Tesla — NASDAQ: TSLA
Introdução
A Tesla, fabricante e desenvolvedora de carros elétricos é, atualmente, a maior empresa, dentre as da indústria automotiva, em relação ao seu valor de mercado. A companhia abriu o seu capital em 2010 e já apresentou uma valorização de suas ações em mais de 600% só no ano de 2020. Como podemos ver a seguir, a partir do ano de 2020 suas ações apresentaram a maior alta e com rápida valorização, partindo dos US$ 80,00 no começo de 2020 e alcançando os patamares dos US$ 800,00 no começo deste ano.
Antes mesmo de iniciar a análise sobre umas das empresas mais faladas atualmente, é interessante introduzir um pouco mais sobre a história desse setor e de que maneira Tesla se apresenta como a primeira companhia promissora nesse novo segmento, se diferenciando de outras empresas com a sua tecnologia e eficiência dos motores de seus carros elétricos.
Apesar da Tesla não entregar seus veículos em grandes volumes como outras grandes empresas automotivas, ela apresenta o maior valor de mercado quando comparada às demais montadoras. Podemos ver que a companhia representa uma nova tendência no mercado e, por ser vista como sinônimo de tecnologia, inovação e preocupação com o meio ambiente, foi possível que ela ocupasse a posição de líder do mercado.
Em comparação, vemos que a Toyota, fundada em 1937 no Japão, a BMW, em 1916 na Alemanha e a Chevrolet fundada em 1911, nos Estados Unidos, são tomadas como algumas das mais tradicionais no ramo em questão. Sabemos que são empresas consolidadas e fundadas há um bom tempo, que competem pelas fatias de mercado. Assim, com o passar do tempo e sem a entrada de grandes concorrentes, a indústria automotiva passou a apresentar produtos similares nos quais você, leitor, já pode ter reparado diversas semelhanças entre modelos de um mesmo segmento de companhias diferentes — semelhanças essas que não se apresentam apenas nos aspectos visuais dos veículos, mas também nos preços dos mesmos. Assim, a indústria se apresenta com pouca perspectiva de um crescimento exacerbado no futuro, já que a venda dos automóveis depende de fatores como a renda da população e a saúde da economia. A Tesla, contudo, fundada em 2003, na Califórnia, surge anos depois e passa a competir em um mercado extremamente dominado por grandes companhias.
O mercado dessa indústria é maduro em comparação com as novas tendências do mundo moderno. O giro dessa indústria se baseia em modelos lançados anualmente, com melhorias em suas características e apresentando novas funções, mas que peca em alguns pontos mais técnicos como eficiência do motor, por exemplo, que não apresentam grandes inovações. Tal fator não é consequência de baixos investimentos em tecnologia e desenvolvimento, muito pelo contrário, é devido a limitações físicas do motor a combustão. Analisando um gráfico de eficiência de um motor a combustão, podemos notar que, segundo a curva da Eficiência do Motor Otto, movido a gasolina, seu aproveitamento gira em torno de 40%.
De forma resumida, vemos que essa indústria possui suas vendas concentradas em veículos a combustão que já estão próximos da máxima eficiência permitida. A Tesla, com seus veículos movidos a motores elétricos, traz uma nova cara para a indústria e demonstra que o setor não irá sofrer com perdas de market share ou com quedas nas vendas, mas indica uma mudança de tecnologia e inovações para esse momento de estagnação.
História
Como dito anteriormente, a Tesla foi fundada em 2003 nos Estados Unidos, na cidade de São Francisco, Califórnia. Apesar de muitos acreditarem que a sua fundação ocorreu pelas mãos de Elon Musk, um dos empresários mais ricos do mundo e que representa a empresa de diversas formas, não foi ele quem a criou.
No ano de 2003 foi fundada a Tesla Motors que, como o nome sugere, foi escolhido em homenagem a Nikola Tesla, um dos maiores cientistas no estudo de correntes elétricas. Martin Eberhard e Marc Tarpenning foram os responsáveis pela criação da companhia, que só foi possível após a venda da NuvoMedia, também criada por ambos, mas em um ramo totalmente diferente: a comercialização do Rocket, um dos primeiros eReaders do mercado. Em um futuro um pouco distante, ambos deixaram a companhia após certos conflitos com Musk, especialmente Eberhard, ao acusá-lo de difamação em um processo jurídico pela remoção dos créditos da criação do então primeiro modelo a ser criado pela companhia futuramente: o Roadster.
