Análise Fundamentalista — BB Seguridade (BBSE3)
História
A BB Seguridade Participações S.A., negociada sob o ticker BBSE3 na bolsa brasileira, é uma holding controlada pelo Banco do Brasil e que atua na oferta de produtos de seguridade.
O início de suas atividades se deu em 20 de dezembro 2012, após a permissão concedida ao Banco do Brasil de criar subsidiárias com o objetivo de desenvolver suas atividades já previstas. Assim, sua área de títulos de capitalização, previdência aberta e seguros foi reorganizada junto aos seus parceiros de instituições privadas. Tais parcerias representam acordos de longo prazo, nos quais podemos citar a renovação da parceria com a Principal Financial Group, em 2009, por meio da empresa Brasilprev Seguros e Previdência S.A. (Brasilprev) com objetivo em produtos de previdência aberta; uma joint-venture, em 2010, com a MAPFRE, em que sua parceria é denominada Grupo Segurador BB E MAPFRE, com a oferta de seguros como pessoal, rural e habitacional; em títulos de capitalização, no ano de 2011, o aumento de sua participação no capital social da Brasilcap Capitalização S.A. (Brasilcap); por fim, em 2013, a consolidação do contrato com prazo de 20 anos para distribuição de seus produtos de seguros nas redes do seu controlador.
Em 2014, uma joint-venture junto a Odontoprev, criou-se a Brasildental Operadora de Planos Odontológicos S.A. (Brasildental), com um contrato de duração de 20 anos.
Após três anos, em 2017, a empresa criou a Ciclic Corretora de Seguros S.A., empresa com foco na oferta de planos de previdência privada. Tal parceria possui um contrato com prazo de 15 anos, tanto entre a companhia quanto entre a BB Corretora e a Principal Financial Group, com o objetivo de atender a crescente demanda de serviços de seguros digitais.
Após anos de parceria com a MAPFRE como citado anteriormente, foi realizada uma nova reestruturação em seu contrato, em que agora a área de seguros como rurais, habitacionais e residenciais passou a ser escopo da Brasileg, antes chamada de BB MAPFRE, e a área de seguros automotivos e de grandes riscos passou a ser distribuída pela BB Corretora e pela BB Seguridade.
Atualmente a empresa atua em dois segmentos, sendo divididos entre negócios de riscos e acumulação, abrangendo suas parcerias caracterizadas por joint-ventures e instituições privadas, e negócios de distribuição, contemplando sua subsidiária integral e suas atividades nos meios digitais.
Governança
A empresa começou a negociar ações ordinárias na bolsa brasileira no segmento Novo Mercado, a partir de 23 de abril de 2013, o que permitiu agregar mais valor ao seu negócio e a seus acionistas. No mesmo ano, assumiu o bloco controle da IRB-Brasil RE S.A. (IRB-Brasil) junto à União e sócios privados. Atualmente a BB Seguridade é negociada na bolsa apenas através de papéis ordinários com o código BBSE3, em que o Banco do Brasil possui 66,25% de participação da companhia. Na segunda imagem é possível analisar a estrutura societária da empresa, com o detalhamento sobre a separação de seus negócios, tanto o segmento de seguros pela BB seguros como a distribuição no canal bancário pela BB Corretora, como dito anteriormente.
Linhas de receita
Seguindo o que foi dito anteriormente, a BB Seguridade entrega serviços de seguros a partir da BRASILSEG, previdência aberta (destinada a qualquer cidadão, diferentemente da previdência fechada, com foco em contratos empresariais) pela BRASILPREV, oferta de títulos de capitalização pela BRASILCAP e, por fim, a BRASILDENTAL, que oferece planos odontológicos.
A partir de todos seus modelos descritos anteriormente, a receita é obtida através de taxas de corretagem e repassadas para a BB Seguridade, como ilustrado a seguir.
A partir dos dados disponibilizados aos investidores sobre o segundo trimestre de 2020, a BB Corretora possui grande parte de sua receita constituída por 79% de produtos de seguros, 11,9% de produtos de previdência, 9,0% por títulos de capitalização e 0,1% por planos odontológicos.
