Tensões comerciais entre China e EUA, possível segunda onda de contágio pelo COVID-19 e resultados trimestrais movimentam as principais bolsas mundiais.

Tour da Liga (17/jul — 21/ago)

O cenário econômico mundial permanece com instabilidades em meio ao futuro incerto provocado pela pandemia. Com previsões otimistas que ainda se misturam a cenários de fragilidade, aliado a confrontos geopolíticos que intensificam essa atmosfera de instabilidade, os investidores ao redor do globo apresentam um comportamento inconstante devido a tais condições, tornando o mercado extremamente volátil em um curto período de tempo.

AMÉRICA DO NORTE

Estados Unidos

A segunda metade do mês de julho apresentava sinais de positividade sobre a visão dos investidores norte americanos. O estadunidenses, mesmo enfrentando uma situação de crescimento de casos do novo Coronavírus, acreditavam que a superação dessa situação caminhava em bons passos. Além disso, o sentimento da comunidade de investidores era de um novo pacote de estímulos na tentativa de amenizar os impactos causados pela pandemia. Assim, a semana com um misto de ganhos e perdas, em que os índices Nasdaq e S&P 500 apresentaram alta, diferentemente do Dow Jones, com queda de -0,23% na sexta-feira (17), aos 26.671,95 pontos.

Concretizando o sentimento deixado pela semana anterior, os índices norte americanos refletiram, com quedas, a preocupação com o aumento de casos do novo vírus e à espera de possíveis pacotes de estímulos. Porém, a terceira segunda-feira (20) do mês se encerrou em leve alta (0,03% para Dow Jones), impulsionado por ganhos de empresas do setor de tecnologia e sinais de um bom futuro no quesito vacinas, motivo que também incentivou o índice a encerrar a terça-feira (21) em alta de 0,60%. Por fim, a semana se encerrou novamente em queda, com escalada nas tensões EUA x China, aumento do número de pedidos do seguro desemprego, assim como nos casos de coronavírus. Em números, na sexta-feira (24), Dow Jones Industrial Average baixou 0,68%, S&P 500 recuou 0,62% e NASDAQ Composite encerrou com -0,94%.

A semana seguinte se iniciou com o sentimento de ajuda, em que o FED se mostrou estar atento para usar suas ferramentas, se necessário, para ajudar a economia. O índice Dow Jones subiu 0,61%, a 26.540 pontos na quarta-feira (29). A semana teve como fatos relevantes a fala do presidente Donald Trump, apresentando seu desejo de adiamento das eleições, e a discussão de pacotes de estímulos entre republicanos e democratas, mostrando que ainda nada se estava definido. Assim, em meio a ganhos de empresas de tecnologia, a semana se refletiu com o fechamento na sexta-feira (31) com os índices em: Dow Jones Industrial Average com valorização de 0,44%, S&P 500 com +0,77%, e a NASDAQ Composite subiu 1,49%.

Apesar dos investidores ainda estarem aguardando novos desdobramentos sobre os pacotes de estímulos à economia, dados macroeconômicos iniciaram a semana (3) de agosto com tendência de alta para o índice Dow Jones(+0,89%), que garantiu ganhos por toda a semana, encerrando tal com uma variação de +3,80%.

Iniciando a semana do dia 10, as bolsas de Nova York apresentaram resultados mistos, uma vez que Donald Trump assinou decretos de estímulos fiscais, mas foram vistas escaladas nas tensões EUA x China. Nesta semana os indicadores apresentaram flertes com máximas recordes (S&P 500 com 3.387,24 pontos vide 3.386,15 em 19 de fevereiro), ainda com expectativas aos pacotes de ajuda a economia, com suporte de empresas do setor tecnológico. Porém, mais uma semana se encerra com ganhas e perdas, em que o índice Dow Jones encerrou-se com +0,12%, e 27.931,02 pontos; S&P 500 encerrou com perda 0,02%, aos 3.372,85 pontos, enquanto o índice Nasdaq caiu 0,21%, aos 11.019,30 pontos (valores com base no fechamento na sexta-feira).

Tendo início a semana do dia 17, as expectativas se concentraram nos balanços do setor do varejo, e a confiança dos investidores na recuperação da economia. Assim, a semana se encerrou, na sexta feira, com uma variação de +0,69, aos 27.930,33 pontos%.

