar, que fechou em queda de 1,08%, a R$5,22. Os papéis da Petrobrás (PETR3;PETR4), com ganhos de 2,73% e 3,04%, respectivamente, também foram beneficiados pelo anúncio.

2- EUA próximo de uma recessão

O humor nos Estados Unidos não é dos melhores, e após o relatório Michigan do consumidor, que demonstrou que os EUA estão cada vez mais próximos de uma recessão, e que as incertezas quanto a continuidade do aperto monetário só crescem. O índice de Michigan de confiança do consumidor americano, em fevereiro, teve leitura de 62,3, ante consenso de 62,9.

Destaques positivos

· São Martinho #SMTO3 (+10,55%) R$ 28,39

A São Martinho S.A. é uma empresa do setor sucroenergético. Possui capacidade aproximada de moagem de 24 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. O índice de mecanização de colheita é de 100% e a área agrícola de 300 mil hectares. Ainda possui capacidade de estocagem de 820 mil toneladas de açúcar e 700 mil m³ de etanol. Também atua com geração de energia elétrica.

A empresa foi beneficiada na semana pela tendência de alta do açúcar no mundo, causado pelo aumento da demanda e retração das refinarias no Brasil e no mundo. Outro fator também que ajudou a alta dos papéis foi o recente anúncio feito pela empresa que irá produzir etanol a partir do milho.

· Cielo #CIEL3 (+8,30%) R$ 5,35

A Cielo é uma empresa brasileira de serviços financeiros. Atua como adquirente multi-bandeira, sendo uma das responsáveis pela captura, transmissão e liquidação financeira de transações com cartões de crédito e débito.

A Cielo informou que seu conselho de administração aprovou a eleição de Carlos Eduardo Domingues Alves como vice-presidente executivo de Tecnologia e Negócios. A companhia informa que Carlos possui grande experiência executiva e como empreendedor em varejo e tecnologia, tendo ocupado posições executivas em empresas como a Riachuelo (GUAR3) e Magazine Luiza (MGLU3).

Destaques negativos

· Alpargatas #ALPA4 (-24,57%) R$9,58

A alpargatas é uma empresa de calçados e artigos esportivos. Atualmente o grupo é dono de diversas marcas como: Havaianas, Dupé, Osklen, Topper na Argentina, Sete Léguas e Meggashop e detém a licença de Mizuno no Brasil.

A companhia divulgou na véspera prejuízo líquido consolidado de R$ 21 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo a cifra positiva em R$ 303,1 milhões reportada no mesmo intervalo do ano anterior. No trimestre o Ebitda recorrente da Alpargatas ficou em R$ 152,6 milhões, 15,2% menor na comparação anual, com queda de 3 pp na margem. O recuo reflete a queda de volume no Brasil e ao aumento das despesas comerciais e de marketing, segundo o release de resultados.

· Azul # AZUL4 (-22,85%) R$ 8,81

Azul Linhas Aéreas é a maior companhia aérea do Brasil em número de voos e cidades atendidas, com mais de 150 destinos nacionais e internacionais. A empresa possui cerca de 12 mil tripulantes e uma frota operacional de aproximadamente 160 aeronaves.

A companhia teve queda acentuada devido ao rebaixamento da sua notas de crédito pelas agências de classificação de risco Fitch e S&P. A S&P fez o mesmo movimento com a nota da Gol (outra companhia aérea concorrente da azul) e cortou de “CCC+” para “CC”, com alta probabilidade de não cumprimento dos compromissos, e manteve a perspectiva negativa. A agência de risco considerou o acordo com a Abra, futura controladora da Gol e da Avianca, é “na prática uma reestruturação da dívida e equivale e um episódio de inadimplência por parte da companhia aérea”.

--

--