Análise Bovespa da semana de 13 a 17/02/2023
INTRODUÇÃO
Em época importante de divulgação de balanços trimestrais de algumas empresas, como BTG Pactual e Vale do Rio Doce, o Ibovespa acumulou alta de 1,02%. Na semana de 13 a 17/02, o principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3) atingiu a pontuação de 109.176,92. Nesse sentido, o que agitou o mercado financeiro nesses dias foram as contínuas discordâncias entre o presidente da República e o presidente do Banco Central sobre a política monetária no país, além dos dados de inflação dos Estados Unidos e o movimento de baixa da cotação internacional do petróleo. O dólar acumulou queda de 1,16%, fechando a semana a R$ 5,16.
Segunda-feira (13/02)
O Índice Bovespa começou a semana com uma alta de 0,7% a 108.836 pontos, impulsionado por bancos como Bradesco, Itaú e BTG Pactual (BPAC11), esse último com boa repercussão dos resultados trimestrais divulgados; e seguindo o ritmo de Wall Street, fechando positivamente de acordo com os índices S&P 500 a 1,15%; Dow Jones, 1,11%; e Nasdaq, 1,48%. Além disso, o dólar teve desvalorização de 0,86%, chegando ao preço de R$ 5,18. Nesse dia, as empresas que se destacaram foram BRF (BRF3), Via (VIIA3) e o Grupo Soma (SOMA3), com altas de 7,94%, 5,85% e 4,18%, respectivamente. Já os destaques negativos foram a Azul Linhas Aéreas (AZUL4), Méliuz (CASH3) e 3R Petroleum (RRRP3), tendo quedas de 3,97%, 3,09% e 2,60%, respectivamente.
Terça-feira (14/02)
Com as notícias de que a inflação dos Estados Unidos subiu acima das expectativas, o Ibovespa fechou o dia negativamente, recuando 0,91% aos 107.848 pontos. Em Wall Street, Nasdaq teve alta de 0.57%, enquanto S&P 500 e Dow Jones tiveram baixas de 0,03% e 0,46%, respectivamente. O dólar subiu 0,42%, na casa dos R$ 5,20. A bolsa brasileira teve destaques positivos de Banco do Brasil (BBSA3) e Carrefour (CRFB3), que tiveram seus resultados divulgados do trimestre repercutidos positivamente, obtendo respectivas altas de 2,34% e 2,92%. A queda desta terça-feira foi puxada pelas empresas petroleiras: as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras (PETR4;PETR3) fecharam em queda de 0,22% e 0,33%, à medida que os papéis da PetroRio (PRIO3) desceram 3,71%, assim como os da 3R Petroleum (RRRP3), caindo 2,56%. Isso se deve ao recuo na cotação internacional do petróleo, impactando esse setor na bolsa de valores.
Quarta-feira (15/02)
Ao final do pregão desta quarta-feira, o Ibovespa subiu 1,62% a cerca de 109.600 pontos, com volume negociado de R$ 46,6 bilhões. Houve certo ânimo dos investidores depois de ser noticiada a afirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que um novo arcabouço fiscal poderá ser anunciado no em março. Nesse sentido, a Vale (VALE3), subindo 2,18%, juntamente aos bancos puxaram os ganhos da bolsa hoje, sendo que a líder foi a Hapvida (HAPV3), com alta de 7,64%. Enquanto isso, a Magazine Luiza, única do setor do varejo a cair, foi o destaque negativo da B3 no dia, -4,19%, e quem caiu também foi a Totvs (TOTS3; -4,16%), após repercussão negativa de seu balanço trimestral. Já nos EUA, o dólar fechou em alta de 0,41% a R$ 5,21. Dow Jones, S&P e Nasdaq ganharam, 0,11%, 0,28% e 0,92%, respectivamente.
Quinta-feira (16/02)
Em dia de anúncios do presidente Lula sobre o aumento do salário mínimo e da faixa de isenção do imposto de renda além de críticas sobre a autonomia do Banco Central, o Ibovespa registrou alta de 0,31% nesta quinta-feira, aos 109.941,46 pontos. A ponta positiva do ficou com a CVC (CVCB3), valorizando 7,23% após fortes quedas nesse início de ano. Os destaques negativos ficaram com a Minerva (BEEF3), com recuo de 5,72% e, mais uma vez, com a Azul (AZUL4), caindo 4,72%. Tratando do panorama norte-americano, Dow Jones, S&P e Nasdaq recuaram, respectivamente, 1,26%, 1,38% e 1,78%. A moeda vigente no país, o dólar, desvalorizou 0,16% (R$ 5,21).
Sexta-feira (17/02)
Próximo ao período de festas do feriado de Carnaval, o Ibovespa terminou o último dia da semana em baixa de 0,7% a 109.176,92, ainda repercutindo os dados de inflação divulgados nos EUA, ao passo que surgem rumores de um possível aumento da taxa de juros em território americano. Pelo segundo dia seguido, o dólar sofreu desvalorização, dessa vez de 0,96% com o preço de R$ 5,16. Em terras tupiniquins, os destaques positivos foram a Telefônica (VIVT3) e Ultrapar (UGPA3), subindo cerca de 12% e 9%, respectivamente. Por outro lado, Pão de Açúcar (PCAR3) e PetroRio (PRIO3) amargaram quedas, sendo essas de 5,07% para ambas.
