Análise Fundamentalista — Banco do Brasil (BBAS3)

Miguel Boratto
Liga de Mercado Financeiro Bauru
16 min readJun 17, 2020

Esta semana apresentaremos a análise do Banco do Brasil (BB), listado na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) pelo código BBAS3. A empresa em questão está inserida no setor de bancos e no subsetor de intermediários financeiros. Atualmente, a instituição possui a sétima maior participação do Ibovespa, com 2,822% do índice e tem seu valor de mercado estimado em aproximadamente R$ 94,7 bilhões.

Histórico

O Banco do Brasil é uma das instituições mais antigas do país, somando 212 anos de história. Sua origem remonta à época de transição do Brasil colônia para a condição de império, na qual o país tornou-se a sede da coroa portuguesa. Em maio de 1808, Dom João, príncipe regente de Portugal, busca refúgio no Brasil devido à invasão das tropas Napoleônicas nas terras lusitanas. Após a chegada de Dom João ao Brasil, a família real instala-se no Rio de Janeiro e determina a criação do primeiro banco do país, em 12 de outubro do ano de 1808, o Banco do Brasil.

Dessa forma, apesar de o Brasil vivenciar a prosperidade de seus primeiros anos como nação independente, o período foi marcado por dificuldades na economia, herdadas pela crise no ciclo do açúcar que antecedeu a era do império. Nesse contexto, o preço do açúcar, principal produto de exportação do país na época, sofreu uma queda expressiva no mercado internacional, devido à concorrência com a produção de açúcar nas Antilhas. Além disso, o Brasil também vivenciava os movimentos separatistas e foi em meio a esse cenário conturbado que o comerciante Inácio Ratton fundou o Banco Comercial do Rio de Janeiro.

Após a crise econômica proporcionada pela decadência da exportação do açúcar, o Brasil elege um novo produto como base da economia nacional, dando início, portanto, ao chamado ciclo do café. A inauguração dessa era próspera fez com que o empresário Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, fundasse inúmeras indústrias e instituições no país, dentre elas o Banco do Brasil, de Mauá. Assim, em 1853 ocorre a primeira fusão entre instituições financeiras na história brasileira, unindo o Banco Comercial do Rio de Janeiro com o Banco do Brasil de Mauá.

Em meados de 1888, o Brasil se depara com a abolição da escravidão, fazendo surgir a necessidade de encontrar-se uma alternativa para substituir a mão de obra escrava nas lavouras de café. Assim, o Banco do Brasil torna-se o responsável pelo financiamento da mão de obra européia, a qual fora trazida para o Brasil a fim de ser implementada nas fazendas. Com a abolição decretada, o país inicia uma nova fase em relação ao sistema de governo, o chamado Brasil República. O novo governo, a partir de então democrático, inaugura uma série de instituições, como o Banco da República dos Estados Unidos do Brasil. Dessa forma, em 1893, quatro anos após a proclamação da república, essa instituição financeira sofre uma fusão com o Banco do Brasil, fundando o Banco da República do Brasil. No entanto, após a União Federal assumir o controle acionário e administrativo do banco, em 1905, é retirado o “república” do nome oficial, o qual voltou a ser chamado somente de Banco do Brasil. Já o ano de 1906 foi determinante para a história da instituição, a qual decide abrir seu capital, iniciando a oferta de ações na bolsa de valores do país.

Sendo assim, em 2002 o Banco do Brasil toma mais uma importante decisão ao realizar a conversão de suas ações preferenciais em ações ordinárias. Em 2006, a instituição completou 100 anos desde seu IPO e, mesmo após um século de listagem em bolsa de valores, suas ações permanecem sendo uma das mais negociadas no pregão, legitimando sua marca e garantindo um status hegemônico frente ao setor ao qual pertence na B3 — financeiro — visto que o Banco do Brasil é uma das maiores instituições financeiras da América Latina.

Governança

O Banco do Brasil não só é uma das maiores instituições financeiras da América Latina, bem como foi o primeiro banco do país a compor o quadro de empresas-membro do Novo Mercado da B3, título conquistado no ano de 2006. Este, por sua vez, é o grau máximo do segmento de governança corporativa da bolsa de valores brasileira, que se caracteriza pela padronização dos requisitos de transparência e governança corporativa.