Apesar da Tesla possuir grande renome e fama internacional, por muito tempo os carros elétricos eram vistos com certa repulsa pela população. Como a tecnologia da época não atendia critérios de autonomia das baterias, por exemplo, concomitantemente ao fato de que os designs dos veículos que não eram “popularmente charmosos”, ter um carro elétrico não era comum e muito menos acessível. Apesar da ideia de serem veículos com motores alternativos aos de combustão, que poluem o meio ambiente com gases como o CO₂, a tecnologia do momento não permitia grande desempenho e autonomia para o transporte.
Porém, após o interesse de Musk nesse mercado, demonstrando seu alinhamento e interesse em diversos projetos inovadores como a SpaceX (empresa do também bilionário responsável pelo desenvolvimento e uso de foguetes com custo extremamente mais baixo de lançamento), a empresa pôde começar a demonstrar um futuro próspero. Elon se tornou presidente do conselho no ano de 2004, fornecendo um financiamento de US$ 7,5 milhões.
Como dito anteriormente, o ramo dos carros elétricos não apresentava vantagens suficientes para prosperar como um mercado altamente capitalizado ou até mesmo viável. Assim, a Tesla não viu outra opção a não ser recomeçar todos os projetos que já havia desenvolvido, ou então partir da estaca zero para um novo sistema capaz de entregar o que seus projetistas queriam. Após muitos aperfeiçoamentos e estudos, a Tesla finalmente apresentou seu primeiro modelo, chamado Roadster, com início da produção em 2008 e com as primeiras unidades entregues no final do mesmo ano. Vale ressaltar também, que foi em 2008 que Musk se tornou CEO da companhia. A venda de poucas unidades desses veículos foram essenciais para o lançamento do próximo modelo: Model S.
Sabendo que os carros elétricos da época não apresentavam um visual agradável para grande parte da população, a empresa de Elon buscou por profissionais que pudessem ajudar nesse problema. Assim, a Tesla convidou o designer Franz von Holzhausen a trabalhar na companhia, renomado em seu campo de atuação e que aceitou participar do grupo de colaboradores. Franz sempre buscou inserir características futuristas nos veículos da Tesla e, como consequência deste fato, criou o visual do Model S, pouco tempo depois do anúncio do modelo Roadster. Seu design icônico forneceu uma nova identidade visual para a empresa, além disso, o veículo era capaz de trafegar em uma velocidade de até 250 km/h, transportando o dobro de bateria do primeiro modelo da Tesla.
Porém, diversas dificuldades surgiram ao longo do caminho. Caso você tenha se situado temporalmente na época em que tais fatos narrados ocorrem, já foi possível identificar um problema que estava prestes a acontecer: a crise do ano de 2008 com a bolha imobiliária nos Estados Unidos. Muitos funcionários da companhia deixaram as fábricas da Tesla e o governo não ajudou a empresa como havia ajudado outras. Somando-se a isso, outro fato agravante envolvia a SpaceX, dita anteriormente. Ambas as empresas de Musk estavam com dificuldades financeiras, à beira de encerrarem suas atividades. Diante dessa encruzilhada, a busca por um investimento era essencial para garantir a sobrevivência das empresas. Em último instante, Elon conseguiu um investimento de US$ 40 milhões para a Tesla, dando um respiro para a empresa.
Tempos depois, em julho de 2009, a Tesla finalmente apresentou lucro desde sua criação. No mesmo ano, a companhia precisou fazer um recall de 345 Roadsters por um erro causado pela Lotus, a então fabricante de seus veículos. Por ser uma empresa jovem e totalmente remodelada em comparação com a indústria tradicional, erros eram comuns.
Apesar disso, o negócio seguia confiante no sucesso. Com isso, no ano de 2010, a Tesla realizou seu IPO, ou seja, a companhia passava a ser uma empresa de capital aberto. Tamanho sucesso permitiu que fosse inaugurada a sua fábrica em Freemont, também na Califórnia.
