Kim Jong-Un vs Donald Trump: a batalha dos botões

Nerito Caldeira
Lindíssima disse tudo
3 min readApr 29, 2018

“Ano novo, novo eu”, diz a massa enquanto fogos de artifício explodem pelos ares e uma multidão de roupas brancas pula na beira do mar, brinda com os amigos ou celebra as novas possibilidades em cerimônias espirituais diversas. Cada indivíduo com suas comemorações, crenças e desejos de prosperidade, paz e amor.

Porém, para Kim Jong-Un, os fogos são armamentos bélicos, a multidão veste farda, o brinde vira discurso e a cerimônia é transmitida em rede televisiva nacional e internacional. O ano mudou, mas ele não, pois continua afrontando as demais potências econômicas e militares com uma coragem de fazer inveja aos heróis da Marvel e DC.

Representação gráfica do Twitter durante a transmissão.

Kim, que alega não ter medo de nada, ofuscou as correntes de final de ano que recebemos dos parentes nas redes sociais e as fotos de pessoas de roupa branca com legendas positivas para lançar a sua marca na história da sociedade digital: o botão de acionamento nuclear.

Cobertura ao vivo do discurso de Kim. “Líder da Coreia do Norte diz ter um botão de lançamento de bombas nucleares em sua mesa”, em tradução livre.

Seguindo sua tradição de realizar um discurso televisionado durante a virada de ano, Kim deu continuidade às declarações do ano anterior, confirmando a aceleração no programa de produção de armas nucleares do país, apesar das ameaças e sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017.

Kim Jong-Un durante aparição em telejornal norte-coreano.

“Não é um blefe, todo o território continental dos Estados Unidos está ao alcance de minhas armas. Existe um botão em minha mesa para a liberação do ataque”, disse o líder, em resposta às ameaças dos EUA caso o país não desista de produzir armas nucleares.

O discurso certamente atraiu a atenção dos principais portais jornalísticos ocidentais e orientais, tendo em vista que Kim cumpriu tudo o que prometeu no ano anterior. Se a carreira política acabar, o líder norte-coreano pode ter uma carreira de coach de vida bem sucedida.

Segundo informações do governo do país, foram realizados 15 testes com armas nucleares de médio e curto alcance, apenas no ano passado. E esta marca deve ser superada em 2018, pois Dilma fez escola e ensinou Kim a dobrar a meta.

Em um ato de solidariedade, Donald Trump recusou-se a deixar seu estimado inimigo passar vergonha sozinho, entrou na brincadeira também com o seguinte tweet:

“Eu também tenho um Botão Nuclear, mas o meu é muito maior e mais poderoso que o dele, e o meu Botão funciona!”, em tradução livre.

Jürgen Habermas e Eugênio Bucci defendem a ausência da necessidade de locais físicos para o funcionamento da esfera pública, explicando-o através da troca de dados e informações entre comerciantes no mercado capitalista.

Aqui, trocamos os meros comerciantes por governantes, polarizadores da esfera pública. Seus posicionamentos repercutiram em diferentes espaços da sociedade, gerando opiniões em cima de suas opiniões e alguns escárnios.

Trump e o seu “botão de pedir refrigerante”.

De acordo com fotos e declarações de pessoas que já estiveram perto de Trump na casa branca, realmente existe um botão em sua mesa, porém, sua função é prejudicial apenas para o próprio presidente: ele serve para pedir refrigerante. “Eu tenho um botão grande em minha mesa e ele FUNCIONA”, relembrando as palavras de Trump no Twitter, percebe-se que o mesmo estava falando do botão exibido no tweet acima.

Mesmo o presidente dos Estados Unidos desmascarado, não existem informações suficientes para descartar a existência do botão lá na Coreia do Norte. Esta guerra de egos, que parece ter sido retirada de alguma fanfic de Harry Potter, mostra que títulos, cargos e influência política não significam que você superou as birras da adolescência, ou passará impune pelo Twitter.

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