Análise completa Magazine Luiza (MGLU3). Gigante do varejo nacional.

Análise Fundamentalista 03/06/20

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História da empresa

A grande rede varejista Magazine Luiza teve seu surgimento no ano de 1957 na cidade de Franca, interior de São Paulo, sendo seus fundadores Luiza Trajano Donato e Pelegrino José Donato.

Durante os anos seguintes, a companhia obteve expansão de seus negócios dentro do interior do Estado de São Paulo e em 1974 inaugurou sua primeira loja de departamentos com mais de 5000 metros quadrados e no ano de 1977, 20 anos após sua fundação, a companhia já contava com mais de 30 lojas.

Em 1991 Luiza Helena Trajano, sobrinha da fundadora, assume o posto de liderança da organização.

No ano de 2000 foi lançado o site para comércio eletrônico do Magazine, onde a partir de 2001 a companhia procurou tornar relevante suas operações digitais, começando com a integração entre as lojas físicas e digitais. Em 2003 foi lançado a Lu, sua assistente eletrônica com o objetivo de auxiliar os clientes nas compras e como utilizar os produtos.

Desde então a empresa foi expandindo seu negócio adquirindo outras lojas, como a Rede de lojas Líder na região de Campinas (2003), Lojas Arno (2004), Lojas Maia (2010), marcando a chegada da rede no Nordeste.

Em 2011 foi realizado seu IPO, sendo a partir daí, iniciado um novo ciclo de expansão dentro da empresa com aquisição de novos centros de distribuição com o foco na melhora do sistema logístico da empresa, sendo possível a entrega em menor tempo e com menor custo ao consumidor final.

Foi em 2015 o ano que a empresa começou seu plano de transformação digital, adotando estratégias focadas tanto na digitalização de suas lojas físicas quanto no e-commerce. A intenção dos executivos era migrar de “uma empresa tradicional que possui um canal digital” para “uma plataforma digital com pontos físicos e calor humano”.

Governança

Atualmente a empresa é comandada pelo CEO Marcelo Silva e pela a presidente geral Luiza Helena Trajano.

No que tange a Governança Corporativa, a Magazine Luiza novamente se destaca. Apesar de seu histórico familiar, a companhia possui um altíssimo nível de governança, sendo listada no Novo Mercado da B3 desde o ano de 2011. Este alto padrão é reflexo da constante evolução e alavancagem organizacional que o grupo vem apresentando ao longo da última década. Exemplo disso, foi a criação de diversos órgãos internos de fiscalização e transparência como por exemplo: Comitê de Auditoria e Riscos, Conselho de Administração, Comitê de finanças e Conselho Fiscal pela Assembleia Geral. Tudo para garantir a máxima eficiência e transparência para com seus investidores.

A composição acionária da empresa segue as determinações do Novo Mercado. Ou seja, apenas ações ordinárias (ON) são negociadas na bolsa, portanto seu Tag Along é de 100%, assim protegendo o acionista minoritário. O Free Float — que são as ações destinadas a livre negociação — da companhia atualmente é de 40,7% ON. Os principais acionistas são a LTD Administração e Participações S.A, Wagner Garcia Participações S.A. e Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues com 53% ON, 3% ON e 1% ON de participação respectivamente.

Linhas de receita

A empresa possui um modelo de negócios focado na multicanalidade, oferecendo diversas plataformas para que o cliente possa realizar suas comprar da forma mais agradável possível, sendo as plataformas: Lojas físicas, lojas virtuais, plataforma e-commerce, televendas e o magazinevocê.

Com essa pluralidade de métodos de venda, a empresa busca se alavancar e oferecer da melhor forma possível atingir “os pilares do varejo”, sendo eles: Variedades de produtos, rapidez na entrega e preço de venda baixo.

Seu e-commerce apresenta parcela significativa das vendas totais da companhia, o destaque vem para sua porcentagem em comparação com o número total de vendas, 45%. Isso mostra que os investimentos que a empresa vem trazendo para a área de tecnologia vem dando resultado, e é uma das forma de a empresa tentar reduzir prejuízos advindos da crise.