Mesmo com alguns momentos de sucesso, a empresa ainda enfrentou dificuldades inesperadas. Após um acidente envolvendo um de seus veículos que acabou em chamas, as ações da companhia apresentaram uma grande queda. O motorista não sofreu nenhum dano graças ao aviso do sistema integrado do veículo sobre o início do incêndio, fato pelo qual a empresa aprimorou ainda mais seu software, que encaminhou como uma nova atualização para os outros veículos. Tempos depois, após se encontrar em outra crise financeira, a Tesla quase foi comprada pela Google por US$ 6 bilhões. Como podemos notar, o contrato de venda não foi assinado. Para tanto, Musk direcionou todos os colaboradores da empresa para a venda e entrega dos veículos aos consumidores e futuros clientes, como forma de alcançar recursos para a empresa.
Como visto, entre momentos de crises e recuperações, a Tesla pôde aprender e desenvolver tecnologias que a trouxe até o momento atual. Elon Musk é visto como um dos maiores catalisadores do sucesso da companhia, que desde o desenvolvimento dos veículos ficava atento a cada passo do projeto, descrito como perturbador por alguns funcionários na sua busca pela perfeição em mínimos detalhes.
Com diversas crises enfrentadas, a Tesla demonstrou ter se firmado no mercado após o anúncio e a entrega de novos modelos como Model X, Model S e Model 3, entretanto, muitos investidores cobravam a companhia por atrasos na entrega de automóveis e dos novos acessórios destinados aos clientes interessados no ramo da energia limpa. Além disso, os veículos da Tesla viriam a ser mundialmente conhecidos pelo Full Self-Driving, software criado pela companhia, através do qual o carro desenvolve locomoção autônoma aliado aos inúmeros sensores distribuídos pela sua carcaça. Foi anunciado também, o Powerwall, uma espécie de bateria residencial que viria a ser responsável pelo fornecimento de energia em casos de quedas e instabilidade, atuando ainda como fonte de carregamento para os veículos. Vale ressaltar aqui a subsidiária da Tesla chamada SolarCity, responsável por serviços de instalação de painéis solares residenciais e comerciais. Tais produtos, chamados de Solar Roof, se diferenciam dos outros convencionais do mercado por constituírem o sistema do telhado da edificação, e não ficando sobreposta ao telhado como comumente é utilizado. Tanto os painéis da SolarCity como o Powerwall podem ser utilizados em conjunto, fornecendo e armazenando energia para as residências com autonomia da rede pública.
Não suficiente com essas novidades, a Tesla anunciou, em 2017, o desenvolvimento de um caminhão elétrico e autônomo denominado Tesla Semi, assim como uma nova geração, atualizada e remodelada do primeiro modelo da companhia: o Roadster, com a afirmação de ser o carro mais veloz do mundo.
Posteriormente, no ano de 2019, a Tesla anunciou mais um modelo para compor seu line up: o Cybertruck, que já possui mais de 700 mil encomendas. Seu design, também proposto por Franz, é totalmente diferente dos “veículos convencionais” até então conhecidos pelo público e até mesmo fabricado pela companhia, apresentando curvas acentuadas, configurando um perfil “quadrado” para a caminhonete. A previsão de lançamento oficial com acesso ao público é para o final do ano de 2021. Ainda mais recentemente, em 2020, foi apresentado o Model Y, que assim como o Model 3, busca ser um modelo acessível, mesclando o melhor das características dos modelos S, X e 3: desempenho esportivo e funcionalidades de um SUV.
Em suma, a Tesla se apresenta não só como a fabricante e desenvolvedora de carros elétricos autônomos, mas se propõe a ajudar na transição de energia não renovável para fontes mais sustentáveis, como visto na descrição do site da companhia.
Seus veículos apresentam-se mais eficientes em relação aos produtos da concorrência que recorrem aos motores a combustão, devido ao maior aproveitamento de energia e potência do motor, demandando menos manutenções como troca de óleo, por exemplo, que não ocorre nesses veículos. Outra característica popularmente conhecida é a zero emissão de gases poluentes para seu funcionamento e a não necessidade de abastecimento com combustíveis inflamáveis, que produzem tais gases.
Com relação à história mais recente da companhia, vemos que seus resultados vêm agradando investidores ao redor do mundo, impactando diretamente no valor de suas ações, como mostrado inicialmente nesta análise, indicando mais estabilidade e certo domínio do mercado.
