LGBTQ na indústria fonográfica: liberdade de expressão e a censura.

Werner Neto
Lindíssima disse tudo
2 min readJun 5, 2018

Sendo liberdade de expressão um direito assegurado pelo nosso Estado, onde qualquer cidadão pode se manifestar sobre qualquer coisa, seja via fala, escrita ou artisticamente, esse conceito demorou bastante a chegar à classe LGBTQ e parece que seus embargos reverberam até hoje.

Ao olhar para o mundo da música, Pabllo Vittar não é logicamente a primeira LGBTQ a adentrar o mercado fonográfico mainstream, já tivemos uma grande leva de outras pessoas que abriram caminho para a nova geração que chega, exemplos como Maria Gadu, Ana Carolina e até Freddie Mercury (que os conservadores amam usar como exemplo pra deslegitimar a fala dos LGBTQ+) estão aí para provar o contrário. Mesmo com a existência desses e de outros, se perpetuou durante muito tempo um apagamento da figura LGBTQ no cenário musical, onde foram banalizados, fetichizados ou obrigados a esconder sua sexualidade para ascender no mercado.

A clara diferença entre essa e a nova geração de LGBTQ é a forte presença de um discurso ativista possibilitado pelo presente momento histórico e social, onde se coloca o dedo na cara e aponta os erros que foram e que são ainda são cometidos. Outra diferença é a visibilidade que os novos artistas têm ainda carregando seu discurso e por conta disso, sofrem com a censura das classes conservadoras. No ano de 2017, o YouTube protagonizou um caso de censura ao conteúdo LGBTQ em seu site, onde criou-se um filtro que detectava e escondia tais vídeos para usuários menores de idade, artistas como Anitta, Pabllo Vittar e Lady Gaga foram afetados.

Trazendo essa realidade ainda mais para o Brasil, existe uma clara ascensão do cenário fonográfico Drag, nomes como Lia Clark, Gloria Groove e Pabllo Vittar estão quebrando a barreira no mercado e se firmando enquanto artistas. Ao tempo que seu sucesso cresce, cresce também uma onda conservadora que tenta atacar de qualquer forma, a fim de deslegitimar seus discursos, como o próprio YouTube ao censurar um dos clipes de Lia Clark para maiores de 18 anos quando ele estava entre os vídeos mais vistos do mundo, bem como o canal de Pabllo Vittar, onde invasores apagaram seus clipes e colocaram uma foto de Bolsonaro no lugar da sua.

O poder da liberdade de expressão não deve parar quando a censura bate na porta, ainda devemos nos sentir livres para falar, ouvir e nos expressar de qualquer forma, a troca de experiência deve ser a prioridade, censura é apenas um artifício barato para pessoas que não conseguem respeitar opiniões adversas às suas.

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