Ações — Futuros dos EUA em alta antes da semana de balanços do varejo

Canadá

A segunda quinzena do mês de julho acumulava ganhos consecutivos por três semana para o índice S&P/TSX. O principal indicador de Toronto ganhou tal valorização por conta do ganho com o setor de ferrovias, área que se mostra como exemplo ao mundo por ser de extrema eficiência no transporte de líquidos inflamáveis como a gasolina, e também devido a valorização do ouro. O índice marcava 16.123,48 pontos, que representavam um aumento de 2,6% na semana em questão.

A semana do dia a 24, porém, quebrou o ciclo de ganhos consecutivas. O índice canadense enfrentou uma leve desvalorização de 0,78%, aos 15.997,06 pontos. Tal queda foi puxada, principalmente, pelas ações da empresa Nevada Cooper (S&P/TSX: NCU, que possui como atividade principal a extração de minerais metálicos) que, mesmo com planos de pagar suas dívidas e usar seus recursos próprios para financiamento de suas operações, sofreu uma desvalorização. Além disso, uma houve uma queda dos papéis da empresa Golden Minerals, com -8,96% de variação, que atua no mesmo setor que a anterior citada.

Se tratando da última semana do sétimo mês do ano, o indicador canadense continuou apresentando perdas. O valor do S&P/TSX caiu para 16.169,20, com uma perda de mais de 100 pontos. O principal fator para tal comportamento foi a apresentação de resultados do setor de energia, que mostraram quedas significativas para a área.

O início do mês de agosto, entretanto, trouxe alívio para os investidores canadenses. O principal índice do Canadá valorizou-se 2,32% na semana, e atingiu a casa dos 16.544,48 pontos. Tal valorização foi alavancada pelo desempenho de +29,63% da empresa Gold Standard Ventures, após anúncio de desenvolvimento de seus projetos de exploração de ouro. A Trevali Mining (TV), também do setor de exploração de minérios, contribuiu para o movimento de valorização, apresentando +25% ao anunciar que adquiriu novas linhas de crédito.

Na semana do dia 13 (quinta-feira), o indicador S&P/TSX apresentou queda, puxada pelas perdas no setor financeiro e industrial, seguindo a tendência de queda dos índices da bolsa dos Estados Unidos, apresentado pela variação do indicador Dow Jones, que caiu 72,46 pontos totalizando 27.904,38, e o indicador S&P 500, com queda de 2,26 pontos em 3.378,09.

Por fim, na semana do dia 18 (terça-feira), o pregão no Canadá se encerrou com quedas, carregada pelas ações do setor de energia, que pressionaram o índice e caíram 30,06 pontos, totalizando 16.626,06.

S&P/TSX composite down on energy weakness, U.S. stock markets mixed

México

O país mais ao sul da América do Norte vem enfrentando dificuldades econômicas e incertezas políticas, o que geraram o sentimento coletivo entre os investidores de que, até o fim do ano de 2020 e meados de 2021, o principal índice do país, S&P/BMV IPC, deverá sofrer com desvalorizações, atingindo níveis da casa de 38.000 pontos. O país, apesar de estar com uma baixa taxa de juros e inflação, sofre com o cenário político.

Tendo essas premissas, o indicador mexicano encerrou a sexta-feira, 17 de julho, com uma desvalorização de 0,44% aos 36.305,71 pontos, e uma queda de 0,44% na semana em questão. Na semana seguinte, que se encerrou na sexta feira (24), o mercado mexicano apresentou uma leve valorização de 0,2%, e, em relação a semana passada, acumulou uma variação de +2,84%. Porém, desde o primeiro do ano, ainda acumulava uma perda de 16,57% até a data em questão.

No início do mês de agosto, o índice S&P/BMV IPC encerrou a quinta-feira (6) com mais uma leve valorização de 0,37%, aos 38.040,55 pontos. Seguindo esse comportamento, a bolsa se encerrou com uma tímida valorização de 0,05% na quinta-feira, dia 13.

Já para a terceira semana de agosto, o principal indicador da bolsa mexicana enfrentou uma desvalorização de 0,51% na terça-feira (18), contabilizando 39.087,35 pontos, na contramão de duas altas consecutivas anteriormente. Ao longo de tal período, a variação foi de -2,19%.