Governança
A figura mais conhecida da Tesla é, sem dúvidas, Elon Musk. Após assumir a posição de CEO em 2008, Musk segue no cargo até os dias atuais. Apesar disso, e como foi dito anteriormente, ele gerava desconforto em certos funcionários que, com seu jeito incisivo e persistente na busca da perfeição de todos os componentes dos veículos, cobrava excessivamente de todos. Além disso, a sua forte presença no Twitter é capaz de influenciar fortemente as ações da companhia, positiva e negativamente. Alguns investidores acreditam que ele não deveria se pronunciar de forma tão recorrente sobre assuntos importantes da empresa, mas quem acompanha Musk na rede sabe que ele não pretende deixar as publicações tão cedo.
Elon também atua como CEO da SpaceX, desde o ano de 2002, sendo esta uma das empresas escolhidas pela Nasa, com um contrato de US$ 2,9 bilhões, para viabilização da volta do homem à Lua em 2024, assim como o desenvolvimento de uma base e estação espacial para o corpo celeste. Apesar disso, a Dynetic e a Blue Origin (empresa do também bilionário Jeff Bezos, CEO da Amazon) recorreram juntas à decisão, alegando que a preferência pela SpaceX era desleal. Em resposta, a Nasa justificou que buscou a opção mais viável economicamente, e que o valor cobrado pelas outras duas empresas eram extremamente maiores. A disputa judicial segue desde abril.
Diversas outras empresas compõem o portfólio de Musk, como a fundação da The Boring Company, focada na criação de meios alternativos de deslocamento urbano, em que os veículos elétricos e autônomos, através de plataformas subterrâneas, percorrem grandes distâncias em altas velocidades dentro de túneis. Cabe também um destaque para a criação da Neuralink Corp., desenvolvedora de chips para implantes cerebrais que futuramente pretendem ser conectados à internet.
Seu sucesso atual é fruto de muito esforço e dedicação em seu passado. Musk possui graduação em física pela University of Pennsylvania, além de B.S. (Bachelor of Science) em Business pela Wharton School of the University of Pennsylvania. Ele também fundou a Zip2 Corporation, que viria a ser adquirida pela Compaq em 1999, assim como foi co-fundador da PayPal, empresa mundialmente conhecida pelos pagamentos online, que posteriormente viria a ser comprada, em 2002, pela eBay.
Os outros líderes da empresa, como mostrado acima, são Zachary Kirkhorn, responsável pelo setor financeiro da companhia, com formação em economia e engenharia mecânica também pela University of Pennsylvania, assim como um M.B.A em Harvard University; Andrew Baglino, com o cargo de Senior Vice President, Powertrain and Energy Engineering desde 2019, com bacharel em engenharia elétrica em Stanford University; por fim, Jerome Guillen, como President of Tesla Heavy Trucking, desde março de 2021, já tendo passado como President Automotive em 2018, Vice President, Trucks and others programs de 2016 até 2018, dentre outros cargos. Guillen possui PhD em engenharia mecânica pela University of Michigan, assim como também é formado em Tecnologias Energéticas pela Escula Tecnica Superior de Ingenieros Industriales em Madrid, e engenharia mecânica pela Ecole Nationale Superieure de Techniques Avancees em Paris.
Ao lado direito da imagem acima, vemos os nomes dos membros do Conselho Administrativo da Tesla, com destaque pela também inclusão de Musk. A figura a seguir ilustra os nomes da composição do comitê da Tesla, com seus respectivos cargos na empresa.
Linhas de receita
Antes mesmo de apresentar as fontes de receita da Tesla, é interessante diferenciar que, na indústria automotiva, existem diversas categorias de carros elétricos. Dentre eles, existem os classificados como BEV — Battery Electric Vehicle (nome para os carros 100% elétricos), EREV — Extended Range Electric Vehicle (sendo carros elétricos, mas que contam com um pequeno motor a combustão para emergências, que visa carregar as baterias caso ela esteja em níveis críticos — vale a ressalva que esse motor é destinado apenas para carregamento, ou seja, esse motor não influencia no deslocamento do veículo), PHEV — Plug-in Hybrid Electric Vehicle (que conta com um motor elétrico e a combustão trabalhando em conjunto) e, por fim, a classificação HEV — Hybrid Electric Vehicle (que não é carregado em uma tomada, em que o motor elétrico e o motor a combustão trabalham de forma alternada). Os carros elétricos da companhia são os BEVs, 100% movidos a eletricidade.
