Gabriel Massena
Lindíssima disse tudo
3 min readApr 30, 2018

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Conselho de Che continua atual

“No se puede confiar en el imperialismo, ni tantito así… Nada!”. Essa famosa frase do comandante Che Guevara proferida na ONU segue viva para muitos até hoje. O ataque dos EUA contra a Síria foi noticiado pela imprensa tradicional de forma neutra ou positiva numa tentativa de fazer com que a opinião pública receba com mais naturalidade o ato. EUA, Inglaterra e França e a imprensa alinhada com seus interesses afirmam que o que ocorreu foi devido ao presidente sírio Bashar Al Assad não respeitar os direitos humanos e usar armas químicas contra seu povo, o que ele nega veementemente.

Acredito que dificilmente a população aceitará a justificativa (já utilizada antes) de armas químicas. Há atualmente também uma grande desconfiança em relação a essas potências, inclusive por suas próprias populações.

No Reino Unido, 40% dos cidadãos são contra os ataques à Síria enquanto 36% apoiam, de acordo com a empresa de pesquisas Survation. 54% dos entrevistados disseram que a primeira-ministra Theresa May deveria ter realizado um debate parlamentar e votado antes de intervir militarmente na Síria, enquanto 30 por cento dos entrevistados disseram que não era necessário.

Na França, o jornal Le Figaro fez uma consulta perguntando se os leitores eram favoráveis ao ataque ao país de Assad depois das suspeitas de armas químicas. 91714 eleitores participaram e 69% mostraram ser contra a medida, enquanto apenas 31% foram favoráveis.

Difícil confiar no discurso de que os governos desses países se importam minimamente com questões humanitárias, sobretudo o dos EUA. Nos últimos 100 anos, o governo dos EUA protagonizou grande parte dos abusos mais brutais contra os direitos humanos. Implementaram e/ou apoiaram todos os governos despóticos das Américas, sem exceção, incluindo as mais cruéis ditaduras militares, através da Operação Condor. Até hoje atuam para desestabilizar governos e asfixiar economias de outros países. Foram eles os primeiros e únicos a usarem armas nucleares contra civis inocentes. São responsáveis diretos por centenas de milhares de mortes.

Também podemos falar dos massacres de muitas pessoas, incluindo crianças, idosos e mulheres, algo que chamam de “efeitos colaterais”. Além disso, praticam atos de tortura, desaparecimentos e sequestros em vários países, inclusive mantendo Guantánamo. Nem os próprios habitantes são poupados: cidadãos afro-americanos, hispânicos, migrantes e minorias sofrem cotidianamente violações de direitos humanos. Erros judiciais provocam diversas mortes de inocentes no bárbaro sistema penal que possuem. Todos os anos também morrem milhares de estudantes por armas de fogo, cujo as vidas foram sacrificadas em nome do absurdo lobby das indústrias de armas.

Bom lembrar também do tráfico de dados privados de centenas de milhões cidadãos estadunidenses e do resto do planeta. Isso sem falar na vergonha miséria e descaso com a saúde da população em um país extremamente rico. Estamos falando de uma nação com máfias políticas fortíssimas, sobretudo em Miami. Centro de muita lavagem de dinheiro, inclusive do narcotráfico e do contrabando de armas. Um país com um sistema eleitoral e político corrupto por natureza, sustentado nas contribuições financeiras das grandes corporações ávidas por lucros cada vez maiores. Graças a isso, o governo dos EUA também impõe um feroz protecionismo contra países pobres, espalhando miséria e desemprego e negam as mudanças climáticas para não contrariar interesses do capital. Infelizmente nada disso é tratado no espaço público com a seriedade que deveria, mas é compreensível, visto que este se desenvolveu através da troca de informações e mercadorias entre comerciantes na sociedade capitalista.

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