Proventos como segunda fonte de renda

Miguel Boratto
Liga de Mercado Financeiro Bauru
4 min readOct 23, 2020

Os proventos são parte do lucro de empresas ou fundos de investimento imobiliário (FIIs) distribuídos entre seus acionistas ou cotistas. Proventos na forma de dividendos ou Juros sobre Capital Próprio, os JCPs, são uns dos métodos de obter ganhos em investimento de renda variável. O mesmo se aplica aos rendimentos distribuídos pelos FIIs.

Ao entrar em renda variável o investidor pode buscar empresas de crescimento e empresas de dividendos para compor sua estratégia de investimento. As empresas de crescimento focam em expansão e por isso podem apresentar uma valorização no valor da ação através do crescimento de suas receitas e lucros. Estas empresas usam a maior parte do lucro para investimentos e pagamento de dívidas realizadas para aumento dos ativos que ela possui, desta forma melhoram sua produtividade, margens, e assim podem gerar mais receitas e lucros no futuro. Por outro lado, empresas de dividendos possuem um maior grau de amadurecimento, endividamento controlado e geralmente são de setores mais perenes, com contratos mais longos e receitas mais previsíveis. Assim, com menos incertezas passam a distribuir a maior parte de seus lucros para seus acionistas na forma de dividendos ou JCPs.

É importante ressaltar que uma empresa de crescimento pode distribuir dividendos, e uma empresa de dividendos pode apresentar crescimento. A distinção entre elas é feita pelo mercado, para que seus papéis estejam bem posicionados nas diferentes estratégias de investimentos de cada investidor.

O investidor iniciante que possui um perfil moderado, mas não possui tempo ou conhecimento para acompanhar empresas individualmente, possui uma alternativa de investimento em empresas de dividendos, através do ETF (fundo de índice) DIVO11 negociado em bolsa. Este fundo replica o índice IDIV, de empresas brasileiras pagadoras de dividendos. Neste fundo o investidor possui uma carteira diversificada com vários ativos de empresas de muitos setores e historicamente tem apresentado resultado melhor que o índice IBOV (Ibovespa).

Para fundos imobiliários, recentemente o Banco Inter lançou o fundo passivo IFIE11 que replica o índice IFI-E, de FIIs de tijolos que obedecem algumas regras para sua composição, dentre elas pertencerem ao índice geral IFIX.

Para o investidor que prefere investir em ações ou fundos imobiliários por conta própria é preciso que se conheça os fundamentos das empresas ou FIIs antes de qualquer decisão. Entre outros conhecimentos, o investidor também precisa conhecer alguns termos relacionados aos dividendos, como: payout, dividend yield (DY), data-base, data-ex, e data de pagamento.

  • Payout é o quanto do lucro líquido obtido pela empresa é pago na forma de proventos aos seus acionistas.
  • Dividend Yield (DY) é um indicador de quanto uma ação ou FII pagou em proventos nos últimos 12 meses em relação à sua cotação.
  • Data-base, ou também “data-com”, é a data que o acionista (ou cotista) precisa ter a ação (ou cota) para ter direito àquele provento.
  • Data-ex é o dia de pregão, seguinte à data-base, no qual o papel apresenta uma redução do valor do provento anunciado.
  • Data de pagamento é a data que a empresa irá pagar o valor do provento anunciado e o dinheiro será depositado na conta da corretora do investidor.

Para saber todas essas informações é preciso buscar no anúncio feito pela empresa através do seu canal de relações com o investidor (RI), ou em sites especializados em ações (Statusinvest.com.br) ou FIIs (FIIs.com.br e Fundsexplorer.com.br).

Algumas empresas pagam dividendos uma única vez ao ano, outras que pagam semestral ou trimestralmente. Poucas empresas possuem uma constância nas datas de distribuições de proventos. Para ajudar o leitor que chegou até aqui, realizei um levantamento dos meses que as principais empresas do índice IDIV, e outras mais, anunciam suas data-base. A maior parte das empresas listadas abaixo são dos setores bancário/financeiro, energia, seguro, saúde, saneamento e telecomunicações.

Os dados abaixo foram retirados de base de dados dos últimos 3 anos, e representam uma média dos meses que as empresas anunciam como data-base para direito ao dividendo. Os meses são estimados, pois depende da empresa obter lucro naquele período e se as circunstâncias não exigirem uma retenção de dinheiro em caixa para emergências ou imprevisibilidades, como ocorreu no primeiro semestre de 2020 com a crise e incertezas gerada pelo coronavírus.

A mesma coleta de dados foi realizada para os Fundos de Investimento Imobiliário que pagam rendimentos mensais aos seus cotistas. Neste caso, o FII possui alguns dias que podem ser a data-base de determinado mês. Na maioria dos casos elas são sextas-feiras. Por exemplo, no caso do RECT11, é provável, de acordo com seus rendimentos anteriores, que sua data-base seja 06 de novembro, uma sexta-feira, e entre os dias 05 e 08.

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