MERCADOS MEXICANOS-¿Qué dicen los analistas? 19 de agosto

AMÉRICA DO SUL

Colômbia

No início da segunda quinzena do mês de julho, o principal índice da bolsa da Colômbia, o COLCAP, apresentou uma valorização de 0,26% na sexta feira, dia 17. Sua valorização é entendida devido ao fato de os investidores estarem atentos às notícias à respeito do relaxamento nas medidas de distanciamento social.

Na semana dos dias 20 à 24 de julho, o índice apresentou constantes ganhos para a bolsa, porém, na sexta-feira (24), as tensões entre as principais economias do mundo, EUA e China, sobre o fechamento do consulado chinês em Houston e uma expectativa de retaliação pelo grande asiático, gerou um sentimento conservador sobre os investimos globais. Assim, o COLCAP caiu 0,56%.

Na última semana do mês, o índice colombiano apresentou uma valorização de 0,10%, assim como seus vizinhos latino-americanos, em que a expectativa da reunião do FED trouxesse mais atitudes de amparo à economia.

Iniciando o mês de agosto, o COLCAP apresentou uma valorização de 0,36%, aos 1.142,18 pontos na primeira sexta-feira do período, puxado pela valorização da companhia Cementos Argos, de 6,18%, após apresentar o resultado de suas atividades. A empresa é uma das maiores produtoras de cimentos na América Latina, possuindo cerca de 49% do mercado local.

Na semana seguinte, a bolsa apresentou uma variação de +0,97%, encerrando a sexta-feira aos 1.153,28 pontos, com valorização de +0,29%. Em especial, na quinta-feira (13), o Grupo Sura, holding financeira, valorizou-se 3,08%, o que permitiu o encerramento do dia em questão aos 0,71%, sendo essa a maior alta da semana.

Por fim, a última semana dessa análise. Na quinta feira (20), o índice COLCAP iniciou com leve queda de 0,20%, a 1.159,43 pontos, mas encerrou o dia com valorização de 1,07%, aos 1.174,12 pontos. Na sexta-feira, apresentou uma variação de +1,04%.

Bolsa de Valores de Colombia, apertura hoy, 20 de agosto de 2020

Argentina

Na sexta-feira, dia 17 de julho, a bolsa Argentina refletiu uma valorização de 0,92% em seu principal índice, o S&P Merval, após o governo enviar ao congresso local um projeto de reestruturação política. Além disso, a queda nos números de casos de Coronavírus pela América Latina ajudaram para o comportamento de alta no índice das bolsas locais. Tal fato também foi de suma importância para o índice na semana seguinte, de 20 a 24 de julho, em que se encerrou o pregão, na sexta (24), com uma variação de +0,41%.

A penúltima semana do mês encerrou o índice Merval com reversão de perdas dos dias anteriores, com valorização de 0,78%, mesmo em meio de cautela global por tensões entre Estados Unidos e China.

A semana do dia 27 de julho começou com ganhos para o índice Merval. O principal indicador da Bolsa de Buenos Aires elevou-se 2,08%, o que foi motivada pelas grandes expectativas de ações pelo governo norte americano, em que a reunião do FED seria realizada na semana. Todavia, moeda local, o peso, teve desvalorização de 0,25%.

Para o mês de agosto, o índice encarou, na segunda-feira, dia 3, uma valorização de 6,5% após a imprensa local noticiar sinais positivos para a renegociação da dívida argentina. Em meio a expectativas e suposições, a semana se encerrou com variação de +6,24%.

Mesmo com a reestruturação da dívida estando em questão pelo país, os investidores também estavam incertos quanto a capacidade do país de crise. Assim, a semana de 10 a 14 de agosto se encerrou na contramão da semana anterior, com desvalorização de 7,22%.

Ainda nas premissas anteriores, o risco-país subiu consecutivamente pelo quinto dia, e enfrentou uma queda no Merval de 4,18% no dia 18. Assim, a penúltima semana do mês se encerrou, na sexta-feira (21), com variação de -0,68%.

El S&P Merval sufrió su peor caída en dos meses y el riesgo país subió por quinta jornada consecutiva

Chile

A pandemia do novo Coronavírus impactou todos os mercados do mundo, e ainda reflete seus efeitos nas economias globais. A Bolsa chilena, que possui como indicador mais importante o S&P CLX IPSA, encerrou a semana no dia 17, sexta-feira, com uma variação no dia de -1,16%, aos 3.994,73 pontos.

Na semana que se antecedeu a última do mês, o índice chileno encerrou a semana revertendo perdas do início do pregão da sexta-feira (24), se recuperando e alcançando +0,55%.