Fonte: Magazine Luiza relatório 1T20

A imagem acima confirma a forte expansão que seu e-commerce vem sofrendo nos últimos anos e não só isso, mas as vendas como um todo, incluindo o outros modelos de loja física também apresentam aumento de vendas, tendo como comparativo o mesmo período do ano passado, a empresa, mesmo em meio a atual crise, conseguiu aumentar bem seu número de vendas.

Fonte: Call 1T20 Magazine Luiza

Pontos positivos

A empresa vem apresentando uma grande evolução nos últimos anos, saindo de prejuízos no ano de 2015 e apresentando na evolução dos seus resultados, inclusive revertendo o prejuízo para lucro. Atualmente a empresa se mostra muito bem consolidada dentro do varejo, investindo cada vez mais em seu e-commerce (que é uma tendência mundial, visto o sucesso mundial de empresas como Amazon e Alibaba).

Outro ponto positivo da empresa é seu caixa, cuja empresa vem fazendo a manutenção, além de tê-lo aumentando com um follow on.

Tem-se também como destaque sua expansão no marketplace, apresentando um aumento de suas vendas em 185% fazendo um comparativo entre o primeiro trimestre de 2020 com o primeiro trimestre de 2019.

Pontos negativos

A empresa apresenta um Dividend Yield baixo, uma vez que está dentro do varejo e suas margens são pequenas, é necessário um grande giro de capital, sempre reinvestindo o capital adquirido. Além disso, a empresa vem adquirindo novas empresas e recentemente investindo pesado em sua malha logística, o que faz que seus lucros sejam reinvestidos ao invés de serem passados ao acionistas.

Riscos

Os principais riscos que a Magazine Luíza tem são:

  • Concorrência: Por mais que seu e-commerce venha apresentando ótimos resultados, é um desafio a empresa se manter assim, visto que a concorrência é muito forte e agressiva por parte de outras empresas como a B2W e o Mercado Livre, que concorre mais diretamente com seu marketplace, além disso tem-se a Via Varejo que do último ano para cá também vem investindo pesado em suas vendas online e é uma concorrente direta da Magazine.
  • Recuo das vendas no curto prazo: Outro risco para a empresa é como serão suas vendas daqui para frente. As perspectivas são que as vendas da empresa recuem no curto prazo, uma vez que postos de trabalho serão perdidos, e temos uma tendência de redução do consumo e uma desaceleração da economia (o PIB brasileiro já apresenta queda de 1,5% no primeiro trimestre de 2020). Entretanto as vendas aumentaram no primeiro trimestre do ano, porém só teremos um panorama real da situação a partir do segundo trimestre, hoje já temos resultados totalmente imersos na realidade da pandemia.

Resultados

Balanço patrimonial — Dados anuais

Fonte: Status Invest

Um dado importante a ser destacado dentro da companhia, é seu caixa. Atualmente a empresa possui um caixa total de aproximadamente R$3,906 milhões ([Caixa e equivalentes + Aplicações financeira] — Empréstimos), que, em tempos de crise, gera um pouco de tranquilidade à empresa e permite avaliar com calma formas de investir este dinheiro.

Demonstrativo de resultado de exercício — Dados trimestrais

Fonte: Relatório 1T20 Magazine Luiza

A DRE apresentada pela empresa nos traz dados interessantes sobre a empresa e a evolução da mesma comparando seus resultados do primeiro trimestre de 2020 com o de 2019.

A receita bruta saltou de R$5.313,2 milhões para R$6.488,3 milhões, o que representa uma variação de 22,1%, isso mostra que mesmo sendo um setor fortemente impactado pela crise do coronavírus, a empresa conseguiu expandir seu número de vendas e aumentar sua receita bruta.

Na contramão, temos o aumento dê suas despesas operacionais de R$816 milhões para R$1.087,9 milhões, que representa uma alta de 33,3%, um número bem expressivo, porém boa parte desse aumento é advindo do custo com vendas, o que não é necessariamente ruim, pois é uma das formas da empresa aumentar sua receita bruta.

Outro dado importante é a redução do seu EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), apresentando uma variação de -15,9%.

Agora fazendo um comparativo além do 1T19 com o 1T20, tem-se a redução do seu custo operacional que foi proporcionado. Em 2015 eles representavam 24,9%, chegando a 21,4% no ano de 2019, uma redução de 3,5%, algo muito expressivo, considerando que a margem no setor de varejo é pequena, essa redução de custo impacta fortemente nos lucros da empresa, e isso dá por conta da expansão do seu e-commerce.

