Opções: O que são? Como funcionam e qual a sua importância?
Afinal de contas, quando surgiram as opções e o que são?
As opções, como conhecemos hoje, tiveram seu surgimento em 1973, quando a bolsa de Chicago lançou a CBOE (Chicago Board Options Exchange). Naquele primeiro momento, as opções não seguiam propriamente um padrão e todas as negociações eram feitas diretamente entre os vendedores e os compradores dessas opções. Porém, já existem registros antigos de contratos firmados na época que se assemelham ao sistema atual de opções, mas isso será contado, a título de curiosidade, no fim do post!
As opções são instrumentos derivativos dentro do mercado financeiro, logo, seu preço deriva de um outro ativo, no caso, uma ação de uma empresa. As opções de ações consistem em um contrato que cede o direito de comprar ou vender um determinado ativo a um preço previamente estabelecido.
Como funcionam?
Agora que já temos uma ideia do que são as opções, para explicar seu funcionamento, devemos entender anteriormente os tipos de opções existentes no mercado. Temos dois tipos: as opções de compra, denominadas “Calls”, e as opções de venda, denominadas “Puts”.
As calls são interessantes quando crê-se que o ativo terá uma valorização no futuro e, por meio da call, é possível adquirir este ativo futuramente por um preço pré determinado.
Aqui vai um exemplo de como isso ocorre para clarear um pouco as coisas: vamos supor que uma pessoa tenha interesse em comprar um imóvel específico, mas por algum motivo não irá adquiri-lo no exato momento, mas crê-se que esse imóvel irá se valorizar dentro do período de 30 dias. Sendo assim, o comprador fecha um contrato oferecendo um dinheiro (R$10.000,00 por exemplo), a fim de garantir a compra deste imóvel para daqui a um mês, sob um valor pré estabelecido (R$500.000,00 por exemplo). Acontece que, nesse meio tempo, é anunciado um grande empreendimento na região e o imóvel passa a valer R$750.000,00. Entretanto, você tinha o direito de compra (Call) a R$500.000,00, sendo assim, acaba adquirindo o imóvel pelo valor pré acordado.
É dessa forma que funcionam as opções de compra (calls). Você fixa o valor pelo qual irá comprar o ativo no futuro e o valor deste contrato, R$10.000,00, ilustrado no exemplo acima, caracteriza a opção. No entanto, se, por ventura, o imóvel se desvalorizar para R$450.000,00, convenhamos que é mais interessante comprar por R$450.000,00 do que por 500 mil reais, certo? Assim, os 10 mil reais investidos no contrato inicial são perdidos, fato que configura as opções como uma operação de alto risco.
Mas, e as opções de venda (Puts), como funcionam? Elas são o contrário das opções de compra, logo, você ganha na desvalorização do ativo. São comumente usadas para proteção da carteira.
Novamente trazendo um exemplo fora da bolsa de valores, as puts funcionam como um seguro de carro. Vamos supor que uma pessoa tenha um carro no valor de R$100.000,00 e que, por algum motivo infeliz, acaba sofrendo uma perda total. O carro, que antes tinha seu valor de 100 mil reais, agora, como sucata, possui um valor de R$20.000,00 (tivemos uma desvalorização). Porém, o carro possui seguro e este é responsável por cobrir o valor do carro, a fim de que o dono dele não saia no prejuízo. Trazendo o contexto para a bolsa de valores, é como se uma pessoa tivesse uma ação que vale R$20,00, porém, ao divulgar-se um balanço ruim da companhia, o preço do ativo cai para a casa dos R$15,00, gerando uma desvalorização do ativo. Entretanto, ao adquirir uma opção com direito de venda a R$20,00, eu protejo meu patrimônio. Vale lembrar que, assim como o seguro, é interessante adquirir a Put antes da desvalorização do ativo, pois senão o preço da opção (contrato) torna-se muito caro depois de sua desvalorização.
As opções podem ser muito úteis e são importantes para servir como proteção de carteira, uma vez que, se por um lado sua carteira de ativos se desvaloriza, por outro as opções se valorizam e impedem perdas enormes de patrimônio em grandes crises. A exemplo desse cenário, pode-se citar a atual crise promovida pela pandemia, assim, nesses casos, as opções podem cobrir parte do prejuízo, reduzindo os impactos da crise. Porém, muitas pessoas a utilizam para especulação, devido ao fato de possuírem maior volatilidade (preços possuem maior oscilação), podendo gerar lucros maiores, mas as perdas podem ser maiores ainda, por isso que as opções se configuram como um investimento de altíssimo risco.
