O processo de uma crise espontânea

Victor oliveira
4 min readFeb 24, 2023

Umas das maiores lojas de varejo do Brasil a Americanas S.A (AMER3) entrou na quinta-feira (19) de janeiro com pedido de recuperação judicial, após o escândalo ocorrido na noite de quarta-feira (11).

Os investidores foram surpreendidos com as notícias sobre as Lojas Americanas, evidenciando o escândalo da empresa na última análise preliminar, informando que foram detectadas inconsistências contábeis da ordem de 20 bilhões de reais.

Entre as inconsistências divulgadas, estão mencionadas as operações de financiamento exercido pela empresa em valores dos quais a própria companhia é devedora para as instituições financeiras. Assim evidenciando ainda mais o escândalo no qual a empresa se encontra.

Lojas americanas no centro de São Paulo

Momentos depois das divulgações do colapso da empresa e as ambiguidades financeiras, Sergio rial, Ex-CEO do qual tomou a liderança da varejista no dia (2) de janeiro de 2023, pediu demissão juntamente com André Covre, Ex-diretor financeiro, assim deixando a alta liderança da Americanas S.A.

Após sua saída precoce da varejista, Sergio rial se defendeu em suas redes sociais, sobretudo no LinkedIn, alegando não ter qualquer conhecimento das falhas contábeis que levaram a ruína das lojas americanas e que jamais faria transações que ocasionaria ambiguidades financeiras.

Logo depois o conselho de administração das lojas americanas contrata a Rothschild & Co, um banco de investimento multinacional para interlocultar as renegociações das dívidas da empresa no Brasil e no exterior.

Após todo o ocorrido, na sexta-feira (13) as ações da Lojas Americanas (AMER3) caem 77% perdendo assim cerca de 8,4 bilhões de reais em valor de mercado, resultando em altas investigações na área de contabilidade da companhia pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), além das denúncias por parte dos seus acionistas.

Posteriormente, quinta-feira (19) a lojas americanas entrou com um pedido de recuperação judicial, que daria a empresa um mecanismo legal a obter proteção contra seus credores, enquanto ela tenta reorganizar suas dívidas e negócios. Isso pode incluir a renegociação de dívidas, venda de ativos ou outras medidas para melhorar a situação financeira da empresa. O objetivo final é evitar a falência e permitir que a empresa Americanas S.A (AMER3) continue operando; no mesmo dia (19), o TJRJ (Tribunal de justiça do Rio de Janeiro), aceitou o pedido de recuperação judicial apresentado pela Americanas; a decisão foi realizada pelo saudosíssimo juiz Paulo Assed Estefan.

O anúncio do pedido de recuperação judicial também impactou os ativos, que desvalorizaram quase 40%. Na petição apresentada ao TJRJ, o grupo calcula que o rombo deve elevar as dívidas para um montante em torno de R$ 40 bilhões, todavia no dia (10) de fevereiro foi informado que o comitê responsável por investigar as dívidas da empresa, criado pelo próprio conselho de administração das Americanas S.A, divulgaram uma atualização da lista de credores da empresa, na qual explicita uma elevação no valor da dívida da empresa para aproximadamente R$ 43 bilhões, assim evidenciando uma real situação financeira da empresa, entretanto a conclusão das análises sobre a dívida total da Americanas (AMER3) deve ficar pronta em março e dados preliminares apontam para um passivo que pode superar os 48 bilhões de reais.

“O diagnóstico será divulgado em março, mais para o fim do mês”, disse uma das fontes da Reuters.

~ Como fica a situação da Lojas Americanas hoje?

A Lojas Americanas ainda está com as portas abertas, atuando em vendas de varejo em lojas físicas e digitais, entretanto terá que fazer muitos cortes de despesas para sanar as inconsistências fiscais anunciadas.

Além disso a (AMER3) segue com as suas ações normalmente negociadas na bolsa de valores, mas sob o título de Recuperação Judicial- segmento especial no qual a companhia passará a ter suas informações publicadas. Tal implementação é dada pelo fato da empresa não ser mais elegível para compor diversos índices da B3 (Bolsa de valores do Brasil), uma vez que a empresa está em recuperação judicial. Situação da qual a B3 anunciou categoricamente no dia (19) de janeiro, a saída da (AMER3) da bolsa e a perca de seus títulos, como por exemplo:

Ibov (Ibovespa);

IGCX (Índice de Governança Corporativa);

ICO2 (Índice Carbono Eficiente);

ICON (Índice de Consumo);

IBXX (Índice Brasil 100);

IGCT (Índice de Governança Corporativa Trade);

IGC-NM (Índice de Governança Corporativa Novo Mercado);

IBRA (Índice Brasil Amplo);

IVBX (Índice Valor);

ISEE (Índice de Sustentabilidade Empresarial);

ITAG (Índice de Ações com Tag Along Diferenciado);

SMLL (Índice Small Cap);

IBXL (Índice Brasil 50);

GPTW (Índice Great Place To Work).

Além disso a B3 já estudava a exclusão da Lojas Americanas do índice de sustentabilidade empresarial por possíveis violações de governança após a divulgação da descoberta de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões na quarta-feira (11) de janeiro.

Atualmente a lojas americanas dispõe de cerca de 40 mil funcionários e aproximadamente 3601 lojas em todo o Brasil. Além de um lucro líquido de R$ 42,88 bilhões e uma dívida liquida de aproximadamente R$ 47,19 bilhões.

Lojas americanas no centro de São Paulo
a figura acima ilustra situação atual das lojas americanas segundo a infoMoney.

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