A Tesla possui diversas fontes de renda, sendo uma das principais as vendas dos veículos da empresa, que podem ou não conter o sistema Full Self-Driving, por um custo adicional. Dentro desse quesito a Tesla se mostra com uma vantagem em relação às demais empresas, pois seus carros são vendidos diretamente aos consumidores, sem o intermédio de uma concessionária, por exemplo. No próprio site da companhia é possível realizar a customização e edição de pontos que o comprador desejar e, assim, receber seu carro.
Dentre os modelos disponíveis, atualmente é possível adquirir os carros Model S, Model Y, Model 3 e Model X, todos com prazos de entrega de, no mínimo, 4 semanas, devido ao fato da Tesla não possuir carros a pronta entrega por conta de uma alta demanda e uma capacidade produtiva que ainda não a supre. A montadora também permite o parcelamento dos veículos em seu site, assim como o fornecimento de seguros. Além dos veículos, no site da companhia também é possível adquirir painéis de energia solar para as residências, com destaque para o modelo Solar for New Roofs, e acessórios como carregadores residenciais mais eficazes para o carregamento dos carros. Os modelos Cybertruck e o novo Tesla Roadster, em versão reformulada para novo lançamento, ainda não são comercializados em grande escala, apenas através de reservas.
Atualmente, um Tesla Model 3, sendo o modelo mais vendido da companhia, possui previsão de entrega de 4 a 12 semanas, com valor do modelo de entrada de US$ 34.190 com uma autonomia de 627 km. É possível customizar o veículo com cores, aumento de performance e estilo de rodas, por exemplo. Em adicional, o pacote chamado Full Self-Driving, que envolve as ferramentas de direção autônoma, possui valor de US$ 10.000. Caso o comprador deseje comprar essa ferramenta posteriormente, também é possível.
Com o mesmo tempo de entrega, um Tesla Model Y tem valor inicial de US$ 46.190 com customizações de cores e performance, além de uma autonomia de 524 km. O sistema de direção autônoma também é uma opção, ao valor de US$ 10.000.
Partindo para os modelos mais sofisticados, temos o Tesla Model S, com modelo inicial ao valor de US$ 72.990 e autonomia de 627 km, com possíveis adicionais. O sistema autônomo, igual aos casos anteriores, custa um adicional de US$ 10.000. Em contrapartida, a previsão de entrega dos pedidos é para os meses de setembro e outubro.
Por fim, o último modelo disponível para compra no site é o Tesla Model X, com valor inicial de US$ 83.190 e autonomia de 547 km, com as opções adicionais também disponíveis como nos anteriores.
Com relação às vendas dos painéis solares, a Tesla possui em seu site uma opção em que o cliente insere seus dados de endereço, assim como a taxa de consumo mensal de energia, e recebe uma recomendação e o contato para mais informações de instalações e valores.
Por fim, ainda no site da empresa, é possível comprar os acessórios residenciais ditos anteriormente, assim como miniaturas de todos os modelos que são vendidos, em escala 1:18.
Todos os veículos, assim como os painéis solares, baterias e o Powerwall da companhia são produzidos nas instalações da Tesla, podendo ser entre a Tesla Factory, já apresentada anteriormente, ou em suas outras instalações que são vistas como grandes obras da sustentabilidade: as fábricas Tesla Gigafactory e Tesla Gigafactory 2. Indo de encontro com a descrição da companhia de servir como catalisadora da transição para um mundo baseado em energia limpa, suas fábricas são totalmente operadas através de energias renováveis. Tal obtenção e produção de energia advém de painéis solares e aerogeradores, por exemplo.
Um destaque vale para as baterias dos veículos, ditas anteriormente. Tamanha é a importância desses componentes nos carros justamente devido ao custo das baterias, sendo um dos fatores de maior agravamento no valor final do produto, demandando um alto investimento em desenvolvimento de aperfeiçoamentos e melhorias de eficiência. Assim, no final do ano passado, no evento promovido pela Tesla chamado de Battery Day, foi anunciado uma bateria capaz de fornecer um aumento de 54% no percurso autônomo de um veículo, além de uma redução de 56% no preço de fabricação por kWh em relação a atual. Esse desenvolvimento promete reduzir, também, cerca de US$ 7.000 no custo de cada bateria finalizada, além de diminuir em 69% o investimento necessário para a construção de tais.