Pode-se compreender a governança corporativa como um código exigido pela lei brasileira que prevê práticas efetivas de administração, controle e direção por parte da instituição, com o intuito de transmitir aos seus investidores solidez e confiança. No entanto, o Novo Mercado é composto por instituições que adotam medidas de governança corporativa acima do que é exigido por lei, assim constituindo um segmento seletivo, do qual farão parte, somente, as empresas que possuírem alto padrão de governança e que sejam capazes de elevar o nível do mercado acionário nacional. Assim, além de integrar o Novo Mercado, o Banco do Brasil também possui certificação de Destaque em Governança de Estatais, conferida pela B3, e o Selo de Governança Nível 1 concedido pela Secretaria de Coordenação e Governança de Empresas Estatais, SEST. A participação da instituição no Novo Mercado garante, ainda, um tag along de 100%, ou seja, todos os acionistas minoritários possuem uma proteção do capital investido, a qual prevê o recebimento de 100% do valor da ação pago ao controlador, em caso de venda da empresa.

Sob essa ótica, pode-se classificar o Banco do Brasil como uma sociedade de economia mista, a qual compreende empresas que possuem injeção de capital público e privado, sob a exigência de que o controle estatal sobre a empresa seja maior do que a detenção do poder privado. Sendo assim, o Banco do Brasil possui 50% de suas ações controladas pelo Governo Federal e 49,5% em free float, isto é, participação acionária disponível para sócios anônimos (SA) que negociam o papel na bolsa.

Fonte: RI do Banco do Brasil

Ademais, a estrutura interna da instituição é composta pelo conselho diretor, o qual elegeu Rubem de Freitas Novaes como presidente da instituição, pelo conselho administrativo, o qual tem como principais expoentes Hélio Lima Magalhães, presidente do conselho, e Waldery Rodrigues Júnior, vice-presidente. A estrutura conta, ainda, com o conselho fiscal e com mais 4 comitês de assessoramento: comitê de auditoria; comitê de pessoas, remuneração e elegibilidade; comitê de riscos e capital; comitê de tecnologia, estratégia e inovação.

Fonte: RI do Banco do Brasil

Captações de Recursos

A carteira de captações de recursos é diversificada entre captações institucionais, comerciais e externas. As captações institucionais totalizaram R$ 211,00 bilhões, com recursos principalmente vindos de operações de empresas, cessões e repasses. A maior captação foi composta por captações comerciais, a qual apresentou o valor total de R$ 629,9 bilhões no lançamento de resultados do 1T20. O maior destaque dessa carteira deve-se ao recursos obtidos por depósitos a prazo, na forma de investimento de Certificado de Depósito Bancário, CDB, e o Recibo de Depósito Bancário, RDB, no total de R$ 242,6 bilhões. A segunda maior receita dessa carteira faz referência aos depósitos de poupança (R$ 181,6 bilhões).

Fonte: RI do Banco do Brasil

Linhas de receitas

O Banco do Brasil oferece uma infinidade de serviços, tanto para pessoa física, quanto para pessoa jurídica (empresa). Para isso, a instituição conta com mais de 5 mil agências, estando presente em 15 países. Assim, a empresa é segmentada de acordo com os diferentes tipos de cliente, definindo uma carteira que contém os principais serviços prestados a cada tipo. Dentre as carteiras de clientes do BB, as principais são: pessoa física; pessoa jurídica; de serviços e do agronegócio.

Carteira de serviços

Essa carteira refere-se à prestação de serviços básicos que toda instituição financeira oferece, como gerenciamento de contas dos clientes; disponibilização de cartões de crédito e débito; oferta de linhas de crédito; seguros; consórcios; previdência; investimentos, entre outros. No primeiro trimestre de 2020 (1T20) foi possível constatar que o serviço mais rentável dessa carteira do Banco do Brasil correspondeu às tarifas cobradas pela administração de contas correntes. Estima-se que o BB possui cerca de 60 milhões de usuários de contas correntes, gerando ao banco uma receita de quase 2 bilhões de reais. A segunda maior rentabilidade da carteira se deve à administração de fundos. Assim, neste serviço, o banco torna-se o responsável pela administração dos fundos de investimento de clientes pessoa física ou jurídica, no qual o cliente investe um capital em algum produto disponibilizado pelo próprio banco, contendo diversos tipos de ativos, e o Banco do Brasil é quem ficará encarregado de gerir esse investimento. Portanto, a administração dos investimentos tem um custo, e este gerou uma receita total de R$ 1,7 bilhão ao BB no 1T20.