No dia 27 de julho, na última semana do mês em questão, o indicador da bolsa chilena, o S&P CLX IPSA, apresentou valorização de 1,19% aos 4.062,65 pontos, uma vez que a comunidade de investidores estavam atentos à reunião do FED, nos Estados Unidos, com expectativas da permanência de incentivos monetários e sua postura de apoio a situação causada pela pandemia. Na semana com um todo, o índice valorizou-se 0,05%, devido a perdas ocorridas ao longo dos dias.

Iniciado o mês de agosto, o IPSA enfrentou uma desvalorização de 0,70% já na primeira semana. Contrariamente, já na segunda semana, a variação foi de +0,71%, na contramão da semana anterior.

Na quarta-feira (18), tensões geopolíticas entre China e Austrália acabaram afetando o assunto à respeito da importação de vinhos australianos para os chineses. Surgiu a possibilidade do país asiático aumentar a taxação sobre tal produto e, assim, o Chile entra em ação. Seus conhecidos vinhos ao redor do mundo podem ser a nova fonte da China. Mesmo com tal fato, a bolsa chilena zerou ganhos e perdas na semana.

O vinho, nova vítima da disputa entre China e Austrália

EUROPA

França

No dia 08/08, foi publicada a Ata da Reunião de Política Monetária do Banco central Europeu, que já sinalizava cautela paras a política monetária europeia. Foram discutidos os riscos para a atividade econômica na Europa, a meta da inflação anual foi fixada em 2% e foram fixadas as taxas de juros. Esse cenário previsto e ditado pelo BCE reflete a realidade atual da Europa, que precisa reagir aos efeitos da crise sanitária. A França, como terceira potência europeia, nesse sentido, também sofre com as consequências econômicas e atinge a maior taxa de desemprego do G3 europeu com 7,1% acima da Alemanha (6,4%) e da Inglaterra (3,9%). De modo geral, a França vem de uma lenta recuperação econômica, apresentando crescimento de 1,8% em 2018 e 1,2% em 2019, sendo o esperado crescimento de 1,3% para 2020. Contudo, a crise sanitária reverteu esta estimativa para uma retração econômica anual esperada de 10,3%. Esse decrescimento anual do PIB é maior entre o G3 europeu (Alemanha 6,3%; Inglaterra menos de 10%). Esse pessimismo no cenário francês foi refletido no desempenho do CAC 40 (-3,72%, no período da análise) que foi pior que a performance européia representada pelo STOXX 600 (-1,89%, no período de análise).

Portanto, a pandemia segue causando desconforto sobretudo na ameaça de uma nova leva ocasionada pela reabertura do comércio e flexibilização das medidas de isolamento social. Ademais, o impasse fiscal entre EUA e a China trouxe volatilidade na cotação do CAC 40 e STOXX 600, fechando em quedas sucessivas no final de julho. Tais quedas se devem também ao resultado do primeiro semestre de 2020, que mostrou baixa de 12,1% na zona do euro. Nesse contexto, a França sofreu uma queda de 13,8% de seu PIB no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre e, somente agora, os impactos provocados na economia estão sendo mais efetivamente mensurados. Ainda, para efeito de comparação, outros países do continente europeu passam por impactos parecidos, a exemplo da Itália e Espanha, que sofreram queda do PIB de, respectivamente, 12,4% e 18,5%.

Em agosto, a CAC 40 andou de lado por volta dos 4.900,00 e os 5.,000,00 pontos devido às incertezas sobre a segunda onda do vírus e apesar do otimismo, pontual, nas bolsas americanas.

Mais sobre a contração do PIB francês

Reino Unido

O PIB do Reino Unido apresentou a maior contração da história, com 20,4% de queda no segundo trimestre de 2020. Além de ser um recorde, o desempenho econômico do Reino Unido foi o pior entre os países desenvolvidos europeus, o que motivou o governo inglês a tomar medidas drásticas a fim de aquecer a economia. Nesse sentido, o Banco da Inglaterra (BoE) ampliou de 100 bilhões de libras para 745 bilhões de libras seu programa de relaxamento quantitativo o que refletiu em alta de 0,63% no FTSE 100. Ou seja, o Banco da Inglaterra comprou mais títulos que o previsto, de modo a aumentar o dinheiro em circulação. Além desse do aumento de liquidez sobre a libra, o governo reduziu duas vezes a taxa básica de juros em 75% entre março e julho e, atualmente, esta se encontra a 0,1%, de modo a estimular facilidade de crédito na economia real.