Outra fonte de renda para a Tesla é obtida através de seus carregadores como o Supercharger, que em 15 minutos são capazes de fornecer uma carga equivalente à distância de cerca de 200 milhas. Constantemente novos pontos de recarga são instalados ao redor do mundo, acompanhados de uma evolução constante na capacidade e velocidade de carregamento ao longo do tempo. As estações, que reúnem vários Supercharges, possuem painéis solares e contam com baterias para tal carregamento, reforçando mais uma vez o compromisso da companhia com a sustentabilidade. O valor cobrado por cada carregamento, segundo site oficial da empresa, chega a ser até 4 vezes menor quando comparado com carros abastecidos a gasolina, resultando em um valor entre US$ 4.300 e US$ 6.300 de economia ao longo de 6 anos. Vale ressaltar que tais carregadores já são adaptados para a maioria dos modelos de carros elétricos além dos veículos da Tesla, apesar das montadoras não gostarem da ideia e estarem no processo de troca de seus plugs.
Abaixo, são apresentadas as variáveis consideradas pela empresa para o cálculo da economia, em relação a um carro a combustão, como dito anteriormente.
Por fim, quando a Tesla anuncia um novo modelo de veículo ou produto para o público, é anunciado, também, um voucher, em que a pessoa pode pagar um valor estimado pela empresa demonstrando a sua intenção de compra. Como dito em tópicos anteriores, desde quando a Tesla anunciou o modelo Cybertruck, foram vendidas mais de 700 mil dessas intenções de compra, que seriam posteriormente usados para o início da fabricação e confecção de tais veículos. No total, isso representou um caixa de US$ 71 milhões.
Pontos positivos
É inegável que estamos vivendo no início de uma mudança de pensamento coletivo da população. A demanda por empresas que respeitam o meio ambiente e que buscam minimizar ao máximo o impacto de suas atividades já possui um nome bem conhecido: ESG — Environmental, Social and Governance, que traduzido para o português significa Ambiental, Social e Governança, atreladas para avaliar as práticas de uma empresa. Assim, carros elétricos que possuem zero emissões de poluentes são bem vistos pelos consumidores, além de existir um consenso sobre um futuro aumento de restrições para posse e uso de veículos a combustão. Na Europa, por exemplo, já existem projetos de lei que visam reduzir a circulação desses veículos para a próxima década, com possibilidade de adiantamento dessas restrições.
Apesar disso, é preciso entender que os carros elétricos por si só não salvarão o planeta. É preciso existir uma conscientização sobre a reciclagem das baterias desses veículos, assim como a fonte de energia que virá a carregar tais automóveis. Logo, para a mudança da matriz energética mundial, é preciso ser considerado planos no longo prazo, e quanto antes começarmos, melhor.
Adentrando nesse escopo e especificamente sobre a Tesla, vemos no gráfico abaixo que dentre os carros elétricos mais vendidos no mundo, ela ocupa a primeira posição com o Model 3 e com folga em relação aos concorrentes do segundo e terceiro lugar. Ademais, o quarto lugar também pertence a Tesla, com o novo Model Y.
Neste momento é interessante realizar uma comparação entre os carros da companhia e da concorrência. Tomemos como exemplo o Porsche Taycan 4s, que possui uma autonomia de 305 km e velocidade máxima de 250 km/h ao custo de US$ 109.000,00 em seu modelo mais básico. Analisando contra o modelo de entrada da Tesla, o Model 3, vemos que a companhia entrega um resultado mais atraente, com uma velocidade máxima de 260 km/h e autonomia de 568 km. Aqui se realça a tecnologia da Tesla, assim como a importância das pesquisas em baterias, com destaque para o Battery Day.
Mas, como vimos anteriormente, a Tesla não comercializa apenas veículos elétricos autônomos. A oferta de baterias e painéis solares residenciais contribuem para o sentido das frases anteriores de mudança da energia fóssil para uma energia mais limpa. Além disso, a companhia segue em grande estudo e desenvolvimento de novas tecnologias sobre uso, eficiência e reuso dessas baterias, contribuindo para esta temática.