Fonte: RI do Banco do Brasil

Carteira de Pessoa Física (PF)

Os clientes pessoas físicas do Banco do Brasil representaram 211,6 bilhões de reais na receita da empresa durante os três primeiros meses de 2020. O serviço mais contratado dessa carteira foi o de crédito consignado, o qual funciona como um empréstimo pessoal que desconta as parcelas diretamente do salário ou da aposentadoria do contratante sob uma taxa de juros baixa. Tal serviço teve um crescimento de mais de 16% quando comparado ao primeiro trimestre de 2019. A segunda maior receita dessa carteira é representada pelo financiamento imobiliário (48,7 bilhões de reais). Na sequência, tem-se a receita com cartão de crédito, que gerou 29,2 bilhões de reais ao banco, segundo a figura abaixo.

Fonte: RI do Banco do Brasil

Carteira de Pessoa Jurídica (PJ)

Já os clientes pessoas jurídicas do Banco do Brasil geraram uma receita de 273 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2020. Desse montante, a maior parte foi resultado de linhas de crédito para grandes empresas (R$ 154,1 bilhões). A segunda maior receita da carteira corresponde ao crédito concedido às Micro, Pequenas e Médias empresas, MPME, movimentando R$ 66 bilhões. O maior crédito às MPME´s foi o de capital de giro, o qual se caracteriza por uma linha de crédito que disponibiliza recursos à empresa, a fim de que esta seja capaz de cobrir suas demandas de fluxo de caixa, como compra de matéria prima, folha de pagamento, impostos e outras dívidas.

Fonte: RI do Banco do Brasil

Carteira do Agronegócio

O Banco do Brasil possui a maior linha de crédito rural, com uma participação de mercado, ou market share, de 64,2%. Essa carteira de crédito ao agronegócio gerou ao banco uma receita de 186,2 bilhões de reais ao longo dos três primeiros meses do ano. Da receita total deste setor, R$ 173,3 bilhões foram provenientes da agroindústria, responsável pela transformação da matéria prima oriunda da agricultura, agropecuária e silvicultura em produtos parcialmente industrializados, a fim de aumentar a disponibilidade desses produtos no mercado, bem como o prazo de validade dos mesmos, conservando as propriedades in natura desses alimentos. Dentre os segmentos da agroindústria, o que gerou maior receita ao banco foi o setor de alimentos de origem vegetal, movimentando cerca de R$ 34,2 bilhões.

Fonte: RI do Banco do Brasil

Pontos positivos

Por ser uma instituição presente há muitos anos no mercado brasileiro das finanças, o Banco do Brasil consolidou-se de modo a se destacar entre as demais empresas do setor bancário, assim oferecendo uma série de vantagens, tanto para seus clientes, quanto para seus investidores.

Em relação aos seus clientes, há alguns benefícios implantados recentemente pela companhia, como a criação de um cartão com anuidade zero, a fim de tornar-se competitivo frente aos serviços amplamente ofertados por Fintechs e bancos digitais. Assim, para zerar a anuidade do cartão do BB, o cliente tem como condição o consumo mínimo no valor de R$ 100 na função crédito do cartão, mesmo método de funcionamento adotado pelo Santander. Além disso, o cartão pode ser adquirido por meio de um pedido online, até mesmo para quem não possui uma conta corrente aberta no BB, desburocratizando a aquisição do cartão e, consequentemente, ampliando o número de usuários dos serviços da empresa, fato que aumenta a receita.

Outra postura adotada pelo Banco do Brasil foi a digitalização de quase todos os seus serviços, facilitando as transações cotidianas dos clientes, principalmente em tempos de pandemia do novo coronavírus, quando as atividades presenciais permanecem suspensas, a fim de controlar a disseminação do vírus. Com a digitalização, 84,5% de todas as transações e serviços oferecidos pelo banco estão sendo realizados via mobile banking, atingindo uma marca de 4,5 milhões de usuários do app por dia.

Fonte: RI do Banco do Brasil

Já em relação aos benefícios oferecidos aos investidores do Banco do Brasil, vale ressaltar a participação da empresa no Novo Mercado da B3, o qual legitima um padrão elevado de governança corporativa, garantindo transparência, confiança, solidez e tag along de 100% aos sócios da empresa.

Outra vantagem da instituição se dá pela multiplicidade de serviços oferecidos e pelo conglomerado de empresas que são controladas pelo banco, pois, ao diversificar seus produtos, tem-se uma linha de receita muita ampla que não depende de uma única fonte. Assim, mesmo que um determinado setor atravesse dificuldades devido a um fator externo, como crise econômica, aumento da concorrência ou demanda por novas tecnologias, a empresa não sofrerá em larga escala, já que ela é constituída por inúmeros setores que possuem dinâmicas distintas.