A Inglaterra é o país na Europa que apresentou a maior taxa de mortalidade pelo coronavírus, fato que é contrastado por seu destaque na corrida pelo desenvolvimento da vacina. Esse cenário de instabilidade e vulnerabilidade coloca em cheque até o Brexit, que era uma forma de mostrar ao mundo a independência e autonomia do Reino Unido em relação à Europa e ao mundo. Desse modo, quando o governo de Boris Johnson descobriu que a Universidade de Oxford e empresas americanas estavam em contato sobre a fabricação da vacina, foi criada uma estratégia para que a vacina produzida seja de nacionalidade britânica.

Mais sobre a importância singular da vacina para a Inglaterra

Alemanha

A maior potência europeia apresentou, durante a pandemia, a menor taxa de mortalidade por coronavírus e é considerada um dos países mais eficientes no combate ao vírus devido à infraestrutura hospitalar, testagem em massa e ótima coordenação governamental. Para somar aos resultados otimistas nas medidas sanitárias, a Alemanha registrou, nos resultados do segundo trimestre de 2020, uma queda de 10% do PIB em relação ao segundo trimestre do ano passado, enquanto a média europeia foi de 12,1%. Entretanto, segue a cautela na reabertura econômica devido ao novo aumento dos contágios que gerou volatilidade no DAX 30, índice que reúne as 30 empresas com melhor desempenho financeiro no país.

Uma das desvantagens comerciais das empresas europeias no momento atual é o Euro forte que prejudica exportações e fez com que as ações das montadoras de veículos caíssem, importante segmento para a economia alemã. Diante desse cenário, a Alemanha, em conjunto com os EUA e a China, estimularam setores cíclicos diretamente atrelados ao crescimento, tais como o de viagens e lazer, bancos e montadoras, resultando na maior alta em 3 semanas dos índices europeus no dia 11/08. O índice FTSEurofirst 300 subiu 1,64%, a 1.437 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 ganhou 1,68%, a 371 pontos.

A retomada do setor industrial, sobretudo o DAX 30 puxou os índices europeus para cima. Em 21/08, o DAX aumentou 0,3%, seguido pelo CAC 40, que aumentou 0,2%. O DAX, no período analisado, teve um desempenho melhor (-0,69%) que a média europeia representada pelo STOXX 600 (-1,89%) devido também ao otimismo advindo da resiliência do tradicional setor fabril alemão. Mesmo com essa melhor performance, o desemprego no país atinge os maiores níveis desde a Segunda Guerra Mundial, que hoje está mensurado em 6,4%.

Cabe destacar também que as tensões diplomáticas entre a Rússia e a Ucrânia, que se acentuaram nos últimos dias, podem afetar nas próximas semanas o DAX que tem exposição a geopolítica russa uma vez que as principais empresas que compõem o índice dependem da energia russa.

Mais sobre detalhes da tensão entre a Rússia e a Ucrânia

ÁSIA

China

No maior exportador do mundo, em julho, as exportações tiveram a maior alta do ano, enquanto algumas importações de matérias-primas atingiram máximas recordes, ampliando as esperanças de uma recuperação mais sustentada. Nesse contexto, essas altas foram precificadas pelo mercado com uma variação de +10% do SSEC, de aproximadamente 3.000,00 pontos foi para 3.300,00 pontos.

Entretanto, no início de agosto, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 1,2%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 1% devido às sanções dos EUA sobre o aplicativo TikTok, da ByteDance, e o WeChat, de propriedade da Tencent.

Mesmo nesse clima de tensão, o embate comercial teve uma pequena trégua quando EUA e China concordaram, na quinta-feira dia 20/08, em colocar em prática a fase 1 do acordo firmado em 15 de janeiro, mas que havia sido colocado de lado durante as tensões provocadas pela pandemia. Isso significa que a China vai voltar a comprar massivamente produtos agrícolas e manufaturados norte americanos. Essa decisão refletiu em alta de 0,73% no SSEC para 20/08.

