Nova onda de Covid-19 faz emergir preocupações sobre os impactos econômicos futuros.

Leonardo Rosa
Liga de Mercado Financeiro Bauru
3 min readNov 26, 2020

09/11 -25/11

O ano de 2020 foi marcado intensamente pelos impactos causados pelo Covid-19. Por mais que, por um lado um ar de normalidade vêm avançando, pelo outro pode-se noticiar que a pandemia ainda se faz presente de maneira agressiva e contundente.

Desde março, o mercado vem apresentando constantes e, até então, promissoras guinadas; porém, os temores de uma nova recessão mundial, causada por uma nova onda de contágio, faz eclodir intensas preocupações e pressões econômicas sobre os governos e bancos centrais.

Por mais que a corrida científica em busca da vacina venha tomando rumos otimistas, chegando cada vez mais próxima a realidade de uma vacina, tem-se uma consciência de que a distribuição bem como a produção em alta escala, levará bastante tempo.

“Embora haja muita empolgação com o progresso do desenvolvimento de vacinas, não será a solução rápida que muitos esperam que seja”, disse o ministro de Comércio e Indústria de Cingapura, Chan Chun Sing. “Produzir doses suficientes, depois distribuir e vacinar uma população global significativa levará muitos meses, senão anos”.

Em paralelo, os casos de contágio e mortes, voltaram a aumentar ao redor do mundo, refletindo de forma geral na economia; dessa forma autoridades têm respondido a tal situação com aumento de restrições para limitar a propagação do coronavírus, mesmo que seja às custas de uma atividade econômica mais fraca. Economistas de Wall Street dizem agora que não demoraria muito para que as economias dos Estados Unidos, zona do euro e Japão encolham novamente neste trimestre ou no próximo, poucos meses depois de terem superado a recessão mais profunda em gerações.

Assim, ao redor do mundo, verifica-se que diversas estratégias econômicas vêm sendo tomadas, autoridades de política monetária são coagidos a realizarem mais estímulos, mesmo quando bancos centrais já estão sobrecarregados, enquanto os políticos estudam o que podem e devem fazer com a política fiscal.

“A gente observa que, historicamente, quando tem alguma crise e se faz algumas ações, e essas crises se perpetuam, ou seja, políticas que eram para ser temporárias, para lidar com um problema temporário como a gente está vendo, se tornam permanentes, o estrago que isso tende a fazer na economia é muito grande”, declarou o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal.

A preocupação levantada é de que os bancos centrais apresentem falta de poderio para realizar movimentações econômicas de maneiras decisivas, dificultando ainda mais as tentativas de impulsionamento da economia, em situações adversas decorrentes aos impactos da pandemia. O Fundo Monetário Internacional está entre os que alertam que os preços elevados dos ativos indicam potencialmente uma desconexão com a economia real e, portanto, podem representar uma ameaça à estabilidade financeira. “Precisamos ter uma política fiscal, uma política estrutural diferente de apenas depender dos bancos centrais para alcançar um crescimento saudável”, afirmou no New Economy Forum da Bloomberg.

Outra preocupação levantada é que, assim que a ajuda emergencial for retirada, algumas pessoas não conseguirão pagar os empréstimos, o que voltaria a pressionar os bancos. “Esquemas de suporte governamental são essenciais atualmente, mas devem permanecer direcionados para o apoio econômico relacionado à pandemia e evitar preocupações com a sustentabilidade da dívida no médio prazo; garantias e moratórias podem ter prolongado o tempo necessário para que o fraco desempenho econômico se traduza em perdas com empréstimos”, elucidou o vice-presidente do BCE, Luís de Guindos.

Dessa forma, pode-se verificar o intenso dilema em que o mundo se encontra; a extensão das minúcias econômicas atreladas aos impactos da pandemia são imensas e contínuas, levando os governos e órgãos econômicos a tentarem tomar medidas que consigam sanar as necessidades atuais, mas que também não deixem heranças problemáticas.

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