Pontos negativos

Alguns pontos que podem diminuir parte das receitas do Banco do Brasil e de outros grandes bancos brasileiros são suas altas taxas de administração para fundos de investimentos, contas correntes e outros serviços, e baixo rendimento da poupança frente a outras opções disponíveis no mercado. Com a maior popularização dos bancos digitais, fintechs e corretoras de investimentos, o Banco do Brasil poderá apresentar grandes reduções de captações comerciais e perdas na receita de fundos de investimentos e cartões de créditos. Para se tornar mais competitivo, o banco terá de se adaptar e ajustar sua estratégia para manter seu market share no mercado financeiro.

Outro ponto é a digitalização do Banco do Brasil, que embora já esteja bem desenvolvida não se compara aos bancos digitais e fintechs que ainda apresentam mais opções de serviços, produtos e opções de investimento mais transparentes e com taxas mais atrativas.

Embora faça parte do Novo Mercado, mais alto grau de governança corporativa, o banco é controlado pela união, com mais de 50% do capital, que pode fazer indicações políticas para cargos de grande importância no banco.

Resultados

Avanço na transformação digital tem apresentado melhorias no aplicativo e aumento do número de contas de “Nativos Digitais” no BB, que são clientes que iniciaram relações com o banco por canais digitais. De novembro de 2016 a março de 2020, este número chegou a 4,5 milhões, um crescimento de quase 68% em 12 meses e 18% no trimestre. A maior parte destes clientes (82%) possuem menos de 40 anos. Na figura abaixo, vemos que 84,5% das transações do banco são feitas online. Estas movimentações nos canais digitais representaram 49,1% do desembolso em crédito pessoal, 14,5% no crédito consignado, 38,7% das aplicações e resgates nos fundos de investimento e 45,2% na quantidade de operações em serviços (contas, pacotes de serviços, fundos de investimento, cartão, capitalização, seguros e consórcios).

Fonte: RI do Banco do Brasil

O BB apresentou alta de 5,8% na carteira de crédito do 1T20 (R$ 725,1 bilhões), em comparação com o 1T19, devido a um ligeiro aumento da linha de crédito para micro pequenas e médias empresas (MPME) e maior aumento para Pessoa Física. A redução de crédito ocorreu para o Agronegócio, mas que ainda representa uma boa parte da carteira de crédito e auxilia o Banco do Brasil neste momento de instabilidade econômica dada sua resiliência.

Fonte: RI do Banco do Brasil.

O patrimônio líquido (PL) aponta o valor contábil de uma empresa e leva em consideração o capital social, lucros acumulados, fluxo de caixa, entre outros. O PL é a diferença entre os valores de ativos (A) e passivos (P) de uma empresa (PL = A — P). O patrimônio líquido do BBAS3 tem apresentado constante crescimento desde 2010, apresentando crescimento de mais de 150% neste período. Esta evolução demonstra o constante crescimento dos ativos em relação aos passivos do banco.

Fonte: Fundamentus

O ROE (Return on Equity ou Lucro sobre patrimônio líquido), apresentado na figura abaixo, mostra certa redução e instabilidade entre 2010 e final de 2016. Após esse período, o banco tem apresentado melhorias nas suas margens e lucro líquido que proporcionaram um crescente aumento do ROE desde 2017, o que aumenta a geração de valor para o acionista.

Fonte: Fundamentus

O Banco do Brasil apresenta margem líquida e lucro líquido crescentes nos últimos 3 anos. No final de 2019 foi apresentado margem líquida de 14% e lucro líquido de 17,9 bilhões no ano. Estes valores crescentes mostram a melhora nos seus índices de eficiência (razão das despesas operacionais por receitas operacionais), caindo de 37,5 do 4T18 para 36,1 no 4T19. O lucro líquido do 1T20 apresentou redução devido antecipação e aumento de provisões para devedores duvidosos (PDD) no valor de R$ 2,04 bilhões para enfrentar o atual cenário econômico, reflexo da pandemia. Na comparação anual houve uma redução de 20% no lucro líquido, enquanto na comparação com o 4T19 houve uma redução de 43,7%. Aqui é preciso notar que tanto Bradesco quanto Itaú também aumentaram suas PDD devido à mudança no cenário atual. Esta provisão serve como um caixa para eventuais inadimplências decorrentes do aumento da taxa de desemprego e redução de renda de trabalhadores informais gerados pela pandemia. O banco deve aumentar carências e prorrogar prazos para pagamentos de dívidas que vencem nos próximos meses para reduzir inadimplências. Para empresas, este prazo é de até 2 meses e, para pessoas físicas, de até 6 meses.