Ao final do mês de julho, o CSI300, recuou 1,3%, assim como o índice de Xangai, que marcou seu pior dia desde 24 de julho devido à decisão governamental de manutenção da atual taxa de juros para empréstimos corporativos e residenciais. Essa queda sucedeu 5 semanas de altas em toda Ásia depois do Banco Central chinês injetar recursos no sistema financeiro do país e também após o estímulo na produção de aço e alumínio apoiada no setor da construção que tende a crescer em todo o mundo como um impulsionador econômico.

Mais sobre a possível recuperação econômica sustentada da China

Japão

No Japão, junho foi marcado pela queda das exportações em 26,2% em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para diminuição em 50% das exportações para os EUA. Nesse sentido, o país deve sofrer um decréscimo de 5,3% o PIB do ano de 2020.

Apesar da perspectiva de retração, o Japão se mostra mais resiliente ante a crise quando comparado a outros países. Enquanto o PIB japonês no segundo trimestre encolheu 0,6%, na Europa, houve quedas em torno de de 13%, nos EUA queda de 32,9%, mas perde para a China que teve alta de 11,5% no PIB trimestral. Ademais, a taxa de desemprego no país está atualmente na marca de 2,8%, menos da metade da Alemanha (6,8%) e um menos terço do desemprego nos EUA (10,2%). Essas vantagens fizeram com que o NIKKEI 225 performance positivamente (+0,66%, durante o período de análise) assim como a tendência dos mercados asiáticos.

Entretanto, ser resiliente não significou descumprir medidas de segurança, uma vez que, nas palavras do presidente do Banco Central japonês, Haruhiko Kuroda, a retomada econômica deve ser em ritmo moderado, já que medidas preventivas contra a COVID-19 restringem a atividade econômica.

Mesmo em uma série de três dias de baixa na Nikkei 225 no dia 06/08, as ações da montadora Toyota tiveram alta de 2,3% devido ao lucro apresentado no primeiro semestre, uma vez que o mercado esperava prejuízo. O porta-voz da montadora justifica os lucros na empresa pela retomada mais cedo do que o previsto nos mercados consumidores mundiais, mas não descarta a queda e a diminuição de vendas sobretudo nos EUA, que representa atualmente 25% de sua receita, entretanto é previsto maior consumo de mercadorias da montadora no mercado chinês. Do mesmo modo, a Honda Motors espera uma queda de 68% de seu lucro anual em 2020 em relação ao ano passado, e também espera menos consumo nos EUA e maiores vendas na Ásia.

Mais informações sobre a queda das exportações no Japão.

Índia

No final de julho, a Índia ganhou o posto de país no qual o coronavírus avança mais rápido, com crescimento semanal de 20% na penúltima semana do sétimo mês do ano. Nesse período, já haviam sido ultrapassados 1,4 milhão de casos, de acordo com o Coronavírus Tracker da Bloomberg. Em número de mortes e de infectados, a Índia só está atrás do Brasil e dos EUA. Infelizmente, Índia e Brasil estão entre os países com as taxas mais baixas de testes do mundo, com respectivamente 11,8 e 11,93 por 1.000, segundo o projeto Our World in Data, da Universidade de Oxford, o que gera incertezas sobre a real dimensão da doença. Tal cenário é causa de insegurança para os investidores estrangeiros, sentimento raro para um país emergente que teve a primeira retração depois de quatro décadas.

O que trouxe um álibi para os impactos financeiros da crise sanitária foram as compras chinesas de minério na Índia, que atingiram a maior alta dos últimos 8 anos. O embarque de minério ultrapassou 20 toneladas no primeiro semestre de 2020 e mais que dobraram em relação ao primeiro semestre de 2019. Salienta-se que tais compras foram impulsionadas pelo salto na demanda das siderúrgicas chinesas. Todos esses acontecimentos de ordem econômica contribuíram para alta do BSE SENSEX durante o período de análise que teve variação positiva de +3,24%. Entretanto deve-se destacar a fragilidade das relações diplomáticas entre China e Índia em decorrência do conflito fronteiriço desde o dia 15 de Junho.

Entenda do que se trata esse conflito entre China e Índia.

Conclusão

Ante um cenário ainda nublado frente a crise do coronavírus, a Europa se mostrou o continente com maiores quedas para o período de análise e Índia e China, as maiores altas no período de análise, mas de maneira unânime a cautela tem sido imperativa para os investidores. Para os governos, o imperativo tem sido medidas de de mitigação para a crise mundial instalada.

Escrito por: Lucas Barbosa & Leonardo Magalhães

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