Como a eleição de Biden pode impactar as relações comerciais entre Brasil e EUA
Análise de Notícias — 29/10 a 08/11
O candidato Democrata, Joe Biden, foi eleito o mais votado em toda a história dos EUA, derrotando Donald Trump nas eleições norte-americanas de 2020, ao somar os 270 delegados necessários para emplacar a vitória no sábado (07/11).
Agora que Trump sairá do poder, após ter falhado em sua reeleição, muitos se perguntam como o novo líder da nação americana terá impacto na economia mundial e como os mercados internacionais irão reagir. Biden é caracterizado como um liberal de centro, trazendo propostas de aumento de impostos para grande empresas e os mais ricos, a fim de cobrir um maior gasto social de seu governo, bem como um maior investimento em questões relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade. Apresentando um forte tom conciliador já demonstrado enquanto vice presidente do governo de Barack Obama, sendo braço direito do ex-presidente em questões diplomáticas. Apesar de também ser um crítico do governo chines, o futuro presidente dos EUA já disse que irá buscar acordos multilaterais, diferentemente das diversas barreiras econômicas que Trump acabou instaurando a fim de proteger a economia nacional, dando origem a guerra comercial.
Mesmo tendo uma noção superficial de como Biden irá gerir seu governo internacionalmente, fica a dúvida sobre como irá ficar a relação entre o Brasil e os EUA, uma vez que o atual presidente da república, Jair Bolsonaro, possuía uma relação muito próxima a Trump. Além disso, Bolsonaro possui um alinhamento ideológico com o presidente derrotado, o que pode vir a causar possíveis atritos, acarretando em um distanciamento entre os dois países.
Analistas políticos já ressaltam que acordos pré-existentes firmados entre o atual governo brasileiro e o antigo governo norte-americano tendem a se manter. Joe Biden, sempre possuiu um tom diplomático e, com relação a questões internacionais, sempre foi o braço direito de Barack Obama enquanto vice.
Além disso, o ministro da economia Paulo Guedes, deixou bem claro em um evento promovido pelo Banco Itaú, que as eleições norte-americanas não tendem a afetar muito o crescimento da nossa economia nos anos subsequentes, devido ao fato de o nosso crescimento econômico estar relacionado mais a questões internas, como as reformas internas, as privatizações e as mudanças no sistema tributário.
Para o atual ministro da economia, a eleição de Biden tende a mexer mais com os ativos do mercado financeiro do que com as questões relacionadas diretamente à economia brasileira. Tal fato pôde ser observado na última sexta-feira, uma vez que, com uma forte tendência de o novo presidente dos Estado Unidos ser Joe Biden, o dólar acabou fechando a R$5,393, o que representou uma queda de 2,74% e o IBOVESPA fechou com alta de 0,17%, a qual pode parecer pouco expressiva, mas representou a quarta alta seguida na semana.
Um assunto que pode gerar tensões entre os dois governos é a questão da preservação do meio ambiente, já que há uma postura de preocupação por parte de Biden em investir em energias renováveis, voltar para o acordo de Paris, além de já ter demonstrado interesse em preservar a Amazônia. Por outro lado, temos o governo Bolsonaro, o qual mostra despreocupação com as causas ambientais. Caso ambas as partes desenvolvam um diálogo pacífico e entrem em acordo, o Brasil pode vir a se beneficiar muito disto.
Dessa forma, é esperado que, com Biden eleito e à frente do comando dos EUA, não teremos grandes mudanças no relacionamento dos países, salvo em questões ligadas ao meio ambiente. A tendência é que os países mantenham os acordos e continuem sendo parceiros comerciais, uma vez que ambos os governos demonstram desconfiança em relação à China.