É inegável também que a empresa, com presença na China e forte início de suas atividades pela Europa graças à construção de uma nova Gigafactory em Berlim, é uma das primeiras companhias no ramo dos carros elétricos, sendo que nos Estados Unidos, é a única montadora que se dedica integralmente nesse ramo. Seu pioneirismo oferece grande capacidade de conquista de market share global, além do fato de que a companhia possui e já entregou diversos avanços tecnológicos para uma indústria que apenas está no começo, com capacidade de escalar sua produção. Além disso, a valorização recente de seus papéis indica a confiança em suas atividades e a concordância com a importância de zelar com o meio ambiente.
Por fim, como será mostrado nos resultados posteriormente, a Tesla conseguiu se sobressair a diversas crises e momentos financeiros trágicos, que a trouxeram até a posição atual de maior e mais reconhecida no ramo dos carros elétricos.
Pontos negativos
Como já dito anteriormente, um dos pontos cruciais para crescimento e viabilidade deste ramo é o custo de produção de bateria e como ela impacta nos valores finais dos veículos. Tamanha é essa importância que, na busca de solucionar esse problema, a Tesla criou o evento Battery Day, dito anteriormente, que visa o anúncio de novas tecnologias como autonomia, redução de custo e aperfeiçoamento das mesmas. Além disso, faz-se necessário uma atenção redobrada para com a sua utilização desenfreada e possíveis descartes incorretos pela população.
Concomitantemente, é inegável que a consolidada indústria automotiva percebeu a nova tendência do setor de carros elétricos. Essas empresas possuem volumes de vendas muito superiores aos patamares atuais da Tesla que, com qualquer nova regulamentação restritiva a qualquer ponto que a mesma se baseia, pode provocar uma mudança inesperada nos planos da companhia. Além disso, empresas tradicionais estão correndo contra o prejuízo, e buscar modos de adaptação e criação de novas fábricas para concorrerem com o market share da Tesla é questão de tempo.
Futuro incerto também é um ponto a ser considerado pelo investidor. O atual CEO, Elon Musk, pode não ficar sempre no comando da empresa e, a partir disso, a companhia pode mudar seus planos. Consequentemente, o mercado rapidamente pode precificar futuras oscilações e mudanças na estrutura da companhia.
Resultados
Apesar de um dos assuntos mais cobrados da Tesla ser o fato da companhia ainda não conseguir atender toda a demanda de pedidos que a mesma recebe, vemos que, com o passar dos anos, a montadora vem aumentando as entregas de seus automóveis, atingindo quase 600 mil unidades entregues aos seus clientes no primeiro trimestre de 2021, um número bem maior quando comparado a 2018, em que este valor era de pouco mais de 100 mil unidades. Vale ressaltar que, com a construção de novas fábricas Gigafactorys tanto nos Estados Unidos como na Europa, esse valor tende a aumentar intensamente.
Tratando-se do Lucro por Segmento, ilustrado a seguir, vemos que a maior fonte de renda é a venda de automóveis (Automotive Sales). Consequentemente, vemos que a receita sobre serviços (Services and others) apresenta certa tendência de crescimento, influenciado principalmente pela venda de energia através dos Superchargers.
As Despesas Operacionais, chamadas de Operating Expenses, agrupam todos os custos que não estão envolvidos diretamente com os custos das operações das fábricas, ou seja, as despesas que estão fora das fábricas, como a manutenção das estações de Superchargers, por exemplo. Como estes parâmetros independem da venda dos carros, observa-se certa constância dos valores e, considerando que a venda de veículos vem aumentando, a Tesla demonstra a escalabilidade de seu negócio e consequente aumento do Lucro Bruto da companhia.
Com relação ao Lucro Bruto (que desconsidera os custos das fábricas), visto no gráfico a seguir pela coluna amarela e chamada de Gross Profit em inglês, vemos um aumento como consequência das crescentes vendas da companhia. Se tratando sobre o Resultado Operacional (ou Lucro Operacional), indicado pela coluna vermelha e traduzido como Operating Income, vemos que a empresa sofreu em grande parte do início de sua história, como foram apresentadas anteriormente as sucessivas crises enfrentadas pela montadora. Porém, a partir de 2018, a Tesla conseguiu superar tais empecilhos e passou a entregar resultados positivos como reflexo do aumento de suas vendas.