Alguns termos relacionados a opções
1- Ativo-Objeto
Ativo pelo qual a opção tem sua origem, ou se deriva. Diversas ações possuem opções para serem negociadas, existem calls e puts de diversas empresas, como por exemplo: Petrobras, Vale, Banco do Brasil, Bradesco, Via Varejo, B3 e diversas outras empresas.
2- Preço de exercício
Valor, definido previamente, da opção de compra (call) ou da opção de venda (Put) do ativo, também conhecido como Strike.
3- Data de vencimento
As opções possuem um prazo de vencimento, assim como no exemplo do imóvel, com duração de 30 dias. Seu vencimento ocorre sempre na terceira segunda-feira de cada mês. Além disso, as opções podem ser negociadas até a segunda sexta-feira de cada mês (na segunda-feira os titulares das opções decidem se exercem seu direito ou não, mas não existe mais possibilidade de negociar as opções).
Como negociar uma opção?
Para se negociar uma opção, deve-se entender primeiro sua estrutura. Elas possuem um código de negociação (ticker) um pouco diferente dos papéis convencionais. As opções são compostas pelos 4 primeiros caracteres do papel, seguidos pela letra que acompanha seu mês de negociação + a numeração referente ao strike dela. Para facilitar o entendimento, acompanhe a tabela e o exemplo logo abaixo.
Para um exemplo prático e atual com relação à data de postagem do artigo, tomemos como base a Petrobrás.
Em relação à tabela acima, para uma call, estamos atualmente trabalhando com as opções de vencimento em setembro, sendo assim, o ticker é acompanhado pela letra “I”.
Logo, temos que uma call possui um ticker de PETRAI + strike e para as Puts, PETRAU + Strike. Sobre o strike temos diversos valores. Em um exemplo real com relação ao strike e valores hipotéticos para o papel de uma opção que está no mercado, para calls temos: PETRAI220, sendo o strike de R$22,03, ou seja, me cede o direito de comprar ações da Petrobrás a R$22,03. Dessa forma, independente do preço que o papel da Petro esteja acima deste valor no dia do vencimento, o investidor pagará o preço acordado inicialmente na opção. Em uma situação hipotética, supõe-se que a Petrobrás esteja valendo R$25,00 no dia do vencimento, assim o investidor terá o direito de comprar o papel por R$22,03, caso tenha essas opções.
Já para as Puts, temos como exemplo a PETRU220, com o strike a R$22,03 que, ao contrário da Call, me concede o direito de vender as ações da Petro a este valor. Assim, caso o papel esteja sendo cotado a R$18,00 no dia do vencimento, eu tenho o direito de vender a ação a R$22,03.
Agora para fechar e, talvez tirar uma dúvida de quem tenha lido o texto até aqui, se o papel está sendo negociado acima do valor de strike (com base em uma call), quem em sã consciência venderia Petrobras a R$22,03 para o comprador da call, sendo que essa pessoa pode vender ao mercado por R$25,00? O mesmo vale para a Put, se alguém pode comprar a preço de mercado por R$18,00, por que comprar a R$22,03?
Se por um lado a aquisição das opções me garantem o direito de compra ou venda, por outro o lançador dessas opções possui o dever de cumprir com o acordo. Trazendo novamente o exemplo da casa, é o lançador das opções que sugere o contrato de R$10.000,00 pela compra da casa pelos 500 mil reais. Assim, independente do quanto a casa se valorize, ele tem o dever de vender a casa pelos mesmos 500 mil reais pré acordados e isso é garantido pela B3.
Agora como prometido no início do post, a bolha ocorreu na Holanda por volta de 1636, por conta de bulbos de um tipo raro de tulipa. Como as tulipas demoravam a vir florescer, foram criados contratos futuros para garantir a compra dos bulbos a um valor prévio, uma vez que o preço não parava de inflacionar, era uma forma de garantir a tulipa num preço mais baixo.
Para você, leitor, que tem curiosidade em saber mais sobre uma das primeiras bolhas financeiras criada por um contrato semelhante as opções, mesmo antes do seu surgimento, confere o “Se liga na história #1” na página oficial do Instagram da Liga! Lá, abordamos um pouquinho da história sobre a bolha das tulipas, na Holanda, a qual ocorreu a partir de contratos semelhantes às opções. Se interessou? Então corre lá no Instagram da Liga para entender melhor as consequências desencadeadas por essa bolha econômica.
Escrito por: Saulo Vitti