Jovens e crianças no mercado financeiro tendem a revolucionar a educação financeira no Brasil nos próximos anos.
A história do Brasil é marcada pela deficiência em educação financeira. Os dois principais termômetros para a educação financeira é a quantidade de investidores bem como o endividamento. Atualmente, o número de investidores no Brasil é de, apenas, 1,5% da população enquanto nos EUA chega a metade da população. Sendo que o número de endividados no Brasil atualmente chega a ser 66,6% da população, segundo a Confederação Nacional de Comércio e Turismo (CNC). Entretanto, o aumento da presença dos jovens na bolsa de valores e esforços públicos e privados para a difusão da educação financeira tendem a mudar esse panorama lamentável.
A figura abaixo mostra a posição do Brasil no cenário mundial mostrando a porcentagem dos adultos com educação financeira básica.
A imagem abaixo mostra a comparação do desempenho em porcentagem de acertos dos brasileiros em assuntos de finanças em relação aos 30 países mais desenvolvidos do mundo. A mesma pesquisa mostrou que entre os 30 países o Brasil está em 27º no quesito de familiaridade com ferramentas financeiras.
A falta de educação financeira reflete no endividamento da população até mesmo jovem como mostra a pesquisa realizada em 2019 pela Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) que mostrou que cerca de 32% dos jovens até 21 anos estão endividados.
Entretanto, esse cenário tende a mudar, atualmente mais de 10% dos investidores da bolsa de valores são jovens de 16 a 25 anos o que representa 166 mil jovens. Ao comparar esses números com o número de jovens que investiam em 2017 (17,8 mil), nota-se um aumento de 830%. A tabela abaixo mostra o número de investidores por faixa etária. Pode-se notar a presença preponderante da faixa etária de 26 a 45 anos, considerada a idade geradora de renda. Entretanto, ao longo dos anos a faixa etária que mais apresentou crescimento entre 2017 e 2019 foi a de 16 a 25 anos.
Essa forte presença se deve principalmente devido à facilidade de acesso à informação principalmente por meio dos influencers digitais, canais no YouTube voltados para investimentos e finanças, e casas de análises que disponibilizam materiais gratuitos. Outro fator que contribuiu para isso foi a reforma da previdência e a queda da taxa de juros, que aos poucos forçam a população a poupar e a pensar mais na vida financeira futura.
Nos últimos anos, os bancos passaram a enxergar o público infanto-juvenil como um público alvo em potencial. Fidelizar os clientes desde cedo também passou a ser uma estratégia do banco, pois, a criança abre a conta e tende a manter a conta aberta por toda a vida, sendo assim uma oportunidade para geração de receita a longo prazo. Por isso, o Banco digital Bradesco em parceria com a Disney e com a Nextjoy facilitou a abertura de contas para crianças e jovens e fornece educação financeira de maneira lúdica. Do mesmo modo em julho 2020 o Banco Inter lançou também sua conta kids. Segundo a legislação brasileira menores de idade podem ter acesso a contas digitais desde que com a autorização do responsável. Atualmente não é possível oferecer crédito a menores de 18 anos. A figura abaixo mostra o número de brasileiros com conta em banco de acordo com a idade, o baixo número de brasileiros abaixo de 15 anos com conta em banco demonstra o enorme potencial de clientes.
O tempo está a favor da acumulação de capital para os pequenos investidores, pois quanto antes as pessoas começarem a investir mais efeito terá o fator multiplicativo dos juros compostos sobre o dinheiro aplicado. Mas não basta somente abrir conta em banco ou em corretoras e começar a investir simplesmente, o caminho para a independência financeira passa obrigatoriamente pela educação financeira
Com esse fim, em 2020 a educação financeira se tornou obrigatória nas escolas públicas e privadas para o ensino infantil e fundamental, passando a integrar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O objetivo do programa é incentivar a busca pelo conhecimento das finanças propiciando a independência financeira. A matéria fomenta o empreendedorismo, prosperidade, bem como incentiva poupar e consumir conscientemente.
Apesar de todo otimismo ao redor da entrada de jovens e crianças no mercado, recomenda-se a supervisão dos pais sobre a vida financeira e sobre os investimentos dos filhos, a fim de fazê-los crescer como investidores, como pessoas e terem responsabilidade com o dinheiro.