Pontos positivos
A holding BB Seguridade possui forte presença em todo território nacional, ofertando uma vasta gama de produtos a partir de suas grandes marcas BB Corretora (responsável principalmente pelo programa digital Ciclic) e BB Seguros. Sua atuação no segmento financeiro, ainda pouco explorado devido às condições não favoráveis (países com baixa inflação e baixo PIB per Capita tendem a ter uma menor adesão a produtos de seguros) pode representar uma oportunidade para investidores que acreditam em um cenário de baixa inflacionária e aumento de renda média dos brasileiros. Vale destacar também a recente preocupação da população com a previdência, que vem sendo motivo de várias polêmicas, podendo representar uma oportunidade gigantesca para a empresa.
Se tratando de sua atuação, uma vasta oferta de produtos, assim como a presença em diversas localidades do país pela holding, caracterizam um forte canal de distribuição de seus serviços para a população.
Por fim, estar associada a um grande banco do país, o Banco do Brasil, atribui forte credibilidade aos seus negócios, além de estar listada como integrante do Novo Mercado na bolsa brasileira, conferindo ainda mais transparência aos seus papéis.
Pontos negativos
Apesar de a companhia apresentar baixa dependência de capital e assim podendo garantir uma grande margem, um dos pontos negativos referentes à empresa a serem destacados é a forte concorrência do setor. Grandes players como Itaú, Santander, Bradesco e Caixa também possuem presença considerável no ramo, podendo ser um fator a se considerar para o longo prazo, principalmente, pelo fato de se encontrar em uma situação totalmente influenciada por leis e pelo controle do Estado.
Além disso, a grande preocupação dos investidores quanto ao futuro, devido a instabilidades políticas no país, pode ser um fator a ser considerado na hora de se expor aos papéis da holding. A fuga de capital estrangeiro do país e a queda de investimentos em infraestrutura podem dificultar uma rápida recuperação econômica, fazendo com que o cenário considerado favorável para o setor (como um bom PIB per Capita e baixa inflação) seja alcançado em um futuro mais distante.
Resultados
Assim como informado nos relatórios da companhia, a pandemia do novo coronavírus afetou todos os setores de todas as economias do mundo. Visando mitigar seus efeitos, a BB Seguridade informou que seu plano, aplicado a partir do segundo trimestre do ano, incluía mais de 30 medidas que seriam aplicadas por todos os setores da empresa. Apesar dos desafios, seu planejamento estratégico para 2021–2025 segue forte, com o objetivo principal de explorar novos mercados e atrair novos clientes, assim como fortalecer sua posição competitiva.
Balanço patrimonial
Demonstração de Resultado de Exercício
Assim como mostrado anteriormente, tanto o Balanço Patrimonial quanto a Demonstração de Resultados sofreram reduções em seus saldos positivos, quando comparados com períodos anteriores. A companhia sofreu uma redução de quase R$ 152.000 mil em suas Receitas Operacionais, fazendo com que seu Resultado Bruto sofresse uma redução de R$ 2.487.512 mil para R$ 2.344.962 mil (ambos os resultados são comparações entre o primeiro semestre de 2019 e 2020, respectivamente).
Quando comparado seu Lucro Líquido em relação ao mesmo período, a redução foi de aproximadamente R$ 253.000 mil, influenciada principalmente pela queda das Receitas Operacionais da empresa e também pelo grande crescimento de suas despesas administrativas e com vendas.
Demonstração do fluxo de caixa
Com relação ao seu Fluxo de Caixa, observamos um mesmo comportamento como foi apresentado por seu Balanço Patrimonial e Resultado de Exercício. Como o mercado de seguros ainda não é altamente difundido pelo país, além de sermos uma nação com um PIB per Capita baixo em relação a países com tal mercado mais desenvolvido, podemos ver nos resultados da companhia uma redução de cerca de 50% em caixa gerado pelas atividades de investimento, na comparação entre o primeiro semestre de 2020 com o de 2019. Com relação ao caixa pelas atividades operacionais, vale destaque para as grandes baixas de ativos gerados por impostos correntes e deferidos (representando uma queda de aproximadamente R$ 104.767 mil), assim como as comissões a receber e a apropriar (em que a última mencionada reduziu cerca de R$ 114.500 mil).
Indicadores
Seguindo ao que foi apresentado anteriormente, será comentado alguns dos indicadores da companhia. Como a pandemia afetou todos os índices (como margens e lucro, por exemplo) da empresa, todos podem ter sofrido uma drástica variação em seu comportamento quando comparado com períodos que antecederam o atual, sendo de suma importância então que a análise contemple o histórico dos mesmos.