Analisando o Fluxo de Caixa Operacional da companhia, que indica as entradas e saídas de dinheiro quanto à operação da Tesla, vemos que a partir de 2020 seus dados são positivos, mostrando que a empresa possui uma boa saúde financeira e que possui capital para financiamento de suas atividades como a compra de insumos, por exemplo.
Mais recentemente, a Tesla começou a apresentar constância nos resultados referentes ao Lucro Líquido. Representado em azul no gráfico a seguir, notamos que a partir do segundo trimestre de 2020, todas as datas posteriores apresentaram valores maiores e com uma maior recorrência, próximo a 500 milhões de dólares.
Analisando especificamente os modelos de seus automóveis mais vendidos, vemos que boa parte é realizada com o Model 3 e Model Y. Um dos fatores a ser considerado é o preço desses veículos que, como apresentado anteriormente, são menores em relação ao Model X e Model S, por exemplo. É possível notar também o estágio de produção dos modelos Cybertruck, Tesla Semi e Roadster, dependentes de novas instalações que ainda estão em processo de construção, assim como de adaptações das fábricas antigas.
Por fim, mas não menos importante, é interessante informar ao leitor que a Tesla, em fevereiro de 2021, comprou um total de US$ 1,5 bilhão em uma das criptomoedas mais populares do momento: o Bitcoin. A intenção da companhia foi aderir ao crescimento e popularização dos criptoativos, assim, além de entrar nesse mercado, anunciou a possibilidade de compra de seus veículos, pelos consumidores comuns, com o Bitcoin como moeda de troca. Não só a Tesla mostrou interesse no mercado, pois instituições como a MicroStrategy e o fundo Grayscale também compraram porcentagens da criptomoeda.
Apesar disso, no início de maio, Musk publicou em sua conta do Twitter que a Tesla suspendeu as transações com Bitcoin, alegando que as minerações da criptomoeda geram um grande impacto no meio ambiente. No momento deste anúncio, a moeda sofreu com uma queda de aproximadamente 13%. Apesar disso, Elon disse estar trabalhando com os mineradores da moeda em busca de basear suas atividades em fontes de energias renováveis.
A paixão de Musk por criptoativos não se limita a Tesla. Também em sua conta do Twitter, Musk não só demonstrou interesse como oficializou o financiamento de uma missão espacial a ser integralmente em DOGE, popularmente conhecida como Dogecoin, criada com base em um meme famoso da internet que possui estampada o rosto de um cachorro. A missão, com destino à Lua, já rendeu vários memes pela internet com publicações até mesmo do próprio Elon.
Conclusão
Após a apresentação da história e dos resultados da Tesla, podemos ver de onde a empresa surgiu, qual a intenção de produção de veículos elétricos, e como a mesma pretende atingir seu objetivo de auxílio na mudança de fontes de energias poluidoras para fontes mais limpas. A comercialização de veículos elétricos autônomos estampam a cara da marca, que também comercializa produtos e serviços voltados para o tema.
Elon Musk por si só representa uma grande parte dessas características. Sua atividade constante nas redes sociais o aproxima dos investidores e simpatizantes de tecnologia e inovações, mesmo sendo capaz de influenciar a cotação das ações de suas empresas e de criptoativos com apenas um twítte. Cabe ressaltar também a sua extrema importância na história da companhia, estando a frente de crises e dificuldades que poderiam ter encerrado a Tesla que conhecemos hoje.
O crescimento da companhia também é outro ponto a se analisar, ao ser pioneira e 100% focada no desenvolvimento e venda de carros elétricos e autônomos. A indústria tradicional levará um tempo para competir de forma equivalente, ao menos em aspectos técnicos, especificamente no que tange a autonomia e eficiência das baterias e dos motores elétricos. No entanto, é preciso pensar no longo prazo e entender que, no futuro, essa competição será menos desleal e que poderá afetar o crescimento e sua hegemonia na comercialização de carros elétricos.
Por fim, cabe a você, leitor, analisar e colocar na balança os pontos apresentados sobre a companhia. A Tesla agrupa o que existe de mais novo no mercado quanto a tecnologia e eficiência de carros elétricos economicamente viáveis, ao menos no médio prazo. Você acredita que as suas atividades podem continuar a apresentar bons resultados como os vistos recentemente?
Escrito por: Lucas Guarnieri