Demonstração do fluxo de caixa (DFC)

Fonte: Relatório 1T20 Magazine Luiza

A Magazine Luiza teve um lucro líquido de R$30,8 milhões no primeiro trimestre de 2020, que representa uma queda de 76,7% em relação ao primeiro trimestre de 2019, que apresentou lucro líquido de R$132,1 milhões.

Entretanto, apesar de apresentar um lucro menor, a varejista reportou aumento de 20,9% em sua receita líquida nos três primeiros meses deste ano, passando de R$ 4,329 bilhões para R$ 5,234 bilhões na comparação anual.

Múltiplos

O P/VPA, que é obtido através da razão entre o preço do papel e o valor patrimonial da companhia por ação, da Magazine Luiza no 1T20 foi de aproximadamente 13,89. Ou seja, em termos resumidos a ação MGLU3 está sendo negociada 13,89 o seu valor patrimonial. Um claro sinal de confiança e expectativa por parte do mercado.

Fonte: TradeMap

A margem líquida, que representa porcentagem de lucro em relação às receitas da empresa, foi de 3,95% no primeiro trimestre de 2020. Líder absoluta no setor de varejo.

Fonte: TradeMap

O DL/EBITDA (Dívida líquida/EBITDA) da companhia atualmente é de -1,03. Este indicador serve para analisar quanto tempo seria necessário para a geração de caixa operacional da empresa sanar toda a dívida líquida. No caso do Grupo Magazine Luiza, o resultado é negativo justamente pela ausência de dívida líquida da empresa (caixa e equivalentes > financiamentos e empréstimos).

Fonte: TradeMap

Em termos de Retorno sobre Patrimônio Líquido, o ROE da Magalu é de 10,9%. Este indicador, que é responsável por mensurar o quanto do patrimônio líquido se converte em lucro líquido, mostra novamente a empresa como líder de no quesito.

Fonte: TradeMap

A empresa vem reportando lucros crescentes há alguns anos, e como consequência pagou dividendos em 6 dos últimos 8 anos. Destaque para o ano de 2019, quando a companhia apresentou recorde de lucro (R$ 921,83 Milhões) e recorde de dividendos distribuídos (R$ 226,27 Milhões). O Dividend Yiel acumulado nos últimos 12 meses é de 0,14%.

Fonte: TradeMap

Conclusão

Os balanços e demonstrativos já foram apresentados acima e alguns dados interessantes também, como a redução do seus custos operacionais, porém nesta secção iremos analisar mais a fundo alguns números e indicadores que possam possuir algum destaque para avaliação da companhia.

Um fato relevante sobre a empresa é seu lucro. A empresa no fim do ano de 2015 apresentou um prejuízo de R$65,61 milhões, para um lucro de R$921,83 milhões, mostrando que toda a mudança de perspectiva com o futuro, e o investimento em seu e-commerce trouxeram resultados positivos aos lucros da empresa.

Um dado interessante com relação à companhia é seu aumento com relação ao seu patrimônio líquido (importantíssimo com relação a saúde financeira da empresa), dado pelo seu aumento de ativos em comparação com seus passivos, tendo um salto significativo do ano de 2018 para o ano de 2019, como mostra a imagem abaixo.

Fonte: Status Invest

Outro dado interessante de se trazer, é seu P/L, que saiu de um valor negativo no ano de 2015, partindo para 85,89 no ano de 2019, que é um valor extremamente alto. Isso significa que a empresa demoraria em torno de 86 anos para retornar o capital investido, o que por um lado mostra que a empresa vem trazendo confiança aos seus investidores, porém um P/L tão alto, pode significar também que a empresa vem sendo superestimada, ainda mais frente a essa crise, visto que a empresa já recuperou boa parte do valor de mercado perdido anteriormente devido à crise.

Sendo assim, a empresa possui ótimos fundamentos e se mostra como uma das mais fortes em seu setor, além de possuir grande valor agregado devido a aquisição de novas empresas e seu investimento pesado no e-commerce seguindo a mesma tendência do que ocorreu no setor de varejo americano, a exemplo da Amazon, que é um caso de sucesso.

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