Começando pela situação de endividamento da BB Seguridade, notamos que historicamente a empresa foi capaz de realizar suas atividades em um patamar totalmente controlado. Analisando sua Dívida Líquida (calculado a partir da diferença entre a própria dívida bruta e o valor de caixa da empresa) ao longo dos anos, a companhia sempre apresentou um resultado negativo.
Analisando isoladamente seu Caixa, a empresa vinha apresentando uma tendência de alta nos últimos anos, mas como já dito, recentemente sofreu uma drástica queda, apesar de se manter com um saldo positivo, estimado em R$ 2,542 bilhões em 30 de junho de 2020.
Se tratando do preço de suas ações, o indicador P/L, calculado a partir da razão entre o preço e o lucro líquido gerado por uma ação, ao longo dos anos o indicador vem enfrentando uma tendência de queda, devido principalmente pela baixa no valor de seus papéis. Em 30 de junho de 2020, o indicador constava 8,51.
Se tratando agora da rentabilidade da empresa ao decorrer dos anos e analisando o valor de seu ROE (retorno com base no patrimônio líquido, calculado pela razão entre o lucro líquido e seu patrimônio líquido) notamos uma alta recentemente, como apresentado abaixo, alcançando a marca de 119,75% em 30 de junho de 2020. O motivo do crescimento do indicador mostra uma queda de seu patrimônio líquido, em que essa tendência perdura desde 2018 (também ilustrado abaixo).
Outro indicador que também mede a capacidade da companhia sobre sua rentabilidade é o ROA. Seu cálculo é parecido com o do ROE, porém medido pela razão entre o lucro líquido e o ativo total da companhia (também considerando o capital de credores no cálculo). Como ilustrado abaixo, o indicador vem apresentando uma tendência de alta ao longo do tempo, mostrando uma forte capacidade de geração de lucro em função de seu capital. Para exemplificar tal tendência, em 30 de junho de 2019, o ROA da companhia indicava 31,45%, enquanto que no mesmo mês de 2020, apresentava-se em 64,10%. Vale ressaltar, também, que aliado a alta de seu lucro líquido, o ativo total da companhia recentemente sofreu leve redução, favorecendo o comportamento de crescimento do indicador.
Sobre os indicadores de eficiência e rentabilidade, o LAJIDA, que representa o Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (também conhecido por EBITDA) vinha se mostrando estabilizado em aproximadamente R$ 2,4 bilhões, mas recentemente cresceu para mais de R$ 6,0 bilhões, mostrando mais uma vez a influência do crescimento do lucro da empresa. No final de junho deste ano, o indicador estava estimado em R$ 6,236 bilhões.
Por fim, aos investidores que possuem foco no recebimento de dividendos, a companhia apresenta uma tendência de valorização ao longo do tempo, como mostrado a seguir. Em 30 de junho de 2020, seu Dividend Yield (DY) encontrava-se em 10,28% e, no acumulado dos últimos doze meses, o DY ficou avaliado em 16,88%.
Conclusão
O BB Seguridade, como seu próprio nome sugere, é uma empresa ligada a uma grande instituição brasileira, o Banco do Brasil, que se mostra altamente presente na vida dos brasileiros com uma vasta gama de produtos bancários, atribuindo muita credibilidade a holding. Dedicado especialmente para o serviço de seguros e, mesmo ainda não sendo um mercado que influencie altamente no PIB do país, o BB Seguridade possui grande influência na área.
Apesar de a pandemia ter influenciado no resultado de suas operações, a empresa possui um grande mercado à disposição e que pode vir a ser explorado no futuro. Para os investidores que acreditam em um crescimento do PIB per Capita, aumentando a riqueza dos brasileiros, assim como uma inflação controlada no futuro, o cenário apresenta-se como muito promissor.
Por fim, vale ressaltar sua classificação na listagem da B3, indicando uma alta transparência em seus negócios e em sua relação com os investidores, além da já citada ligação com o Banco do Brasil. Um ponto a se considerar é a forte concorrência no setor com outros grandes players, fator que deve ser analisado pelos investidores que desejam se arriscar no mercado de seguros.