Reserva de emergência: importância na formação da carteira e gerenciamento de imprevistos
Quando falamos sobre nossa saúde financeira, devemos analisar todos os seus aspectos, como o tamanho da nossa renda, dos nossos gastos e até mesmo a possibilidade de acontecer imprevistos, que por mais que não desejados, podem acontecer. Por isso, um importante conceito das finanças pessoais é a reserva de emergência, que caso seja necessário utilizá-la pode trazer muito mais segurança durante um determinado período ou até que a situação retorne à normalidade.
Um exemplo atual é a crise do coronavírus, na qual diversos setores da economia se encontram paralisados, não podendo realizar serviços ou vender seus produtos presencialmente, o que é um problema que, em alguns casos, poderia ser amenizado se anteriormente houvesse um planejamento para formar uma reserva de emergência. Por outro lado, a crise não atingiu economicamente a todos de forma igual, o que pode ser explicado pelas diferentes estabilidades financeiras, fator que também deve ser considerado na hora de fazer o planejamento do fundo de emergência.
Sendo assim, como há diferentes realidades financeiras, deve-se haver também diferentes estratégias na hora de poupar esse dinheiro. Exemplos de situações mais estáveis economicamente são: jovens mais adaptáveis ao mercado de trabalho, funcionários públicos com emprego efetivo, pessoas sem dependentes economicamente (filhos ou família) ou ainda que recebem auxílios, como aposentadoria. Portanto, nessas situações, especialistas financeiros recomendam que a reserva de emergência deva corresponder a 6 meses dos gastos mensais do indivíduo, portanto, caso seu custo mensal seja de R$1000,00, sua reserva de emergência deve ser de R$6000,00.
Por outro lado, no caso de situações de indivíduos economicamente instáveis podemos considerar: pessoas mais velhas e com menos adaptabilidade no mercado de trabalho, empreendedores ou pessoas que trabalham como autônomos, em empresas privadas e dependem da estabilidade da companhia ou ainda indivíduos que possuam dependentes econômicos. Nesse caso, especialistas recomendem uma reserva de emergência que possua o total de 12 meses do seu custo mensal, ou seja, caso o gasto seja de R$1000,00, a reserva deve ser de R$12000,00.
Poupar o dinheiro da reserva não é realizável no curto prazo para a maioria das pessoas. Por isso, esse dinheiro é adquirido através de muita disciplina e paciência, o que é a base para um bom planejamento financeiro. Portanto, o orçamento familiar deve ser muito bem registrado, listando todas as despesas e receitas. O endividamento deve ser sempre evitado, cortando despesas e gastos supérfluos e, por fim, a criação de metas de gastos deve ser um hábito no planejamento. A partir disso, é muito mais simples estabelecer uma meta mensal para poupar o dinheiro para a sua reserva de emergência. Para entender mais sobre inteligência financeira leia nosso artigo: O que é Inteligência Financeira e qual sua importância?
Além da importância do planejamento financeiro para poupar a reserva, é importante saber onde deixá-la, já que existem diferentes meios para investir. O que vem primeiramente à cabeça de muitos é a poupança, já que é onde a maior parte dos brasileiros recorre na hora de guardar o próprio dinheiro, o que não é o ideal, já que existem investimentos que rendem mais do que ela, podendo render diariamente (a poupança só traz o rendimento ao final do período de um mês) e ainda são considerados mais seguros, desse modo, você estaria tendo prejuízos devido ao custo de oportunidade. Portanto, quando pensamos em guardar a reserva de emergência consideramos os seguintes critérios: segurança, rendimento e liquidez.
Dessa forma, o investimento mais simples para manter a sua reserva de emergência é o Tesouro Selic, que fica inserido no Tesouro direto, onde se encontram os títulos do governo do Brasil. Esse investimento rende de acordo com a taxa básica de juros (Taxa Selic), ajustada pelo Banco Central, sendo considerado o investimento mais seguro da renda fixa (já que o risco tomado é o país quebrar), rendendo todos os dias e com alta liquidez, podendo-se resgatar o dinheiro no dia seguinte ao pedido, ou seja, sendo ideal para emergências. Contudo, deve-se tomar cuidado na hora de investir nessa modalidade, pois é possível se confundir com outros títulos do governo, nos quais há grande diferença nos prazos de resgate, como é o caso de alguns títulos pré-fixados.
Outra forma de aplicação são fundos DI, os quais possuem diversos ativos de renda fixa (portanto, possuindo boa segurança) indexados ao CDI (Certificado de depósito interbancário), ficando muito próximos ao seu rendimento acumulado. Porém, é preciso observar as taxas de administração e performance desses fundos, que podem fazer não valer a pena o investimento, além da necessidade de ficar atento à liquidez, na qual deve ser do tipo D+1, ou seja, resgate no próximo dia útil.
Por fim, outra forma de investir a reserva de emergência são os títulos de crédito privado, sendo os CDBs (Certificado de depósito bancário) os mais comuns. Emitidos por bancos, remuneram o aplicador diariamente uma porcentagem do CDI. Contudo, na hora de escolher o título no qual deseja-se aplicar, deve-se verificar a qualidade do banco emissor (se não há risco de o banco falir), se há garantia do FGC (Fundo garantidor de crédito), qual o prazo de resgate do dinheiro e também qual a rentabilidade.
Resumindo, a reserva de emergência deve ser muito bem planejada, desde a forma na qual você irá separar o dinheiro, até a escolha do local onde investi-la. Além disso, é preciso ter disciplina, pois como o próprio nome já diz, é um dinheiro reservado apenas para emergências, não sendo necessariamente uma crise econômica, mas um acidente ou uma demissão, por exemplo. Concluindo, não se deve usar esse dinheiro para gastos supérfluos, mantendo sempre o propósito desse fundo, que deve ser usado somente em último caso. Com isso em mente, é possível superar momentos como esse com muito mais segurança e tranquilidade.