Maxi Renda Fundo de Investimento Imobiliário (MXRF11) — FII do segmento de Recebíveis Imobiliários

Miguel Boratto
Liga de Mercado Financeiro Bauru
6 min readAug 12, 2020

Introdução

O Fundo de Investimento Imobiliário MXRF11 é um fundo com investimentos exclusivos em títulos e valores mobiliários. Popularmente, esses fundos são chamados de fundos de papel, pois não possuem imóveis físicos. O FII Maxi Renda é híbrido, pois possui CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), que são títulos de renda fixa de crédito privado, lastreados em créditos imobiliários; pequenas participações em fundos imobiliários e desenvolvimento imobiliário através de aporte em permutas (SPEs). O Fundo é administrado pelo BTG Pactual e tem gestão ativa da XP Vista Asset Management, com custos totais de 0,9% ao ano.

O MXRF11 é um pouco antigo. Seu início ocorreu em 13/04/2012 e, hoje, conta com mais de 192 mil cotistas. O Fundo possui um patrimônio líquido de mais de R$ 1,25 bilhões distribuídos em quase 123 milhões de cotas com valor patrimonial por cota de R$ 10,24. Já foram realizadas 5 emissões de novas cotas e atualmente está em andamento a 6ª Emissão de cotas.

O Fundo possui estratégia de manter um portfólio composto por CRI´s de boa qualidade e risco-retorno atraente, foco em originação e estruturação próprias e gestão ativa no mercado secundário para ganho adicional aos cotistas. Neste momento incerto aos mercados, a alocação em papéis com mais alta qualidade (high grade) e médio risco (middle risk) traz mais tranquilidade para o Fundo. Até o momento o Fundo não identificou inadimplementos de nenhum ativo.

Portfólio do MXRF11

O Fundo possui a maior parte do seu portfólio alocado em CRIs, o qual corresponde a 83% da carteira. Outros 7% correspondem a imóveis através de permutas e a última fatia de 6% se encontra investida em Fundos Imobiliários. Estes investimentos estão bem distribuídos entre ativos do setor corporativo, comercial e residencial.

As permutas financeiras são participações do fundo em empreendimentos em construção e com operações que dependem da velocidade de venda e da quantidade de unidades comercializadas para obtenção de um retorno mais expressivo sobre o capital investido. Destas permutas, a maior parte está em prédios residenciais em bons bairros de São Paulo, além de Campinas e Campos do Jordão.

Fonte: Relatório Gerencial do MXRF11 (jun/20)

A carteira de CRIs possui mais de 60 ativos com garantias e boas classificações de riscos (ratings) e, até o momento, o fundo não teve problemas com inadimplementos de seus ativos. Como mostra a figura abaixo, a maior parte dos ativos (65%) estão indexados ao CDI, enquanto uma menor parte (35%) é indexada aos índices de inflação, IPCA e IGP-M. Portanto, neste momento de SELIC a 2% ao ano e CDI a 1,9% ao ano, o Fundo possui seus ganhos prejudicados pelo menor spread, ou taxa pré-fixada, que os indexadores CDI possuem, quando comparados aos de inflação.

Fonte: Relatório Gerencial do MXRF11 (jun/20)

Como fundo híbrido, o MXRF11 busca ganhos em outros investimentos imobiliários, como os FIIs. A carteira destes ativos é apresentada abaixo. Nota-se que o MXRF11 possui grande diversificação em CRIs, mas sua carteira de fundos imobiliários é pequena, quando comparada à carteira de outros fundos do mesmo setor.

Destes fundos, os fundos de tijolos, que ocupam por volta de 2% da carteira do MXRF11, são HBRH11, DMAC11 e BRCR11, com ativos de lajes corporativas e residenciais distribuídos entre Minas Gerais, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro. Os demais fundos se encontram listados na figura abaixo, que mostra grande participação do fundo de papel XPCI11, também com gestão da XP Vista Asset Management.

Fonte: Relatório Gerencial do MXRF11 (jun/20)

Pontos Positivos

  • Fundo antigo, com Gestora e Administradora reconhecidas no mercado
  • Alta liquidez no mercado secundário
  • Pulverização, ou grande quantidade de ativos, que diminui as perdas com riscos de crédito
  • Dividendos médios distribuídos superiores a 0,6% ao mês.
  • CRIs com garantias e bons ratings
  • Risco/Retorno atraente. Rendimentos proporcionais aos riscos que o fundo possui, com retornos muito acima do CDI.
  • Boa gestão ativa com giro do portfólio de CRIs e FIIs para ganhos de capital

Pontos Negativos

  • Maior parte de CRIs (65%) indexados ao CDI, que atualmente está em 1,9% a.a.
  • Incertezas do atual cenário de pandemia e possíveis inadimplências
  • Carteira de FIIs concentrada em fundos de papel, que também apresentam menores ganhos no patamar de juros da SELIC atual, e implica taxas de administração/gestão duplicadas ao cotista do MXRF11.

Cotas

O fundo tem distribuído rendimentos por cota competitivos em comparação a outros fundos de papel, e, por vezes, maiores até que os rendimentos de fundos de tijolos. Os rendimentos distribuídos desde 2012 mostram que o fundo possui um histórico de pagamento de proventos superiores a R$ 0,06 por mês. Alguns meses os gestores apresentam ganhos maiores nos giros de carteiras de CRIs e distribuem rendimentos maiores aos cotistas.

Fonte: Fundsexplorer.com.br

O Fundo apresenta Dividend Yield históricos, os quais desde 2016 são superiores a 0,6% ao mês, equivalente a 7,2% ao ano. Esse valor equivale a 378% do CDI bruto ou 459% do CDI líquido de IR (descontado 17,5%).

Fonte: Fundsexplorer.com.br

O Fundo é bem líquido e negociado, com presença de 100% nos pregões da bolsa. Ele apresenta uma liquidez média diária de negociação de mais de R$ 7 milhões. A evolução do valor da cota e do volume médio diário de negociação, apresentados na figura abaixo, mostram o aumento do volume de negociações do final do ano de 2019. Até o momento, o Fundo apresenta volume de 4 a 5 vezes maior do que os apresentados em meados de 2019. O valor da cota caiu bastante com a crise provocada pelo novo coronavírus, mas recentemente recuperou o valor registrado no mês de fevereiro, atingindo um Preço de cota por Valor Patrimonial (P/VPA) de 1,02.

Fonte: Relatório Gerencial do MXRF11 (jun/20)

A 6ª emissão de cotas por Oferta Pública — ICVM 400 está em andamento, com preço de R$ 10,28 por cota, visando captação de um mínimo de R$ 10 milhões e um máximo de R$ 600 milhões. Os cotistas possuem direito à subscrição de 40,95% da quantidade de cotas que possuíam na data base 03/08/20. A subscrição é o direito do cotista do fundo de manter sua participação no fundo, aumentando seu número de cotas na proporção do crescimento do fundo. Lembramos que o cotista não é obrigado a aumentar sua posição no fundo, e se optar por não aderir à oferta de novas cotas, pode negociar (vender) seu direito de subscrição no mercado secundário através do código MXRF12 até o dia 18/08/2020. Investidores com interesse em aderir à oferta podem comprar esses direitos de subscrição e comunicar sua corretora a quantidade que deseja subscrever, até o dia 20/08/2020.

Por: Miguel Boratto

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