DESTAQUES NACIONAIS
Mercado continua atento às divergências entre Lula e Banco Central
Há pelo menos um mês, tem-se visto divergências entre Lula e as condutas do Banco Central (BC), autônomo desde o governo anterior. O presidente da República deseja que as taxas de juros diminuam, mas Roberto Campos Neto (presidente do BC) discorda, argumentando que seria incompatível com a inflação atual no país. Em entrevista ao programa Roda Viva nesta semana, Campos Neto disse que é preciso que a economia concentre suas forças para o bem estar social, mas sem desequilibrar o fiscal. Já na quinta-feira, Lula afirmou que pode discutir a manutenção da autonomia do Banco Central caso nos próximos capítulos isso não proporcione benefícios para o país. O mercado observa com cautela essa situação, que tem potencial para causar oscilações no Ibovespa. Por outro lado, os ânimos dos investidores melhoraram com a afirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o governo anunciará o novo arcabouço fiscal em março.
Vale (VALE3) divulga balanço trimestral do 4T22
A Vale do Rio Doce, mineradora e uma das maiores empresas listadas na B3, divulgou seu balanço do último trimestre de 2022, com números dentro do esperado pelos analistas. Nesse sentido, para os acionistas foi atribuído um lucro líquido de US$ 3,724 bilhões, cerca de 30% a menos que no 4T21. Apesar disso, investidores ainda observam com cuidado esse balanço, pois ainda é preciso saber mais sobre seu futuro, que depende principalmente do panorama de preços do minério de ferro para os próximos meses.
DESTAQUES INTERNACIONAIS
Divulgação de dados de inflação nos EUA faz mercado temer novo aumento da taxa de juros
Nesta semana, foram divulgados os dados econômicos dos Estados Unidos, e o que mais chamou a atenção foi a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP), que acumulou alta de 6,4% nos últimos 12 meses, acelerando 0,7% em janeiro, sendo que a previsão era de 0,4%, após ter registrado no mês de dezembro de 2022 queda de 0,2%. A partir disso, surgem as expectativas de que o Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) continue a aumentar a taxa de juros vigente no país. Nesse sentido, surge certo temor para os investidores, pois com juros mais elevados nos EUA, os títulos de renda fixa, os famosos bonds, tornam-se mais atrativos ao terem seus rendimentos elevados, o que deslocaria para baixo a demanda pelo mercado de renda variável, além de um possível maior ganho de força do dólar.
Pessimismo quanto à economia global diminui gradativamente
Apesar de o cenário não ser otimista, as maiores preocupações com a economia do mundo vão passando, uma vez que a China abriu mão de sua política de covid zero e a situação da doença no país asiático melhorou, assim, se projetando mais no comércio internacional. Além disso, um inverno menos rigoroso na Europa amenizou o receio de que as reservas de gás e seus fornecimentos não fossem suficientes para essa época, já que esse é um recurso com distribuição afetada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Também houve redução no temor de uma recessão nos Estados Unidos, após divulgação de queda de 0,5% no aumento do índice de preços de gastos com consumo, comparando os meses de novembro e dezembro de 2022.
DESTAQUES POSITIVOS
● Hapvida (HAPV3): +12,11%, R$ 5,09
A fusão ocorrida em 2022 entre a Hapvida e a NotreDame Intermédica resultou na maior operadora de saúde no Brasil. O grupo Hapvida NotreDame Intermédica oferece saúde integral e odontologia para clientes empresariais e individuais em todas as regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Já esteve no final do mês passado entre as maiores altas devido a divulgação de dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indicarem que a contratação de planos privados em dezembro de 2022 cresceu. Dessa vez, figurou na ponta positiva sendo sustentada pelo fluxo de capital estrangeiro em ativos considerados “descontados”. Com isso, seus papéis chegaram a R$ 5,09, subindo 12,11%.
● Via (VIIA3): +10,24%, R$ 2,26
A Via é uma empresa que consiste num ecossistema, responsável pela Casas Bahia, Ponto, Extra.com, banQi, Bartira e Asap Log. Além disso, a companhia está presente em mais de 400 municípios brasileiros, 20 Estados e no Distrito Federal, com mais de 900 lojas e cerca de 50 mil colaboradores. Após a repercussão da crise na Americanas, os investidores vêm procurando outras alternativas no setor de varejo para preencher a lacuna deixada por ela. Beneficiando-se disso, a Via teve seus ativos valorizados em 10,24%, chegando ao preço de R$ 2,26.
DESTAQUES NEGATIVOS
● Azul Linhas Aéreas Brasileiras (AZUL4): -11,58%, R$ 7,79
A Azul é uma das maiores e principais companhias aéreas do Brasil, com uma ampla oferta de trajetos, tanto nacionalmente — tendo um diferencial de rotas para cidades menores — assim como internacionalmente. Desde 2008, conquistou seu lugar no mercado e é quase sempre uma opção para quem usa o transporte aéreo. Pela segunda semana seguida, a companhia aérea figurou entre as maiores quedas da bolsa brasileira. Ainda repercutindo danos causados pela pandemia e as atitudes tomadas para amenizar a situação, como aumento de alavancagem financeira, a empresa busca discutir os termos de renegociação de dívidas com arrendadores de aeronaves. Já que esse processo atualmente está incerto, isso causou impacto nas suas ações, caindo 11,58% a R$ 7,79.
● PRIO (PRIO3): -10,62%, R$ 38,21
A PetroRio S.A. é a maior companhia independente de óleo e gás no Brasil, sendo especializada na gestão de reservatórios e no redesenvolvimento de campos maduros (campos de petróleo que já ultrapassaram pelo seu pico de produção). Esteve entre as maiores quedas da semana devido ao recuo da cotação de uma das principais commodities do mundo, o petróleo. Por exemplo, na terça-feira, o WTI para março perdeu 1,09%, cotado a US$ 79,30 o barril, enquanto o Brent para abril recuou 0,89%, com o preço do barril a US$ 85,84. Nesse sentido, seus papéis desceram 10,62%, a R$ 38,21.