Os proventos, na sua grande maioria na forma de juros sobre capital próprio (JCP), acompanharam o crescimento de lucro líquido, juntamente com o crescente payout, de 24% em 2017 e 40% em 2019. Devido a pandemia, em atendimento ao art. 2º da Resolução CMN nº 4.797, de 06 de abril de 2020 (Resolução CMN nº 4.797/20), o dividendo fica limitado ao mínimo obrigatório definido no estatuto social, equivalente a 25% do lucro líquido ajustado. O dividend yield, DY, que é o total de dividendos ou JCP recebidos nos últimos 12 meses dividido pelo preço do papel, totalizou 7,6% no resultado do 1T20. Este valor representa um grande aumento em relação ao 4T19, que foi de 4,5%, devido à diminuição da cotação no momento de maior volatilidade no final do mês de março.

Fonte: Fundamentus

A figura abaixo apresenta o comparativo de Preço/Valor Patrimonial (P/VP), Preço/Lucro (P/L), ROE e índice de Basiléia do Banco do Brasil com os mesmos indicadores dos principais grandes bancos brasileiros, apresentados no 1T20. Embora o Banco do Brasil apresente valor de ROE entre os valores apresentados por Itaú (ITUB3) e Bradesco (BBDC3), seus múltiplos de preço apresentam um desconto, com P/VP abaixo de 1,0, e P/L descontado de 27% a 41% em relação aos bancos Santander e Itaú, respectivamente. Seu múltiplo P/L está nos mesmos patamares de 2016, mas hoje apresenta maior eficiência e rentabilidade. Parte deste desconto se deve ao mercado não confiar na gestão da empresa por parte da União e optar por bancos privados com maior estabilidade no comando da empresa.

O índice de Basiléia de todos os bancos tem apresentado uma contração nos últimos 4 anos, mas o BB apresentou uma menor contração e hoje apresenta, ligeiramente, o maior valor para este índice dentre os principais bancos brasileiros. Este índice representa a relação entre capital próprio da empresa e o capital de terceiros, por captações. Os valores são maiores que o valor mínimo de 11% permitido pelo Banco Central do Brasil.

Fonte: Status Invest | Elaboração: LMFB. Realizado com valores de cotações de fechamento do dia 12/06/2020.

Conclusão

O Banco do Brasil tem apresentado evolução na sua governança, digitalização e em seus múltiplos nos últimos anos. O banco apresenta lucros e dividendos crescentes, resiliência no momento atual de instabilidade econômica e possui um desconto na cotação de suas ações perante os seus pares.

NOTÍCIAS:

De acordo com o site Valor Investe, o Banco do Brasil, bem como as demais instituições financeiras, teve de se desdobrar para atender seus clientes, em meio à grave crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19. Para isso, a instituição disponibilizou R$ 100 bilhões, destinando parcelas desse montante a cada um de seus segmentos de clientes. Aos clientes pessoas físicas, foram destinados 24 bilhões de reais para a concessão de crédito pessoal, além de ter estendido a concessão de crédito a 13 milhões de pessoas físicas, correntistas do banco, que antes não tinham acesso a esse serviço. O BB reforçou o auxílio às empresas em R$ 48 bilhões, sendo que, desse total, quase R$ 5 bilhões foram destinados às micro e pequenas empresas, as quais sofreram com maior intensidade com a crise. Foram disponibilizados, ainda, R$ 25 bilhões ao agronegócio, um dos setores de maior atuação do Banco do Brasil. Por fim, o banco destinou R$ 3 bilhões a Estados e municípios para financiar a aquisição de equipamentos médicos e a construção de postos, hospitais e unidades de tratamento na luta contra a doença.

Outra notícia foi relacionada à publicação de propagandas do Banco do Brasil em sites de fake news e contra o isolamento social como o “Jornal da Cidade Online”. Após alerta do grupo Sleeping Giants Brasil de que o banco fazia anúncios nesses tipos de sites, e indiretamente financiava a divulgação de notícias falsa, o Banco do Brasil suspendeu seus anúncios, mas logo voltou atrás por pressão de governantes, como o chefe da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, Fábio Wajngarten, após críticas de Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em 27 de maio, o Tribunal de Contas da União (TCU), por decisão do ministro Bruno Dantas, decidiu proibir o BB de fazer anúncios em sites na internet que veiculem fake news.

Mais informações sobre as linhas de créditos

Mais informações sobre os anúncios em sites de fake news

Análise feita por: Thainá Araújo & Miguel Boratto

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